Saiba mais sobre o escândalo com o irmão do ministro na ANP

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Diogo Mainardi
10 de março

Na Veja que começou a circular no sábado passado, o jornalista Diogo Mainardi revelou pela primeira vez o teor de um relatório da Polícia Federal sobre a Agência Nacional do Petróleo. O relatório apontou uma relação "permissiva" entre um diretor da ANP, Vitor Martins, irmão do ministro e jornalista Franklin Martins, e a própria ANP. Em jogo um negócio intermediado entre a consultoria Análise, da mulher de Vitor (e também dele, até ir para a ANP), prefeituras e ANP, referente a pagamentos de royalties de petróleo no interior do Rio. A denúncia diz respeito ao recebimento de comissão milionária de R$ 230 milhões por parte da Análise. Não se trata de caso isolado. O mais escabroso na história é que o relatório sumiu das investigações posteriores e os autores do relatório também sumiram. A seguir, material desta sexta-feira de Diogo Mainardi, refletindo o que o restante da imprensa passou a divulgar, bem depois da revelação de Veja.


O ovo da ANP
Recebi um relatório da Polícia Federal sobre a ANP, a Agência Nacional do Petróleo. Fiz um resumo desse relatório em minha última coluna. Está lá:
leia aqui. Refere-se a um dos diretores da ANP, Victor Martins, acusado pelos delegados da PF de comandar um esquema de desvio de dinheiro de royalties do petróleo. Tenho de repetir? Não, não tenho, mas repito mesmo assim, com prazer: Victor Martins é irmão de Franklin Martins. De novo? De novo: Victor Martins é irmão de Franklin Martins.
Passei a semana acompanhando as descobertas da imprensa sobre o assunto. E suas descobertas confirmaram plenamente o que eu relatei em minha coluna. Pode ser útil relembrar os fatos, para ajudar aqueles que se interessarem em seguir os acontecimentos. A gente se distrai com facilidade, como as galinhas. Em pouco tempo, em nosso galinheiro, o assunto já estará esquecido. Mas ainda dá para tentar amolar o dono da granja, cacarejando em sua orelha.
Terça-feira. A denúncia sobre o desvio de dinheiro dos royalties do petróleo, envolvendo a ANP, foi a principal manchete do "Globo". O jornal noticiou que já havia um inquérito no Ministério Público para apurar os fatos.
À noite, o Jornal Nacional deu dois furos. Em primeiro lugar, suas fontes na PF admitiram a existência do relatório revelado por mim, atribuindo-o ao setor de inteligência. Em segundo lugar, o Jornal Nacional descobriu que os dados contidos nesse relatório, como aqueles sobre Victor Martins, haviam sido excluídos do inquérito enviado ao Ministério Público. Onde eles foram parar? Foi o que perguntou o procurador Marcelo Freire.
Na quarta-feira, a "Folha de S. Paulo" confirmou que o relatório com as suspeitas sobre Victor Martins e outros funcionários da ANP havia sido produzido pelo setor de inteligência da PF. Ninguém soube dizer por que ele foi sumariamente engavetado.
Na quinta-feira, o "Globo" reconstruiu mais um episódio citado no relatório da PF. Trata-se do caso de Newton Simão, um assessor de Victor Martins que se desligou da ANP e imediatamente passou a trabalhar para a Petrobonus, uma empresa de consultoria da área de royalties do petróleo.
A "Folha", também na quinta-feira, mostrou a caminho a ser seguido. O relatório engavetado pela PF acusava Victor Martins de ter "ajeitado" uma cobrança de royalties da Petrobras no valor de um bilhão e trezentos milhões de reais. A empresa da qual Victor Martins é sócio com sua mulher teria recebido uma comissão de 20%: 260 milhões de reais. Agora a "Folha" publicou o seguinte: "Por recomendação do diretor da ANP, Victor Martins, a diretoria da agência voltou atrás, em 2007, de uma decisão que havia tomado um ano antes e obrigou a Petrobras a arcar com um pagamento adicional de royalties de R$ 1,3 bilhão".
O valor bate direitinho, a data bate direitinho, os envolvidos batem direitinho. Vou continuar cacarejando até botar um ovo.

3 comentários:

Anônimo disse...

Sei que o colunista é contra os métodos chineses de resolver o assunto mas, que dá vontade de defender a pena de morte para tais casos de corrupção, há isso dá!

Anônimo disse...

Concordo com tua opinião. A dificuldade é garantir um julgamento justo. Por isto ainda considero apropriado uma reforma judiciária que vise sua simplificação, antes de legalizar a pena capital.
Fernando Augusto Bender
fernando.bender@ufrgs.br

Anônimo disse...

Depois querem falar do governo Yeda!!! ela é um esquilinho na floresta perto deles!!

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