Governo aumenta os juros. isto é o mesmo que enxugar gelo e não segura a inflação.

- Day after feriadão - Depois de um feriado mais que prolongado, a última semana do mês de abril vem sobrecarregada de indicadores internos e externos. No cenário interno teremos o Boletim Focus na segunda-feira. A FGV divulgará a sondagem do consumidor e o IGP-M, que deve permanecer em alta, contribuindo para mais incertezas em relação à inflação. Quinta-feira será divulgada a ata do COPOM, justificando o aperto monetário. No cenário externo devem permanecer a preocupação e a incerteza. (Juliana Lima).

O aumento salarial de 10,25% concedido nesta quarta-feira aos trabalhadores da GM de Gravataí, que se segue a reajustes parecidos ocorridos no RS, inclusive do piso regional, demonstra que empresários e homens de governo já trabalham com a realidade ou expectativa de uma inflação de dois dígitos, começam a indexar as contas e acionam inflação inercial. Isto ajuda a entender  a decisão do Copom (Banco Central) de elevar pelas terceira vez em 90 dias a taxa básica de juros, desta vez para 12%.

. O governo enfrenta um movimento de remarcação de preços irrefreável e parece querer combatê-lo unicamente pela via de uma política monetária restritiva, aumentando os juros, encurtando os prazos de financiamento, elevando o IOF e elevando o compulsório: enxugando o crédito gravemente, na suposição de que isto impeça os consumidores de se endividar e a force a economia a reduzir o ritmo.

.  Empresários, políticos e economistas insistem que o governo vacila na aplicação de uma política fiscal dura, impactante, imediata, cortando pesadamente seus gastos e investimentos. O governo Lula deixou uma herança maldita ao eleger Dilma Roussef a qualquer preço: ele deixou o País à beira de uma quebradeira.

. Além da política monetária e da política fiscal, o governo também terá que mexer na política cambial, porque o dólar baixo favorece enormemente a entrada de dólares para aplicações (os juros são os mais alotos do mundo) e uma enxurrada de importações de produtos que ceifam a indústria brasileira e constrangem as exportações.

- O aumento de ontem foi o terceiro em 90 dias. Não há sinal a vista de que por si só o corte ao dinheiro resolverá o problema da inflação. O governo vacila em conter seus gastos com decisão e promover reformas para obter mais eficiência na sua ação e com isto não contém a inflação.