Entrevista, Mariza Abreu - "Nova avaliação do magistério para promoção na carreira é um embuste"

Mariza Abreu, ex-secretária da Educação do governo Yeda Crusius

Qual é a mudança na avaliação dos professores anunciada pelo governo Tarso Genro?

Por decreto somente podem ser modificados os critérios para promoção por merecimento, pois a alternância entre antiguidade e merecimento para promoção na carreira consta da Constituição Estadual de 1989 (art. 31, § 3º).

Exemplifique.
O número de classes, acréscimo no vencimento, interstício de três anos e as vagas nas classes são fixados no plano de carreira do magistério estadual (Leis 6.672/74, arts. 6º e 26 a 32, e 6673/74).

O que significa a substituição do Saers pelo Seap?
O governo Tarso já suspendeu o Saers, que o governo Yeda aplicou anualmente de 2007 a 2010. Essa substituição não tem sentido.

O que era o Saergs?
O Saers avalia o desempenho dos alunos em todas as escolas estaduais para apoiar os professores e seus resultados não foram utilizados na avaliação para promoção na carreira.

Quais seriam as novidades na avaliação dos professores na proposta do governo Tarso?
Há poucas novidades. Os professores seriam avaliados por formação continuada, o que somaria 65% da pontuação, e pelo rendimento e evasão dos alunos da escola, somando 24% dos pontos.

Mas também existe avaliações de outros gêneros.
Participação em eventos e cursos já é avaliada, mas apenas a frequência a essas atividades, sem aproveitamento, pouco contribui para a aprendizagem.

Como é que ficou a ordem que tratava do afastamento dos professores para participação em eventos?
E, como o governo Tarso revogou a Ordem de Serviço nº 3/08, que normatizava o afastamento de professores para participarem de atividades educacionais e sindicais, mais peso para a formação continuada poderá aumentar a falta de professores.

Tarso Genro rsolveu premiar de modo igual cada participante de ganhos coletivos de toda a escola. Isto é correto?
É  impróprio usar os resultados coletivos da escola, variáveis no tempo, para promoção individual e permanente na carreira. Seria como considerar o resultado da partida do esporte coletivo para fixar o salário mensal de todos os jogadores.

Afinal, o que pretende o governo Tarso?
É difícil entender,pois o maior problema do plano de carreira é a diferença entre os vencimentos dos níveis médio e superior, que impede pagar o piso nacional.

A proposta resolve o problema ou é um embuste?
Essa proposta não altera o essencial. Será que o governo Tarso quer sinalizar que não está subordinado à pauta do Cpers?! Ou quer intensificar o conflito, levando o Cpers à greve? Se não é possível pagar o piso nesta carreira, se a greve é inevitável (19 no país depois da decisão do STF em abril), não será melhor a paralisação do magistério agora, e não no ano eleitoral de 2012?!