Eliane Cantanhêde ataca os militares da ativa e da reserva que realizaram o ato de quinta-feira no Clube Militar do Rio, reagindo às provocações insensatas do ministro da Justiça, Tarso Genro, que ameaça iniciar ações destinadas a meter na cadeia os militares que participaram de sessões de tortura durante o regime de 64.
. A anistia brasileira foi recíproca e cobriu todos os atos praticados dos dois lados, inclusive os assassínios brutais de gente como o capitão Chandler, baleado por ativistas de esquerda, entre os quais o gaúcho Diógenes Oliveira, como também todas as torturas praticadas nos porões de quartéis e instalações policiais comuns.
. Vale a pena ler o artigo a seguir, porque como a jornalista, muitos brasileiros também acreditam que reunir militares é provocação,mas ameaçar militares não é provocação.
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Falta comando
ELIANE CANTANHÊDE
BRASÍLIA - Cadê o comandante-em-chefe das Forças Armadas e das forças civis para segurar seus radicais à direita e à esquerda?O ministro Tarso Genro ameaça a toda hora botar militares envolvidos com tortura no banco dos réus.E oficiais da ativa e da reserva reagiram com uma manifestação de ostensiva provocação contra o governo no Clube Militar do Rio.Se fosse mais um encontro de "generais de pijama", tudo bem.Mas a presença do comandante do Leste e do diretor de Ensino e Pesquisa, generais-de-exército Luiz Cesário da Silveira Filho e Paulo César Castro, muda tudo de figura.Os dois são "quatro estrelas", estão no topo da hierarquia militar e integram o Alto Comando do Exército. Cesário ocupa o maior posto da área.Eles foram aconselhados por companheiros a não comparecer, mas só concordaram em trocar a farda por terno e gravata. Isso muda a foto, não a gravidade da situação: a presença de ambos institucionaliza a adesão do Exército a um ato contra o governo. Aliás, contra o governo e a favor do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, presente em todas as listas de torturadores do regime militar. O Exército Brasileiro de hoje poderia muito bem passar sem essa.Seria ingenuidade achar que Tarso Genro fala sozinho de um lado e os manifestantes do Clube Militar falam sozinhos de outro. São duas forças que se contrapõem e testam limites. Entre uma e outra está o ministro da Defesa, Nelson Jobim, com o cargo e uma vantagem: nem é da turma que pegou em armas contra o regime de 64 e é acusada de "revanchista", nem é da turma fardada que resolveu bater continência para torturador. E tenta driblar os seus radicais e os dos outros.Mas o comandante-em-chefe é Luiz Inácio Lula da Silva, que precisa dizer se endossa ou não a revisão da Lei da Anistia, se respalda ou não o movimento de Tarso Genro e se engole ou não o desacato do Clube Militar. Enquanto isso, as tropas encorpam e a guerra corre solta.
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