Se formos buscar nos Evangelhos algumas réguas para
aferir os valores segundo os quais nos devemos conduzir, veremos que a régua da
caridade, do zelo pelos mais necessitados, serve como medida do amor a Deus.
Nenhum cristão negará essa realidade ao mesmo tempo material e espiritual. No
entanto, o pobre dos Evangelhos é, principalmente, o carente de Deus. E é
também, entre muitos outros aspectos, o materialmente pobre, o necessitado de
afeto, de justiça, de liberdade, de oportunidade. Desconhecer isto é uma
primeira e muito comum perversão do sentido evangélico da palavra
"pobre" e da situação da pessoa humana a ela correspondente.
Infelizmente, muitos alegam encontrar, nos Evangelhos,
inspiração para uma visão sociopolítica do pobre. O pobre das Escrituras, nessa
hipótese, não seria uma pessoa concreta, mas uma classe social. Mais um passo,
e ele muda de nome, tornando-se o "excluído" da teologia da
libertação. É fácil perceber onde se quer chegar com a substituição do vocábulo
por um suposto sinônimo. Dizer-se "excluído" implica a ideia
simétrica do "incluído", ou seja, de alguém que ocupou determinado
espaço e rejeita a presença do outro. É o que sugere Lula, por exemplo, cada
vez que coloca um suposto pobre num suposto avião e diz que os demais
passageiros, supostamente, não o querem ali. Não há limite para a demagogia do
multimilionário Lula. E não há limite para a malícia sociopolítica,
supostamente religiosa, da teologia da libertação. Esta é uma segunda perversão
envolvendo o mesmo conceito.
Uma terceira corresponde ao culto à pobreza material como
um bem em si. Nessa perspectiva, muito comum, tudo se passa como se o empenho
individual ou coletivo para sair de uma situação de carência material em
direção a uma vida com maior dignidade e bem-estar fosse desvio de finalidade
da existência humana e não um bem a ser buscado. Afirmo, aqui, o oposto: o ser
humano não foi criado com tantos dons físicos, espirituais e intelectuais para
se nutrir num pomar e se vestir com folhas de parreira.
Uma quarta perversão - e talvez a socialmente mais
maléfica - é a que procura enfrentar a pobreza mediante políticas e sistemas
econômicos que a conservam, reproduzem e aprofundam. Refiro-me ao igualitarismo
percebido como ideal de vida social, cujos péssimos resultados se tornam
nítidos nas experiências comunistas. Em nome da igualdade, mata-se a riqueza na
sua fonte. Solapa-se a iniciativa dos indivíduos e das comunidades. Cerceia-se
a liberdade de criação, condena-se o mérito e planeja-se a mediocridade. Se a
igualdade é o objetivo, a pobreza de todos não perturba os adeptos dessa
estranha ideologia que se diz protetora e defensora dos pobres.
A sociedade contemporânea já demonstrou, com excesso de
evidências, que o modo mais eficiente de promover o desenvolvimento social, sem
prejuízo da caridade, da solidariedade e do amor cristão ao próximo, exige:
zelosa formação de recursos humanos, através da educação; inserção dos
indivíduos de modo eficiente na vida social, política e econômica; segurança
jurídica e atividades produtivas desempenhadas em economia livre, de empresa.
Só são contra isso os que têm mais ódio ao materialmente rico do que amor ao
materialmente pobre. Cegos pela ideologia, semeiam o que dizem combater:
pobreza material e crescentes desníveis sociais.
* Percival Puggina (70), membro da Academia Rio-Grandense
de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site
www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no
país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e
Pombas e Gaviões, integrante do grupo Pensar+.
8 comentários:
Excelente texto,sr.Puggina. Expressa com clareza as contradições dessa ideologia maléfica que assola o país,travestida de "caridade cristã".
A sociedade contemporânea já demonstrou, com excesso de evidências, que o modo mais eficiente de promover o desenvolvimento social, sem prejuízo da caridade, da solidariedade e do amor cristão ao próximo, exige: zelosa formação de recursos humanos, através da educação; inserção dos indivíduos de modo eficiente na vida social, política e econômica; segurança jurídica e atividades produtivas desempenhadas em economia livre, de empresa. Só são contra isso os que têm mais ódio ao materialmente rico do que amor ao materialmente pobre. Cegos pela ideologia, semeiam o que dizem combater: pobreza material e crescentes desníveis sociais.
Voce apenas esqueceu de dizer isto a eles ou seja aqueles que mantem o capital as vinte familias mais ricas do Brasil que retem todo o capital e a sociedade não mostrou tudo do que e capaz aguarde e vera como se dara a redistribuiçao de renda neste pais por falar nisto como anda a reforma agraria.
Excelente artigo.
Para mais fundamentos sobre o tema da "igualdade", sugiro o seguinte artigo:
http://www.montfort.org.br/desigualdade-igualdade-consideracoes-sobre-um-mito/
Não é o que o Papa pensa. Focou encantado com o regalo ofertado pelo marxista Evo Morales e pelo seu governo. O que queria dizer Jesus só ele mesmo sabe mas não disse para ninguém (era analfabeto). Ou, pelo contrário, todos alegam saber o que ele queria dizer e não se entendem.
Por que o Puggina se desfiliou do PP?
PP é um partido tão legal.
O Puggina saiu do PP ou foi expulso?
OS DONOS DA POBREZA
SE DIZEM OS TAIS, LULA,STEDILE OS PADRES PETRALHAS E AGORA O ARGENTINO.ENTÃO SE TERMINAREM COM OS POBRES, SE OS POBRES FICAREM RICOS, ELES, OS ARAUTOS DA GERENCIA DA POBREZA FICARÃO SEM SERVIÇO.
JÁ HÁ MAIS DE 40 ANOS PERCEBI NA IGREJA CATÓLICA UMA LOUVAÇÃO AOS POBRES, COMO SE POBREZA FOSSE VIRTUDE;HÁ POUCO TEMPO O ARGENTINO QUE ESTA NO VATICANO LASCOU UMA FRASE ANTIGA QUE DIZIAM SER DE AGOSTINHO:
O DINHEIRO É O ESTERCO DO DIABO
NUNCA VI TAMANHA BESTEIRA
A IGREJA CATÓLICA E OS DA TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO ,TAMBÉM OS PETRALHAS, OS BOLIVARIANOS SÃO ELEMENTOS QUE QUEREM CONSERVAR OS POBRES POBRES.DO CONTRARIO FICAM SEM SERVENTIA.
SUA MISSÃO É MANTER E AUMENTAR A POBREZA , SÃO VAMPIROS DOS POBRES QUE VÃO CADA VEZ MAIS SUGANDO O SANGUE E DEBILITANDO AS VÍTIMAS ENGANADAS.
O CARA DO VATICANO,O ARGENTINO, DEVERIA DIZER A AUTORIA,DAR CREDITO, DA BESTEIRA QUE DISSE,MAS COMO TODO BOM ARGENTINO(MARADONA FAZ GOL DE MÃO)SURRUPIOU E SE FEZ DE DONO DO QUE NÃO INVENTOU E NÃO LHE PERTENCE.
EIS OS PETRALHAS,SUA ESSENCIA, O DNA CAPETÓLICO.
Aos anônimos das 16:24 e 17:56 "Excelentes comentários. Extremamente pertinentes ao texto". São contribuições de pessoas assim que o país necessita.
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