O desmame da bolsa-empresário

O Ph.D po Stanford, professor de Economia da PUC Rio, Márcio Garcia, escreve no jornal Valor deste final de semana que mais um empréstimo de R$ 30 bilhões a taxas subsidiadas (TJLP, 5%, ou menos) vai ser dado pelo Tesouro Nacional ao BNDES e que as transferências do Tesouro a bancos públicos, iniciadas em 2008, montavam já a quase 10% do PIB, sendo R$ 414 bilhões para o BNDES. Tais recursos são reemprestados pelo BNDES a taxas também subsidiadas a empresas. Leia todo o artigo (ao lado, examine o gráfico, clicando em cima da imagem):

No entanto, a taxa de investimento agregado do país continua anêmica. O gráfico mostra que, apesar da hiperatividade do BNDES, não conseguimos aumentar a taxa de investimento, estacionada abaixo de 20%. Não é à toa que o crescimento médio do quadriênio 2011-2014 não deve ultrapassar raquíticos 2%.

Pode-se argumentar que o desempenho do investimento seria ainda pior se o BNDES não tivesse tomado esteroides. Mas não há evidencias de que esse seja o caso. Afinal, ao contrário de sua missão inicial, os desembolsos do BNDES vão, majoritariamente, para grandes empresas (67,9%, segundo o Relatório Anual de 2012, o último disponível no site do banco). Grandes empresas têm acesso aos mercados financeiro e de capitais, nacional e internacional. Só recorrem ao BNDES por causa do subsídio.

Calcula-se que o custo da bolsa-empresário represente mais do que 0,6% do PIB, maior do que o da Bolsa Família (cerca de 0,5% do PIB). E o custo é crescente. Mesmo que estivesse dando certo, não haveria recursos para manter o crescimento dos desembolsos do BNDES por muito mais tempo.

A grande expansão do orçamento paralelo no BNDES vem sendo usada para mascarar a verdadeira situação da política fiscal. O Tesouro Nacional, com elevado custo de capital, empresta de forma subsidiada ao BNDES, que reempresta os recursos com uma pequena margem. Isso gera lucros para o BNDES, parte dos quais são repassados de volta ao Tesouro como dividendos. Ou seja, no cômputo geral da operação, o Tesouro incorre em elevado prejuízo, mas, na contabilidade pública, sua receita primária aumenta! Essa é a mágica contábil que, apesar de repetidas promessas, o governo se recusa a deixar de fazer.

Em 2015, seria ajuizado que o (a) próximo (a) presidente revertesse a tendência de expansão dos empréstimos subsidiados.

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5 comentários:

Anônimo disse...

O prof. Marcio Garcia, como sempre, em textos curtos e lúcidos.
Nem precisava ler o texto, é só olhar o gráfico, após 2003 o absurdo das transferências ao BNDES representadas na barrinha cinza e consequente aumento do "beija-mão" ao Imperador de 9 Dedos, enquanto a linha de taxa de investimento permanece na mesma %PIB da década de 90. É tirar dinheiro da sociedade que não tem infraestrutura para transferir aos grandes grupos econômicos.

Anônimo disse...

Essa dinheirama toda que é "gerada" pelo tesouro e emprestada ao BNDES que empresta à empresas na verdade é paga pelo próprio tesouro porque essas empresas são na maioria empreiteiras parceiras do governo que superfaturam suas obras que são para o próprio governo e desviam esses recursos além de pagar propinas para os petralhas e outros políticos. Vejam que coisa maluca então, o governo cria esse dinheiro que será pago por ele mesmo a um custo elevadíssimo (juro cobrado do BNDES + juro cobrado das empresas + superfaturamento + propinas), endividando o tesouro e criando inflação! Onde será que isso irá parar?!

Anônimo disse...

Só este grafico já da um indicador da desindustrialização do país, além do entreguismo das nossas reservas naturais.

Nenhum desses governantes após a "democratização" quero melhor para a população, mas sim garatir-se no poder.

Anônimo disse...

Políbio,

O Arno Augustin rebentou a PMPA, enterrou o RS e vai implodir o Brasil.

O sujeitinho é da DS(Dementes Sociopatas).

JulioK

Anônimo disse...

Sempre foi os empresarios que corrumpeam os politicos .Dessa vez e` o contrario : o PT e` que compra os empresarios . Dividir para conquistar . Dessa maneira pouco a pouco o governo vai tomando conta de tudo .

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