No mundo todo, inclusive no Brasil, grevistas costumam perder os dias trabalhados e o desconto ocorre invariavelmente em Folha, mas no Brasil existem grevistas que fazem o que bem entendem e sobre eles não há consequência alguma, sendo que via de regra são premiados. É o caso dos grevistas do setor público.
. Hoje há nova greve no setor público, desta vez na Infraero. Na semana passada, pararam os carteiros, e na semana que vem pararão os petroleiros.
. A greve é um direito dos trabalhadores, mas existem regras que precisam ser cumpridas. Por exemplo: no setor público ocorrem restrições severas, como são os casos de greves em setores essenciais, proibidas pela Constituição de 1988. E no entanto estas paralisações ocorrem.
. O próprio Dieese constatou que a maior parte das greves brasileiras acontecem no setor público, porque ali tudo é fácil, ninguém perde nada e todos ganham.
LEIA o artigo a seguir para compreender melhor:
A greve e o serviço público
A constatação – feita pelo competente Dieese - de que 82% das horas paradas no ano passado e 54,4% das greves registradas nos últimos anos ocorreram no setor público, é a um alerta de que algo precisa ser feito, urgentemente, para compatibilizar as relações entre o Estado-patrão e seus empregados. A instituição pública, por ter como criar mais impostos, não sofre risco de ter de abrir concordata ou falência e, por isso, seus administradores negligenciam nas relações trabalhistas, as greves se alongam, fica a certeza de que o bem público “é de ninguém”, e que toda a sociedade sempre paga a conta, mesmo sem ter o serviço.
Sucessivos governos eleitoreiros e demagogos, sob a bandeira de buscar o equilíbrio econômico, achataram os salários dos servidores. Diminuíram o nível econômico já conquistado pela classe perante a sociedade, a economia e o mercado nacional. Resultado: professores e médicos atuando em jornadas duplas ou triplas, policiais fazendo “bico” e outros servidores buscando formas alternativas para compensar os ganhos insuficientes na função pública. Vez ou outra, ainda surgem governantes capazes de culpar o servidor pelo fraco desempenho do setor.
Como empregador, a União, o Estado e o Município, têm o dever de pagar salários compatíveis àqueles que optaram por emprestar ao setor a sua força e competência físico-intelectual. Não podem, em nenhuma hipótese, tratá-los como peso ou inimigo, pois só deles dependem seus serviços. Além de salários que lhes permitam viver condignamente, têm de oferece-lhes treinamento e um ambiente de trabalho pelo menos salubre. Como esses deveres estatais, não são cumpridos, eclodem as greves.
Durante as paralisações, o administrador público costuma demonstrar ainda mais a sua insensibilidade e despreparo. Alguns tentam pressionar o servidor em greve, vencê-lo pelo cansaço ou pelo blefe. Outros ignoram suas responsabilidades, fazendo que as greves se alonguem e a população fique privada dos serviços que paga através dos impostos recolhidos. Escolas, hospitais, ambulatórios, unidades policiais, fóruns, correios e outras repartições “de primeira necessidade” permanecem inativos enquanto o povo sofre.
Embora também com a folha de pagamentos defasada, a Polícia Militar de São Paulo só não tem entrado em greve em respeito ao impedimento constitucional. Mas seus desmotivados ativos, inativos e pensionistas, sofrem mais de uma década de achatamento salarial.
Governos e governantes têm de mudar sua postura, restaurando o orgulho de servir outrora encontrado no funcionalismo e, principalmente, garantindo com isso serviços públicos de qualidade para a população...
Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – diretor da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)
aspomilpm@terra.com.br
Dados do Autor:
Dirceu Cardoso Gonçalves – tenente-PM
RG nº 5301.573-SP
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