"A cocaína destruiu meu lar", contou o ex-jogador para a revista Istoé. Conheça melhor o deputado Jardel, PSD.

A entrevista a seguir foi concedida pelo deputado Mário jardel Almeida Ribeiro, protagonista de maior escândalo do momento na Assembléia do RS (leia notas abaixo). Na crítica que fez ao colega de Partido, ontem, outro ex-jogador, Danrlei de Deus, disse que Jardel ainda não conseguiu se livrar de todos os problemas antigos e por isto saiu atirando nos companheiros e no Partido.

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"A cocaína destruiu o meu lar"
Um dos maiores artilheiros da história do futebol europeu, o brasileiro Jardel conta como superou o vício em álcool e drogas

Por Rodrigo Cardoso

Passado "Certa vez, fiquei oito dias acordado depois de uma farra com mulheres, bebidas, cocaína. Todo dia era uma mulher diferente", conta ele
Este ano, o jornal A Bola, tradicional diário esportivo de Portugal, quis saber da imprensa especializada e dos leitores quem foi o melhor estrangeiro de todos os tempos a pisar nos campos lusos. O vencedor foi o centroavante Mário Jardel Almeida Ribeiro, o brasileiro Jardel, conhecido lá como Super Mário. Não pela estatura (1,88 metro), mas por ter anotado 186 gols em 186 jogos naquele país. Jardel despontou para o futebol no Vasco da Gama, conquistou títulos no Grêmio e fez fama em Portugal, no Porto e no Sporting, principalmente. Lá, ganhou cinco troféus Bola de Prata de maior artilheiro do campeonato português e duas Chuteiras de Ouro (maior artilheiro da Europa). Era um fenômeno dentro da área, especialista em gols de cabeça. A Copa do Mundo parecia ser um caminho natural, mas ele foi preterido por Felipão, em 2002, quando o Brasil conquistou o penta. Ele, que na época já não conseguia vencer a dependência de álcool e cocaína, afundou de vez.

Terminou o casamento, se afastou dos filhos e passava noites em claro cercado de mulheres, bebida e drogas. Hoje, aos 35 anos, deitado em uma rede na sua casa em Fortaleza, Jardel contou à ISTOÉ por que se considera recuperado do vício há cerca de um ano e meio. Como Ronaldo, que acaba de conquistar um título no retorno ao futebol brasileiro, procura um clube que lhe dê a chance de se superar dentro de campo - como fez na vida pessoal.

ISTOÉ - A história de superação do Ronaldo tem semelhança com a sua perseverança para continuar jogando depois de se livrar da dependência de cocaína?
Jardel - Sim, no sentido que, se a gente tiver fé e for atrás, vence qualquer adversário. Estou feliz por Ronaldo ter voltado a jogar e, principalmente, estar se sentindo bem nessa nova fase. É exatamente o que está acontecendo comigo. Os altos e baixos são comuns, principalmente na carreira de um jogador. Comigo, a tristeza e a depressão fizeram com que eu me deixasse levar por gente com energia negativa. E acabei fazendo coisas que não deveria. Mas o mais importante é perceber o que você fez de errado e demonstrar que pode dar a volta por cima. Por isso, o Ronaldo está de parabéns e estou feliz por ele.

ISTOÉ - O que você procurava no álcool e na cocaína?
Jardel - Eu me tornava um cara confiante. Fico pensando por quê. Mas não sei, não sabia... Por que eu fiz isso? Por que buscava isso? Eu sentia um vazio. E algumas amizades o levam para o mau caminho. Também, depois de dez, 12 anos jogando futebol no auge, como titular, não aceitava ficar no banco. Aí, ficava chateado e usava drogas e bebia. E depois que passava o efeito delas, batia aquela angústia, solidão, tristeza, tudo junto. E consumia mais para sair desse estado. E continuava e continuava. Era uma bola de neve.

ISTOÉ - Quando você experimentou cocaína pela primeira vez?
Jardel - Foi em 1999. Eu jogava no Futebol Clube do Porto, de Portugal, mas experimentei por curiosidade em uma festa no Brasil. A cocaína destruiu o meu lar, a minha família. A rotina em casa passou a ser de brigas.

Ficava alterado, não cumpria as obrigações como pai. Meus filhos (Jardel Filho, 12 anos, e Victoria, 10, do casamento com a ex-mulher Karen Ribeiro Matzenbacher) sentiam falta do pai. Eu errei com eles. Meus filhos ficaram sabendo no colégio que as pessoas falavam que o pai deles era drogado. Às vezes, eu acordava bom e pensava: "O que estou fazendo na minha vida?" Eu tinha consciência de que eu saía dos trilhos, saía com outras mulheres. Hoje, não tenho muito contato com a Karen.

ISTOÉ - E seus filhos com a Karen, você mantém contato?
Jardel - Eles moram em Portugal com ela. Logo, logo vou para lá, vou vê-los. Não os vejo há oito meses e estou com saudades. Falamos por telefone, dizem que sentem saudade, eu pergunto como andam no colégio. Enfim, conversa de pai babão. Acabei de ser pai novamente (com a atual mulher, Tatiana Bezerra, 23 anos). A Tainá tem dois meses. A gente tem babá, mas, às vezes, ajudo também.

ISTOÉ - Você já consumiu drogas antes de alguma partida?
Jardel - Nunca usei cocaína em competição. Nunca! Nunca joguei dopado por ter cheirado. Nunca! Sempre consumia nas férias, para curtir, em Fortaleza.

ISTOÉ - Você fez terapia?
Jardel - Passei por um psiquiatra. Durante um mês eu conversei com o médico. Tirava algumas dúvidas sobre o porquê de acontecer isso comigo, mas quem ajuda mesmo é a própria pessoa. Não tem esse negócio de ajuda de clínica ou de médico. É a pessoa que tem de bater o pé e pronto.

ISTOÉ - O Adriano, ex-jogador da Inter, de Milão, recusou um tratamento psicológico. Ele largou o futebol na Itália para ficar mais perto da favela onde nasceu, no Rio de Janeiro. Como vê essa decisão dele?
Jardel - Só o Adriano deve saber o que estava sentindo quando tomou a decisão. Foi carência de alguma coisa. Vejo como uma fuga.
  
"Eu sou tipo bananeira, parado dentro da área. Dentro dela eu sou melhor do que o Ronaldo. Não tenho dúvida nenhuma, não!"
ISTOÉ - A atitude mais correta é parar e colocar a cabeça em ordem?
Jardel - Treinar e ir para o jogo é também uma terapia. Procurar um terapeuta ou não, depende de como a pessoa acha que pode resolver o seu problema fora do campo. Estou torcendo para que o Adriano dê a volta por cima, faça como o Ronaldo.

ISTOÉ - Alguém da sua família teve histórico de consumo de álcool ou alguma outra droga?
Jardel - A bebida era um mal de família. Meu pai e minha mãe bebiam.

ISTOÉ - Seu corpo dava sinais de que você deveria parar de vez?
Jardel - Claro! Quando acordava mal, com depressão, era meu organismo que estava destruído. Eu pedi muito a Deus para ele me dar forças, luz, para eu conseguir reagir. Pegava a Bíblia, ajoelhava, orava e chorava. Não virei evangélico. Vou à igreja uma vez ou outra. Tenho minha fé pessoal.

ISTOÉ - Como adquiria a cocaína?
Jardel - Tinha gente que levava até mim. O cara tinha o meu telefone, eu tinha um ou dois dele. Em Portugal, eu consumia em casa noturna.

ISTOÉ - Gastou muito com farra?
Jardel - Sim. Com festas, noite, mulheres. Cheguei a gastar R$ 2 mil por noite. Com drogas, não, porque ou usava pouco ou me davam.

ISTOÉ - Qual foi sua maior extravagância?
Jardel - Certa vez, fiquei oito dias acordado depois de uma farra com mulheres, bebidas, cocaína, em Fortaleza. Já estava separado e, nessa época, todo dia era uma mulher diferente.

ISTOÉ - Há quanto tempo você se considera um ex-viciado em cocaína?
Jardel - Há mais ou menos um ano e meio decidi que não queria mais. Foi força de vontade. Fui me afastando dos diabinhos na minha vida.

ISTOÉ - O Casagrande internou-se para tratar do vício em drogas e está voltando a ser comentarista esportivo.
Jardel - Não dá para pensar que se livra facilmente da cocaína. É uma luta diária, que não acaba nunca. Eu conheço o Casagrande. Ele é uma boa pessoa.

ISTOÉ - A tentação ainda o cerca?
Jardel - Sim. O diabo manda seus mensageiros para me atiçar. Você tem de ser forte. Ainda tem gente que aparece e diz: "Quer um pozinho? Dar uma cheiradinha?" Já solto logo um palavrão, o bicho pega para quem se atreve. E só bebo socialmente.

ISTOÉ - Em 2002, você tinha muita chance de ser convocado para a Copa do Mundo. Não ter sido o deixou mais deprimido?
Jardel - Eu fiquei péssimo, péssimo por não ter sido convocado pelo Felipão para a Copa de 2002. Mesmo assim, torci por ele e pelo Brasil.

ISTOÉ - Mas esse fato contribuiu para o seu vício? Jardel - Sim, com certeza contribuiu. Porque fiquei mais deprimido, triste.

ISTOÉ - Como nasceu essa depressão?
Jardel - Foi um pacote de coisas ruins. O meu processo de separação, a minha não convocação para a Copa e o fato de eu jogar pouco no Bolton (time inglês que ele defendeu em 2003).

ISTOÉ - Há vaga para o Ronaldo na Seleção?
Jardel - Tenho quase certeza de que o Ronaldo vai para a Copa no ano que vem. Eu era reserva dele. Por isso não jogava: ele era o fenômeno.

ISTOÉ - Quem é melhor: você ou ele?
Jardel - Eu sou tipo bananeira, paradinho dentro da área. Dentro dela eu sou melhor do que o Ronaldo. Não tenho dúvida nenhuma, não!

ISTOÉ - Se, hoje, você estivesse jogando como na época da Copa de 2002, você teria vaga na Seleção do Dunga?
Jardel - Sem dúvida nenhuma, sim!

ISTOÉ - Por que o Felipão não o convocou?
Jardel - Não sei. Nunca perguntei a ele. Acho que seria antiético da minha parte. Mas falta de gol não foi.

ISTOÉ - Você guarda mágoa dele?
Jardel - Não. As pessoas fazem opções na vida. Apesar de eu ficar de fora sendo o artilheiro da Europa, torci por ele. E o Felipão mereceu.

ISTOÉ - Você vai jogar no Olaria, da segunda divisão do Rio de Janeiro?
Jardel - Um dirigente me procurou. Um grupo de empresários comprou o clube e ficamos de conversar. Fiquei péssimo, péssimo por não ter sido convocado pelo Felipão para a Copa do Mundo de 2002. Isso contribuiu (para o vício em drogas)"
ISTOÉ - O mal dos atacante brasileiros, hoje, parece ser o peso. Você tem feito algum tipo de preparação física?
Jardel - O Jardel aqui está comendo buchada, essas coisas bem leves, sabe? Estou em forma... de bola! Estou brincando: tô no peso. Tenho treinado, estou jogando bola no meu campo quase todos os dias. Perdi sete quilos, estou com 88 quilos. Não estou 100% fisicamente, mas...

ISTOÉ - Não precisa correr muito para fazer gol. Veja o Romário.
Jardel - Preciso correr não, cara! Resolvo dentro da área! Dentro dela, sou um matador, um leão. Fora da área, sou um gatinho.

ISTOÉ - Está perto da aposentadoria?

Jardel - Penso em jogar mais dois ou três anos e depois talvez fazer um curso para treinador ou empresário. Não tenho histórico de lesões. Preciso que o treinador confie em mim e me coloque para jogar.

4 comentários:

Anônimo disse...

A cocaína não foi andando até a casa dele para destruir o lar.

Anônimo disse...

PIOR PRA POLÍTICOS AINDA ESTA REPORTAGEM:

DÁ A ENTENDER QUE ESTRE A DUAS DROGAS, PREFERIU FICAR COM A DE USO PESSOAL.

ASSIM O PREJUÍZO SERIA SEU, AO CONTRÁRIO ESTARIA PREJUDICANDO MUITA GENTE.

Anônimo disse...

Lamento muito, mas e eu com isto, agora vem para mamar nas tetas do governo e fazer fiasco, ora bolas !

Anônimo disse...

FOI ELE QUEM DESTRUIU SEU LAR QUANDO METEU O NARIZ ONDE NÃO DEVERIA.

SE ELE TIVESSE DITO NÃO AO PRIMEIRO TRAFICANTE QUE LHE OFERECEU DROGA, NADA TERIA ACONTECIDO.

MAS ELE É UM FRACO, ALÉM DE IGNORANTE.

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