SETOR DE BIODIESEL DEPENDE DE NOVO MARCO REGULATÓRIO PARA CRESCER NO BRASIL

Os jornalistas Daniel Fraiha e Luigi Mazza, do site Petronotícias, entrevistam a seguir o presidente da Associação dos Produtores de Biodiesel do Brasil (Aprobio), Erasmo Battistella, para quem o mercado brasileiro de biodiesel ainda é pouco competitivo e por isto tem muito a crescer.

Leia a entrevista completa:

Competitividade e políticas de regulação. São essas as duas principais demandas do mercado brasileiro de biodiesel, que, apesar do crescimento no consumo e na produção ao longo dos últimos anos, enfrenta ainda dificuldades para se estabilizar no país. Com enorme potencial para o desenvolvimento de combustíveis renováveis, o Brasil carece ainda de investimentos e políticas voltadas para o incentivo à indústria. Nesse cenário, a criação de um marco regulatório é uma necessidade urgente, afirma o presidente da Associação dos Produtores de Biodiesel do Brasil (Aprobio), Erasmo Battistella, para quem o mercado brasileiro ainda é pouco competitivo. Um maior estímulo do governo ao setor pode garantir demandas a médio e longo prazo, o que permitiria investimentos de maior porte para o desenvolvimento dessa produção. “Teremos 0% de exportação este ano. Não vamos exportar porque não temos competitividade. Falta deixar nossa produção competitiva, com uma política industrial”, explica Battistella, que aponta também para os benefícios econômicos e sociais gerados com a ampliação do mercado de biodiesel no país.

Como tem sido as reuniões com o governo para ampliar o uso do biodiesel no Brasil?
Com a entrada do atual governo, nós retomamos a conversa com os novos ministros em duas frentes. Na primeira, concluímos um estudo muito importante sobre o impacto do biodiesel na saúde pública. Na outra, estamos alinhados com a frente parlamentar para solicitar que o governo encaminhe uma nova medida provisória, implantando o biodiesel metropolitano (B20) em cidades com mais de 500 mil habitantes.

Quais seriam as medidas mais importantes a serem tomadas para impulsionar o setor?
Nós temos a expectativa de implantar o B10 até 2018, e trabalhamos também no uso do biodiesel na agricultura, porque em várias partes do Brasil ele sai mais barato que o diesel. Precisamos manter o mercado aquecido e impulsionar a produção. Mesmo com o crescimento recente, muitas fábricas fecharam as portas, e outras vão fechar se não tomarmos essas medidas. No momento, precisamos disso com urgência.

Como está o momento do segmento no Brasil e qual a previsão de crescimento para este ano?
O consumo de combustível no Brasil deve cair 3,4% neste ano. Mas mesmo com o mercado de diesel recuando, o biodiesel vai fechar o ano com o seu maior consumo, chegando a 4,2 bilhões de litros produzidos e consumidos.

Quais são as maiores oportunidades em vista para fomentar a produção de biodiesel nacional?
O governo precisa emplacar o novo marco regulatório, que pode impulsionar o mercado. Com isso, nós vamos ter uma demanda de médio prazo. Consequentemente, o setor vai poder investir em toda a cadeia, começando pela matéria-prima, passando pelo processamento e chegando ao biodiesel. O marco é o que precisamos nesse momento para continuar.

Qual a expectativa de exportação para este ano? Quais os principais compradores do Brasil?
Teremos 0% de exportação. Não vamos exportar porque não temos competitividade. O nosso maior comprador seria a União Europeia. Falta deixar nossa produção competitiva, com uma política industrial. Precisamos que se crie uma política clara para que o país possa processar mais soja e vender seus subprodutos.

Quais são maiores impactos do biodiesel na economia brasileira?
O impacto econômico é grande, porque o biodiesel gera emprego, diminui importação e ajuda a balança comercial. Mas temos também impacto social, porque compramos muita matéria-prima da agricultura familiar, aumentando a renda do pequeno produtor. Além disso, o biodiesel favorece a saúde pública, reduzindo o número de internações e mortes no país, porque polui menos o ar e influencia na redução de doenças respiratórias.

E quais os maiores desafios do setor?

O maior desafio é ter um marco regulatório de médio e longo prazo. Estamos falando de energia e combustível, áreas que precisam de investimento todos os anos na cadeia. É necessário que tenhamos previsibilidade no setor ao longo dos próximos anos, dando segurança para que os investimentos continuem. 

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