Neste artigo publicado hoje no jornal O Estado de S. Paulo, o professor de Ciência Política e ex-reitor da Ufrgs, Francisco Ferraz, examina aquilo que se costuma chamar de pontos fora da curva, chamando a atenção para as mais recentes posições adotadas por FHC, quase todas relacionadas com divergências em relação ao que propõem o PSDB, Aécio e até setores mais amplos da oposição, da mídia e da opinião pública brasileira, em especial sua oposição ao impeachment. O articulista examina a hipótese de que FHC coloca-se na posição de um estadista acima da arraia miúda da política brasileira, única alternativa de solução para o caso de crise institucional insanável e capaz de fazer a síntese entre PSDB e PT, governando para uma realidade nova de união nacional pela democracia e pelo crescimento econômico. Esta recente frase de FHC, replicada por Ferraz, diz tudo:
"Se a situação de Dilma piorar muito, chegará um momento em que os cardeais do País deverão se reunir para costurar uma saída para este governo”.
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O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso tem-se
movimentado deliberadamente para aquele local misterioso denominado por um
ministro do STF como ponto fora da curva. Esse ponto fora da curva corresponde
à sua manifesta oposição ao impeachment da presidente Dilma, na contramão do
que defendem lideranças de seu partido. O ex-presidente também já manifestou
sinais de abertura para eventualmente “pactuar” com o governo uma saída para a
crise econômica.
FHC escolheu uma posição pessoal, no mínimo muito
singular. Fora da curva do seu partido e do presidente do partido, Aécio Neves,
que vem adotando uma atitude dura com Dilma e o PT; fora da curva do sentimento
popular de hostilidade ao PT e de rejeição do governo Dilma; fora da curva do
debate político em que se tornou o alvo de Lula, Dilma e políticos do PT em
ataques à sua pessoa, à sua administração e ao legado do seu governo; fora da
curva da oposição, que por mais de uma década se mostrou inapetente para a
função e agora deseja manter o governo e o PT enfraquecidos. Não há como saber
com certeza as razões dessa sua opção. Pode-se, entretanto tentar algumas
conjeturas.
FHC deve sentir-se (e tem sobradas razões para tal) muito
acima da maioria dos líderes mundiais na escala dos estadistas e, muito mais
ainda, dos brasileiros. Para ele Lula, Dilma, Aécio, Temer, Marina não passam
de políticos voluntaristas, ambiciosos e superficiais que não estão preparados
para as responsabilidades do governo de um país do porte e potencial do Brasil.
Ele deve se ver como professor, por vezes o preceptor, no mínimo como um
possível exemplo para essas lideranças que, por sua imaturidade, desmontaram o
País que ele com tanta competência havia consertado. Não sendo persuadidos pela
razão nos bons momentos, talvez nos momentos de crise possam abrir-se para uma
influência mais madura e equilibrada. Creio que essa interpretação pode não ser
a mais exata, mas não deve estar muito distante da realidade.
Dir-se-á que, se verdadeira, a postura de FHC seria de
vaidade e presunção, traços pessoais que se não forem exatos também não estarão
muito longe da realidade, já que o ex-presidente não costuma ser “acusado” de
humildade.
Impossível saber com certeza as razões que fazem FHC
buscar esse ponto fora de todas as curvas que só favoreceria o PT. Em situações
como essas, a sabedoria da política ensina que devemos recorrer à expressão
latina cui prodest – a quem beneficia esse curso de ação?
Não a Aécio, que se cacifou para a estatura presidencial
pelo combate dado a Dilma na campanha e, com a próxima eleição marcada para
daqui a três anos, não se pode afastar demais do sentimento popular.
Não a Dilma, que se chegar ao fim do segundo mandato
estará politicamente exaurida.
Não a Lula, que agora precisaria da ajuda de FHC. Do
mesmo FHC cujo legado há 12 anos tenta demonizar na lembrança dos brasileiros,
com agressividade, mau gosto e demagogia.
Não à oposição, que encontra agora, com os escândalos da
corrupção e o desgaste de Lula, de Dilma e do partido, sua chance de derrotar o
PT no Congresso, na opinião pública e nas eleições municipais de 2016.
Não a Temer, que recém-ganhou protagonismo por causa do
enorme desgaste de Dilma; nem ao PMDB, que nada teria a ganhar com o ingresso
no jogo político de cardeal de elevada estirpe, reconhecida habilidade política
e carreira irreprochável.
Incidentalmente, FHC traiu-se ao usar o termo cardeal
numa palestra promovida pela Goldman Sachs, quando afirmou que, “se a situação
de Dilma piorar muito, chegará um momento em que os cardeais do País deverão se
reunir para costurar uma saída para este governo”.
Ao implicitamente se incluir como cardeal (termo que não
vem sendo usado no vocabulário político) no jogo político brasileiro, quis
inevitavelmente significar sua posição superior em relação aos demais e sua
presença como player neste jogo. O jogo político dominado por cardeais sempre
visou o poder papal e só ocorria na combinação de um papa fraco com um baixo
clero desqualificado.
De outro lado, não seria sensato admitir que FHC adotasse
essa posição política generosa para com Dilma e o PT num momento em que quem
pode deles busca se afastar. Deve haver uma razão muito mais elevada do que as
usuais acusações de “murismo”, “covardia”, “esquerdismo enrustido” que
justifique seu comportamento e possa compensar os riscos a que expõe sua
imagem.
Esse ponto fora da curva somente pode ser ocupado por
ele. Num momento em que todas as outras lideranças nacionais (Dilma, Aécio,
Marina, Temer e Lula) estão derrotados ou sem chances de vir a disputar a
Presidência, quem vai sobrar daqui a três anos e meio? Mais ainda: assim como o
Lula dos tempos de glória abafava FHC, agora o Lula desgastado pode ressuscitar
FHC.
Se Aécio não sobreviver politicamente ao desgaste deste
período; se Lula, Dilma e o PT estiverem inviabilizados politicamente; quem
além de FHC poderá unir um PT fraco, mas agradecido pela proteção recebida no
seu pior momento, e um PSDB que finalmente, com ele, poderá voltar ao poder?
FHC pode (e acredito que está tentando) emergir como o
estadista acima dos medíocres interesses políticos, voltado para os grandes
objetivos da Nação e emprestando seus talentos, sua sabedoria e sua
respeitabilidade à recuperação do Brasil. Não lhe faltam saúde, nem condições
intelectuais e, deve-se supor, tampouco vontade para se dedicar a essa missão.
Talvez não seja um ponto tão fora da curva lembrar que o
povo brasileiro pode querer convocá-lo novamente para presidir o País num
regime, quem sabe, parlamentarista, em mais um desafio de recuperação nacional.
Por certo esse não é hoje o resultado mais provável. Trata-se, entretanto, de
uma hipótese que nem nós nem ele, neste momento, podemos excluir.
21 comentários:
Fora de possibilidade a volta de FHC que cada vez mais se distancia do povo. Nem idade para isto, nem mesmo no seu partido teria apoio.
ótima análise. apesar de pessoalmente não acreditar nisso. o maior problema do brasil talvez seja que os dois grandes líderes do país, lula e fhc, deixando aqui de lado a capacidade e o modus operandi de cada um, são como amigos de infância. ou irmãos. enquanto lula destila maldades contra fhc, fhc o trata como o inconsequente irmão mais novo " deixa ele, é assim mesmo".
FHC é um petralha chique e com mais cultura, mas no fundo tem a mesma moral esquerdista!
FHC como todo bom esquerdista e petista, quer mesmo é melar toda tentativa de retirar o PT do poder, pois sempre empenhou-se em instrumentalizar tal situação até indo contra o candidato do partido. Remember Serra e as denúncias que afloravam e foram mimpedidas de serem denunciadas por ação de FHC?
Excelente analise. Me fez entender as posições até aqui adotadas pelo ex-presidente FHC. Entender e continuar desaprovando porque o ponto fora da curva confirma que o ex-presidente imagina-se como a
unica alternativa de solução para o quadro politico que aí está. Está acima dos homens e dos partidos ou então é um esquerdista
que suporta toda e qualquer desconsideração, desde que seja de outros esquerdistas que ele julgue inferiores.
A presidência caiu no colo do FHC, ele até queria ser ministro do Collor.
Estadista ?
Muita pretensão !
Fernando Henrique Cardoso sempre foi um petista enrustido.
Se tivesse um mínimo de visão política futura não teria buscado a reeleição.
Na época eu achava e continuo achando que se ele tivesse ficado no primeiro mandato, possivelmente o ladrão de Caetés e chefão bando quadrilheiro PeTralha, poderia ter sido eleito e a grave crise de 1999 teria estourado no rabo dos PeTralha$. Isto faria este ParTido de corruPTos sumir da face da terra.
Sem estes trastes canalhas para atrapalhar o país poderia estar novamente com a economia estabilizada e em fase de crescimento. O ladrão de Caetés e seu bando quadrilheiro seriam apenas uma página negra na história do país.
COM CERTEZA PLANEJA A PRESIDENCIA EM 2018, E SE GANHAR VAI HONRAR O "PACTO" QUE FEZ COM LULA, DE NENHUM DELES SER INVESTIGADO.
BRASIL SINISTRO.
FHC ATÉU ASSUMIDO, COMO LULA E DILMA, TEM APOIO DA IGREJA CATÓLICA PARA TODOS SE MANTEREM, E TEREM MAIS PODER AINDA.
É UMA LOCURA ESTE BRASIL.
Resumindo essa lenga-lenga toda q me obriguei a ler ate o fim,o FHC quer ser presidente da bruzuganga de novo?
Da um tempo analista politico!Se o boca-de-tuba quizesse ser presidento do brasil dentro das regras atuais,deveria ter apoiado o impedimento e depois se candidatado a chefao dessa bagunca.Acho eu q esse veio ja deu o q tinha q dar.Cai fora e abre para os jovens.Quem?Sei la.
O "TREM BRASIL",E A "ESTAÇÃO FHC"
FHC É UMA ESTRELA
QUANDO ALGUEM APONTA O DEDO, OS MAIS BURROS OLHAM O DEDO, OS MAIS INTELIGENTES OLHAM PARA ONDE O DEDO APONTA,PARA A ESTRELA.
FHC PERCEBE QUE EM BREVE UM MOMENTO IMPORTANTE PARA O PAIS SE APROXIMA, PERCEBE MUITO MAIS QUE OS COMUNS,QUE SÓ PERCEBEM O AQUI E O AGORA.
FHC ESTA NUMA ESTAÇÃO POR ONDE O "TREM BRASIL" VAI PASSAR, É SÓ AGUARDAR E VÃO CONVIDAR ELE PARA A VIAGEM, VÃO LEMBRAR,VÃO COMPARAR E VÃO SE DAR CONTA DA BOBAGEM DO "BOLIVARIANISMO",COMUNISMO,DOS PETRALHAS E DAS FIGURAS DE LIDERES FALASTRÕES,QUE NADA SABEM NEM RESOLVEM.
ESTARÁ INSTALADA A MAIOR CRISE,FINANCEIRA,ECONOMICA,POLÍTICA,COMO NUNCA SE VIU,E DEPOIS DE EXPERIMENTAR TUDO QUE É CHARLATÃO QUE APETRALHOU E DESTRUIU O BRASIL, CERTAMENTE O POVO VAI SE LEMBRAR DE ALGUEM QUE JÁ RESOLVEU COISA PARECIDA.
PENSARÃO: VAMOS BUSCAR QUEM JA DEMOSTROU CAPACIDADE,HONESTIDADE, CHEGA DE PETRALHAS LADRÕES.
FHC CERTAMENTE ESTÁ SE COLOCANDO A DISPOSIÇÃO,MOSTRA SABEDORIA,E ESTÁ NUMA ESTAÇÃO QUE ELE SABE QUE O "TREM BRASIL" VAI PASSAR E VAI PRECISAR DELE.
QUEM SABE SABE, E SE ASSIM FOR, ESTAREMOS MUITO,MUITO,MAS MUITO MELHOR QUE COM OS PETRALHAS LADRÕES E BOLIVARIANOS.
QUE TAL COMEÇARMOS A FALAR DISSO AGORA,INDICANDO SOLUÇÕES ANTES QUE UM "DEUS NOS ACUDA" ACONTEÇA?
PS: O "ELEMENTO" LULA,REI DA MARACUTAIA" VAI RESSUSCITAR FHC; COM O CADASTRO E A SUJEIRA EM SUA FICHA , LULA ESTA SE APAGANDO CADA DIA MAIS E MAIS FICARÁ APENAS COM UMA VELINHA APAGADA,DE TRISTE FIGURA E TRISTE LEMBRANÇA.
Que Deus ilumine e dê saúde a esse grande líder para que, direta ou indiretamente, volte a conduzir a política nacional. Eu tinha orgulho desse presidente. Nos últimos 12 anos passei a ter vergonha de dizer quem é o(a) nosso(a) presidente.
Aos que não pensam sobre este artigo, só lhes resta LATIR!
FHC É MELANCIA, VERDE POR FORA E VERMELHO COMUNA POR DENTRO !!!
EI FHC, VTNC TAMBÉM !!!
Voto no capeta, mas não nesse canalha.
Fernando Henrique Cardoso está mais para "fora da casinha" do que "fora da curva".
FHC é daquelas pessoas dissimuladas. As mais perigosas, pois pensamos que são boas e são as piores.
To careca de falar, tucano não serve, pavão é a ave correta, onde FHC, é o maior leque colorido.
Para que o impeachment seja aprovado na Câmara, 343 dos 513 deputados devem votar a favor. Alguém acredita que exista este número de deputados que não tenham o rabo preso no mensalão ou no petrolão? Se apresentado o impeachment e não alcançar o número para aprovação, o PT dirá aos quatro ventos que a acusação de envolvimento da Dilma era uma farsa.
Fernando Henrique ao posicionar-se como tolerante com o Mensalão em 2003, conspirando contra o Impeachment do então presidente. Não foi democrático. Este poder de tolerar crimes não existe em lugar nenhum. Não está na constituição.
FOI SIM , CÚMPLICE DO MENSALÃO.
Agora, busca de novo o mesmo "ponto fora da curva", por perceber o fortalecimento da Direita, que ele já se mandou um dia do país. Sabe-se lá o porquê.
Na prática, a verdade ameaça vir a tona. A esquerda, como um todo, ai incluídos inclusive a Social Democracia, que nada mais é do que uma ramificação dita democrática do comunismo, e que na prática está se mostrando cúmplice de crimes da esquerda de forma nefasta para o país. Os mocinhos não são tão mocinhos assim.. Vê-se, finalmente, o surgimento de uma classe política de direita. Que por anos foi aniquilada pela versão esquerdista dominante da nossa história política, capenga e muito mal contada. Onde os militares sempre foram difamados como os vilões. Seriam na verdade heróis ?
A verdade liberta. Doa a quem doer. E deve doer.
he he he
E ela ( a verdade ) insiste em aparecer , cada vez mais nítida, sólida e forte.
Teremos finalmente um país democrático ? Com forças de esquerda e direita equilibrando-se e alternando o poder ?
Aposta pessoal minha : Acredito que sim. A esquerda voltará ao casulo, como quiserem, com pequenos danos, ou completamente esfacelada, dependendo de quão terroristas forem sua ações daqui para a frente.
Lula devia seguir o conselho do senador gaúcho, no seu último discurso na tribuna do senado. Deixar o poder e reorganizar o seu partido, para num futuro próximo ou longínquo ( se sobrar algo dessa limpeza ) voltar ao cenário político depurado.
A dúvida é: Seria democrático em demasia para ele? Democracia petista é de um lado só destruindo ou comprando a oposição ? Na marra e a qualquer preço ? Seria pseudo-democrático apenas para tomar o poder e aniquilar qualquer divergência ?
Pais da Pátria ou Cardeais. Este é o papel reservado aos ex-presidentes da República.
Acredito que isto deve ou deveria valer para todas democracias.
Um ex-presidente acumulou imensas experiências durante seu mandato e deve estar disponível para orientar ocupantes do cargo num determinado periodo.
Mesmo aqueles que não tiveram governos tão relevantes; mesmo estes tiveram experiências que podem ser úteis para os que atualmente ocupam o cargo.
No Brasil, o único ex-presidente digno dessa conceituação é FHC.
Terminou seu mandado e mesmo seu candidato tendo sido derrotado, o FHC em nenhum momento ficou fustigando o ganhador para que ele tivesse um mau governo; ao contrário se comportou com extrema civilidade mesmo sendo severamente ofendido pelos novos governantes e sua troupe.
Não se pode dizer o mesmo de Sarney, que preferiu continuar na defesa de privilégios de seu grupo. Collor de Melo foi cassado. Lula continuou o mesmo fanfarrão e sempre demonizando os adversários, vizivelmente na busca de conquistar para seu grupo o poder a todo custo com as arbitrariedades e delitos que estamos assistindo.
Resta somente FHC.
Que ao menos seja um bom exemplo aos demais e próximos que venham a deixara a presidência da república, para que fiquem como bons conselheiros quando procurados e tenham acima de tudo o interesse do país.
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