Marcel van Hattem*
O que virá após a primavera árabe? Dez entre dez analistas de conjuntura internacional tentam dar resposta a esta pergunta, conjeturam sobre o futuro dos sistemas políticos no Magreb e tentam explicar de que forma evoluirão os acontecimentos. De pessimistas ceéicos a otimistas ingênuos, especialistas dos mais diferentes matizes ideológicos especulam sobre uma possivel transição democrática abordando tal processo de maneira muitas vezes controversa e descolada da realidade.
Por quê?
Emmanuel Martin, Dr. em Economia pela Université Aix-en-Provence, na Franca, e palestrante na I Conferência dos Estudantes pela Liberdade – Europa, em Leuven, Belgica, de que participei no fim de semana, argumenta que a pergunta não pode ter uma resposta coerente se não levarmos em conta o que gerou a onda de revoltas populares no mundo árabe. Mohammed Bouazizi, precisa ser lembrado como o autor do grito final de desespero de todos os povos que enfrentam governos opressores que lhes negam seus direitos mais básicos: Bouazizi ateou fogo ao seu proprio corpo em protesto contra os fiscais do governo que o achacavam para que pudesse continuar vendendo suas frutas e verduras na feira em Túnis para sustentar sua familia.
Sem direito à livre expressão, sem Estado Democrático de Direito e sem liberdade econômica, o jovem de 26 anos morreu em decorrência de seu martirio em praça pública. Jovens como Bouazizi, muitos com diploma universitário, não conseguem empregos nem de longe condizentes com suas formações em países governados por ditadores cruéis e obcecados por oprimir seus concidadãos para manterem-se no poder.
Como alertei em artigo publicado em fevereiro passado, infelizmente o fim de ditaduras nao significa a emergencia de democracias, mas ao contrario, pode acarretar no surgimento de novas ditaduras. (CLIQUE AQUI para ler - Revolta nos Paises Arabes: caminho para a democracia ou para novas ditaduras?). Ao citar as causas da crise e o mártir Bouazizi como figura central, inicial e simbólica da Primavera Árabe, Martin foi claro: após a Primavera Árabe só poderá haver bom tempo se os regimes vindouros forem mais democráticos e mais abertos à garantia dos direitos humanos mais fundamentais, como as liberdade de expressão, de associação, de religiao e de propriedade, entre outros direitos individuais básicos. As recentes notícias vindas da regiao, entretanto, como o anúncio líbio da adoção de um regime antes teocráticos do que democrático ou do apego que demonstram pelo poder os militares egipcios, infelizmente apontam na direção oposta.
*Marcel van Hattem estuda na Universidade de Leiden, Holanda, onde cursa Ciência Política - Política Comparada e Democracia e é Diretor Acadêmico da Fundação Tarso Dutra de Estudos Políticos, Pesquisas e Administração Pública. É bacharel em Relações Internacionais e especialista em Direito, Economia e Democracia Constitucional (UFRGS) e foi vereador em Dois Irmãos/RS.
http://dooid.com/marcelvanhattem
4 comentários:
É difícil que a política do berro de uma percentagem ignorada da população signifique melhoria. Na base do berro, do fogo na praça, do quebra-quebra não se favorece estes valores apontados pelo articulista.
Sr Polibio Braga:
A Irmandade Mulsumana é quem dá as cartas.Ficam nos bastidores,é a mão que sinaliza o movimneto primavera árabe.
O movimento é para ter uma região dominada pelas leis islâmicas em contra ponto o estado laico e democracia.
Simples assim.
Poderiamos exportar uns GAÚCHOS POLITIZADOS PARA LÁ ASSIM A PRIMAVERA ÁRABE VIRARIA OUTONO, ,COM INDUSTRIAS SAINDO DA REGIÃO E INDO PARA A BAHIA
É PARA RIR E NÃO CHORAR
Sauidações
Em 2008 o governo inglês esteve reunido com Kadhafi para renegociar contratos de petróleo a preço baixo. O líbio não aceitou as condições e fez contratos com empresas não inglesas. Já se sabe o resultado. By the way e sem defender Kadhafi, um casal recebia casa e estudos gratuitos para seus filhos até se formarem na faculdade, em qualquer lugar do mundo. Interessante que Kadhafi tenha recebido da ONU prêmios e mais prêmios. Em resumo, tudo pela democracia (petróleo). O mesmo se deu no Iraque. Aliás, por lá tem a maior mina do mundo de lítio. Por fim, não sou a favor de ditaduras, sejam de esquerda ou direita, nem petralha.
Tanto uma ditadura quanto uma democracia podem permitir ao indivíduo que tenha uma remuneração de acordo com a sua capacidade e conhecimento, dentro de um estado que permita o desenvolvimento econômico. A China é prova de um lado, os EUA do outro.
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