Ao deixar a presidência do conselho de administração da
Petrobras, em março de 2010, ao mesmo tempo em que deixava a chefia da Casa
Civil do governo Lula para candidatar-se à Presidência da República, Dilma
Rousseff declarou-se “muito feliz” pelo desempenho da empresa nos sete anos em
que ocupou o cargo. “É um orgulho passar pelo conselho da Petrobras e ainda
mais presidi-lo. Você tem uma nova visão de Brasil, vê a riqueza do Brasil”,
disse ela, segundo registrou o jornal O Globo (19/3/2010). Hoje a própria Dilma
deve saber quanto viu tudo errado. Sua “nova visão de Brasil” falhou em não
alcançar o caso dos navios-sonda Petrobras 10 000 e Vitória 10 000. Sua visão
da riqueza do Brasil falhou em identificar a direção dos bolsos a que tanta
pujança escoava.
O caso dos navios-sonda está detalhado na denúncia do
procurador Rodrigo Janot contra o deputado Eduardo Cunha. Somados, os dois
navios custaram 1,2 bilhão de dólares ─ quantia equivalente à da compra da
Refinaria de Pasadena ─ e resultaram igualmente inúteis. É uma injustiça que,
até agora, o Petrobras 10 000 e o Vitória 10 000 tenham merecido menos atenção
do que a refinaria. Da operação resultaram 40 milhões de dólares em propinas,
distribuídas, segundo a denúncia, entre o diretor da área internacional da
Petrobras, Nestor Cerveró, o “lobista” Fernando Soares, vulgo Fernando Baiano,
e o PMDB, representado por Eduardo Cunha.
Detalhes saborosos embasam a denúncia. Os dois navios
foram contratados separadamente. A história do primeiro deles, o Petrobras 10
000, começa no primeiro semestre de 2005, e não começa dentro da estatal, com o
anúncio da decisão de fazer o negócio e os preparativos para a respectiva
concorrência, como seria de esperar. Começa quando a empresa japonesa Mitsui
toma conhecimento de rumores de que a Petrobras precisava de um navio para
prospectar na costa da África. A Mitsui contata seu representante no Brasil,
Júlio Camargo, que por sua vez recorre a Fernando Baiano, conhecido por sua
“íntima amizade” (assim diz a denúncia) com o diretor Cerveró, para saber se os
rumores procedem.
Feliz casualidade! A Petrobras estava, sim, justamente
pensando em comprar um navio, para operar na África. Seguem-se meses de
entendimentos entre Camargo, Cerveró e Baiano, com o objetivo de driblar a
licitação e entregar a construção do navio à coreana Samsung, parceira da
Mitsui. Sucesso! Não se enfrentou nem o incômodo de submeter os trâmites com
antecedência à diretoria. Nem a diretoria se incomodou em receber tudo já mastigado.
Em julho de 2006 foi assinado o contrato, no valor de 586 milhões de dólares.
Ninguém teve interesse em saber se haveria melhor preço no mercado.
Se foi tudo tão fácil, por que não tentar um repeteco? Já
em setembro daquele mesmo ano a diretoria internacional da Petrobras se dá
conta de que precisa de um segundo navio-sonda, agora para atuar no Golfo do
México. Dessa vez o percurso é inverso. Fernando Soares é que, em nome de
Cerveró, procura Júlio Camargo. A intenção era, percorrendo o mesmo processo expresso,
sem concorrência nem questionamentos da diretoria, entregar o contrato à mesma
Samsung. Sucedem-se as reuniões, na sala de Cerveró, com a presença de Baiano e
Camargo. Ao ser apresentado o contrato à diretoria, alegou-se que encaminhá-lo
à mesma construtora geraria “economia de escala e vantagens operacionais”.
Curioso é que, com tamanhas vantagens, o preço ficava maior ─ 616 milhões de
dólares. Ninguém estranhou. O contrato para o navio batizado de Vitória 10 000
foi assinado em março de 2007.
Nenhum dos navios cumpriu sua suposta missão. O primeiro
encontrou só solos secos em Angola e foi recolhido ao Brasil. O segundo não
teve melhor sorte no Golfo do México. O grande sucesso foi a prospecção de
ambos nos cofres da Petrobras. O caso é exemplar da casa da mãe joana em que a
Petrobras se converteu sob Lula presidente da República, Dilma sucessivamente
ministra de Minas e Energia e da Casa Civil (além de presidente do conselho de
administração), e José Sérgio Gabrielli presidente da empresa, nenhum dos quais
viu nada. O caso de Gabrielli é prodigioso. A denúncia do procurador,
vasculhando os registros da portaria da Petrobras, constata que Soares entrou e
saiu sete vezes do prédio, entre 11h09 e 18h41 em 14 de setembro de 2006, para
citar apenas um dos dias de frenéticas negociações. Trabalhando no mesmo andar,
ele não viu nada. Ou, se viu, não achou nada de mais no entra e sai
5 comentários:
e porque só o Cunha...Onde está Gabrieli ???, senhor PGR.. melhor chamá-lo de PGQ , q de quadrilha...quem não for menino bonzinho toma processo no lombo....
PELO MENOS ESTAMOS CONHECENDO OS "ARTISTAS" OS SEUS PAPÉIS, TALVEZ A SORTE NOS AJUDE E ALGO POSSA SER RECUPERADO ALÉM DO DINHEIRO...
Petralhas FDP, essa gente da quadrilha nove dedos tem que ir em cana imediatamente!
Isso tudo aconteceu sob a batuta da Dilma, que merece uma cadeia junto com o Gabrieli, e este então, não tem nem foro privilegiado e anda solto por aí, rindo da nossa cara!
Até a entrada de um prostíbulo é mais vigiado que a sede da Petebrás!
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