Artigo, Geraldo Samor, Brazil Journal - A greve que serve para tudo — e para nada

No teste de Rorschach — popularmente conhecido na psicologia como o 'teste do borrão de tinta’ — pede-se ao paciente que diga o que enxerga em dez pranchas com manchas de tinta simétricas. Onde alguns vêem um morcego, outros vêem um coração. Onde para uns há uma cachoeira, para outros há uma abóbora. (A partir das respostas, é possível chegar a conclusões sobre a psique do indivíduo.)

A esta altura dos acontecimentos, é nisto que se transformou a greve dos caminhoneiros — uma 'greve jaboticaba', que une a esquerda e a extrema direita.

Para uns, trata-se de um movimento contra o preço do diesel. Para outros, uma luta contra todos os impostos. Para um terceiro grupo, um protesto contra a corrupção e o Governo Temer. E, para os mais desconectados da realidade (ou traumatizados por ela), um apelo a uma intervenção militar.

Quando a sociedade sequer consegue concordar sobre o significado de um movimento, a saída do atoleiro se torna inegociável. O Governo não tem interlocutores confiáveis, e qualquer medida tomada será sempre insuficiente para alguém. O tecido social — os laços que nos unem enquanto país civilizado — está rasgado, permitindo a entrada de todo tipo de vírus, como o oportunismo, o populismo e o niilismo.

É verdade que os grevistas e seus simpatizantes estão certos em suas inquietações.

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