Crescente violência na venezuela pode sacramentar derrota de Chávez

Clipping/ Folha de S.Paulo/ 23/11/2008
Oposição levanta bandeira do combate à crescente violência

Enquanto o presidente Hugo Chávez tenta transformar as eleições regionais de hoje num plebiscito em torno da sua figura, a oposição assumiu o combate à violência como sua principal bandeira de campanha.Nas campanhas em Sucre, o município mais pobre da região metropolitana de Caracas, e no Estado de Carabobo, os candidatos oposicionistas lideram com uma plataforma focada na melhoria da segurança pública.Todas as pesquisas de opinião do país revelam que a violência se transformou na principal preocupação dos venezuelanos a partir de 2006. Levantamento realizado nesta semana pelo instituto Keller e Associados mostra que 43% dos entrevistados vêem na delinqüência "o problema mais importante para a família". Num distante segundo lugar, está o desemprego, com 15%.Os homicídios na Venezuela saltaram de pouco menos de 6.000 em 1999, o primeiro ano do governo Chávez, para 13.156 no ano passado, segundo números oficiais. Com isso, a taxa de homicídios no país em 2007 ficou em 48 casos por 100 mil habitantes. É quase o dobro da média brasileira -25,4 por 100 mil no ano passado, segundo o Ministério da Saúde.Em Caracas, onde ocorrem mais de 40 assassinatos por fim de semana, a taxa de homicídios alcança 130 mortos por 100 mil habitantes. No Estado de São Paulo, por exemplo, foram 12 assassinatos por 100 mil habitantes no ano passado.A violência esteve no centro da campanha do candidato oposicionista ao governo distrital de Caracas, Antonio Ledezma, que dedicou ao tema boa parte de seu discurso de encerramento de campanha: "Sonhamos com uma Caracas onde possamos caminhar por esses espaços sem o medo de sermos vítimas da inegurança".Para o analista Luis Vicente León, porém, Chávez tem sido mais bem sucedido em "polarizar" a eleição do que a oposição em transformar a violência em tema central de campanha, inclusive na grande Caracas."A insegurança é um peso a mais, porém não tem o peso fundamental no processo político", diz León. Para ele, os bons índices de oposicionistas nas pesquisas de opinião em regiões violentas, como os Estados de Barinas e Carabobo, se devem mais ao rechaço aos governos do que uma resposta à alta criminalidade.

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