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O Brasil precisa de um pacto que faça com que o câmbio
flutue em torno do equilíbrio competitivo e acabe com a desindustrialização do
país
A economia brasileira está semiestagnada se analisarmos
no longo prazo. Desde 1980, o crescimento per capita é inferior a 1%, contra
4,1%, entre 1950 e 1979. No curto prazo, há também uma crise porque em 2014 não
houve crescimento e hoje o país está entrando em recessão.
Não devemos, entretanto, exagerar a dimensão da crise
econômica de curto prazo. O desempenho do governo Dilma, afinal, foi semelhante
ao do governo FHC, e o de Lula só foi melhor porque se beneficiou de um boom
das commodities.
Já a crise política que o governo Dilma enfrenta neste
começo de segundo mandato é grave. Não é uma crise de Estado, cujas
instituições estão fortes, mas de governo, porque, além de ter perdido apoio na
sociedade civil --onde os ricos pesam mais--, perdeu popularidade.
Os erros econômicos e políticos cometidos pela
presidente, somados à violenta queda no preço das commodities, ajudam a
explicar a sua perda de popularidade.
A explicação fundamental, no entanto, está na hegemonia
ideológica do conservadorismo liberal, que dá à crise econômica de curto prazo
uma dimensão que ela não tem, que acusa a presidente de "estelionato"
eleitoral porque ela está fazendo o que tem que fazer e que procura vinculá-la
ao escândalo da Petrobras sem qualquer fundamento.
Felizmente, a democracia está consolidada no Brasil. São
as instituições do Estado brasileiro que estão desvendando e processando os
escândalos que se sucedem. O último dos quais --e de longe o mais custoso para
a nação--, a quadrilha descoberta na Receita Federal, vem de longe e não
envolve políticos, apenas empresas e funcionários.
Como informou Elio Gaspari nesta Folha, durante o
período de Guido Mantega no Ministério da Fazenda os acordos criminosos entre
empresas e funcionários "foram combatidos e gente séria estima que, se a
taxa de malandragens era de 70%, hoje estaria em 30%".
O que fazer diante da crise política? Continuar a dar
ênfase à falta de controle do governo sobre sua base aliada, principalmente o
PMDB? Para quê? Para confirmar o que o governo está com grande dificuldade de
governar? Continuar a promover manifestações de rua para mostrar indignação
contra a corrupção? Para mostrar falta de apoio ao governo? Para gritar "fora
Dilma"?
É, então, o golpe de Estado que se quer? Para obrigar
Dilma a trair seus princípios e se submeter à política liberal e dependente que
a oposição defende? Está claro que a presidente tem limitações e cometeu erros,
mas é uma mulher corajosa e dotada de forte espírito público, que não trai seus
princípios.
É óbvio que não é por aí que se enfrentará e que se
resolverá a crise política atual, que inviabiliza o governo e prejudica o país.
Dado que a democracia está consolidada no Brasil, e se nada for feito, teremos
quatro anos de pouco governo.
A prioridade hoje é resolver a crise econômica de curto
prazo, mas o ajuste fiscal que se impõe já está sendo feito. Apesar disso, não
nos enganemos, o ajuste não resolverá a semiestagnação de longo prazo.
Para superá-la o Brasil precisa de um pacto político que
faça a crítica da alta preferência pelo consumo imediato e que faça com que a
taxa de câmbio passe a flutuar em torno do equilíbrio competitivo, eliminando a
grande desvantagem que está desindustrializando o país.
Isso significa que o pacto não deve dar a vitória ao
liberalismo dependente de direita, que é, por definição, incapaz de resolver
esse problema estrutural, nem insistir em um desenvolvimentismo de esquerda
avesso ao lucro das empresas, que também fracassou em lograr a retomada do
desenvolvimento.
Esse grande acordo político deve ser desenvolvimentista
porque é defensor de uma inserção competitiva na economia mundial, e não de uma
inserção subordinada. Deve ser de centro, em vez de direita ou de esquerda,
porque não deve dar preferência nem aos trabalhadores nem aos empresários.
Deve ter como pressuposto a rejeição do populismo
cambial, o que caracteriza a política econômica brasileira desde 1994. Deve ser
um acordo que garanta câmbio e lucro satisfatórios para os empresários, emprego
e salários aumentando com a produtividade para os trabalhadores, e taxa de
juros internacional para os rentistas.
* LUIZ CARLOS BRESSER-PEREIRA, 80, é professor emérito de
economia, teoria política e teoria social da FGV. Foi ministro da Fazenda
(governo Sarney), da Administração e Reforma do Estado e da Ciência e
Tecnologia (governo FHC)
9 comentários:
pacto politico é o c....
queremos é esse governo fora...
agora que estao por baixo querem pacto...
vtnc!
Caro editor,
Tu poderias explicar melhor teu ponto de vista em relação à proposta do Bresser ? Pelo título está claro que tu não gostaste da proposta mas gostaria que explicasses porque não e qual a tua sugestão para sairmos do atoleiro em que estamos. Afinal, a baixa competitividade do nosso país se deve também à apreciação exagerada de nossa moeda desde 1994 com breves períodos de desvalorização.
Polibio, o texto tem uma ideia lastimável de um fraco consultor. O plano é só mais um devaneio de um "Economista" que ninguém mais presta atenção a não ser pela nova roupa de tucano arrependido ou petista recém convertido.
Agora me perdoe, enxergar nesse plano uma conspiração de Paulistas é como ver fantasmas e sabemos que eles não existem. Abs
Me lembro do plano bresser desse idiota. Acho que êle quando nasceu tomou água de parto.
Manda o Presser planar batatas. Talvez ele seja mais útil do que ficar falando asneiras.
Polibio,nesta vc está pensando como a maioria dos congressista que acham que enfraquecendo a economia de São Paulo vai fortalecer dos outros Estados.Estas redondamente enganado.Veja o caso do RS em relação a Santa Catarina,enquanto Santa Catarina absolve indústria o RS com políticas esquerdistas vai expulsando do Estado.O que atrai indústria é mercado e infraestrutura coisa que depende muito do Governo Federal que não tem feito a parte que lhe pertence.O Governo de São Paulo tem investido muito em infraestrutura com seus próprios recursos pois se depender do Governo Federal estaria na miséria.São Paulo envia ao Governo Federal 300 bilhões anuais em impostos que seria para aplicar nos outros Estados da federação.Acho que o seu alvo,Políbio,quanto dos congressistas está errado.
São Paulo e Rio de Janeiro pagam o pato por serem grandes demais. Tem muitas opções de lazer para se viver bem, mas, tudo lá é caos. Nem vou me dar o trabalho de repetir. O Brasil precisa desconcentrar sua produção. Alguma coisa já foi feita mas, as custas de exagerado incentivo fiscal.
Que PLANO foi o PLANO BRESSER, uma
BOSTA igual ao CRIADOR, foi uma
bosta TÃO GRANDE que ANOS depois
o governo teve que DEVOLVER o
DINHEIRO ROUBADO pelo plano deste
BOSTA. Sai daí, imundicie.
Bresser Pereira? Esse cara não morreu ainda? Cala a boca e vai pra casa seu babaca.
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