A pergunta dirigida pelo rei Juan Carlos da Espanha a
Hugo Chávez me vem à mente a propósito do falatório e dos espetáculos
midiáticos de delegados, promotores e juízes. Esses operadores da Justiça vêm
fazendo inestimável trabalho no sentido de endireitar os desvios de nossa pobre
República. Com a caída no descrédito público do Executivo e do Legislativo, o
terceiro poder tem-se afirmado e ganhado força e credibilidade inéditas em
nossa história.
Mas tal predicamento, também chamado de judicialização da
política, só se sustentará se os operadores da Justiça mantiverem postura
profissional e resistirem à tentação dos holofotes e de incursões na política,
se eles se contiverem nas manifestações dentro dos autos, observando estrita
adesão às regras que presidem a investigação, o processo e o julgamento.
A não ser assim, o messianismo, a atração do espetáculo e
a fala política serão um tiro no pé, comprometerão o trabalho, levarão à perda
de credibilidade e darão alento aos acusados, aos réus e a seus advogados. Tudo
se pode perder se for fornecida aos interessados na impunidade munição para
neutralizar os esforços em favor da democratização da Justiça, como se
verificou na Itália. Por que não se calam?
Milita também contra a credibilidade do Judiciário seu
corporativismo, hoje manifestado na demanda por aumento de vencimentos. A
aprovação desse aumento, como se sabe, produzirá efeito cascata que sangrará o
Tesouro em milhões de reais. Nossos juízes têm os mais altos salários da
República, correspondentes a mais de 40 salários mínimos.
Pressionar Executivo e Congresso no sentido de aprovar o
aumento revela falta de sensibilidade social, desrespeito aos 12 milhões de
desempregados, aos funcionários com vencimentos atrasados, a todas as vítimas
da crise econômica. Se aprovado o aumento, perderá o Judiciário em
respeitabilidade, perderá a República, perderá o Brasil. Por que não pensam
nisso?
Um comentário:
Engana-se o comentarista.
Foi graças a esses esclarecimentos públicos que o povo tomou conhecimento das falcatruas e foi às ruas. Note-se que esses agentes têm credibilidade, não são políticos em véspera de eleição, quando dizem qualquer mentira.
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