Entrevista, Margrid Sauer - O que não pode é o eleitor ficar sem resposta

ENTREVISTA

Margrid Sauer, diretora do Instituto Amostra

Neste segundo turno, o candidato Tarso Genro retomou a linha de críticas e ataques diretos ao adversário, desta vez José Sartori, que a exemplo de Ana Amélia também prefere não dar o troco. Sartori sofrerá o mesmo desgaste de Ana Amélia ?

Sartori chega bastante fortalecido ao final do primeiro turno. É uma condição diferente daquela em que Ana Amélia inicia a eleição, onde os demais candidatos eram desconhecidos do eleitor e a escolha em Ana Amélia se dá, basicamente, pelo conhecimento que ela já tinha junto ao eleitorado. 

Quanto a Sartori sofrer o mesmo desgaste de Ana Amélia, isso depende de como sua campanha vai encarar as críticas do adversário. O que não pode é o eleitor ficar sem resposta.

Os marqueteiros sempre disseram que ataques pesados fariam mais mal a quem os faz do que aos agredidos, mas Dilma e Tarso insistem neste tipo de prática. Os marqueteiros estavam errados ?

O exercício do voto faz com que o eleitor entenda que as críticas e ataques fazem parte do processo. É importante destacar que os eleitores também esperam por propostas e perde quem as deixa de fazer, para tão somente criticar o adversário. Então, tudo é uma questão de “medida”.

Ana Amélia foi a terceira mais votada. Seus votos são transferidos para Sartori, a quem resolveu apoiar ?  

Quem estava votando em Ana Amélia já estava fazendo uma opção por outro candidato, que não o atual governador, tendendo agora a migrar para Sartori. Observemos o desempenho do candidato Tarso Genro durante o primeiro turno. Seus percentuais ficaram sempre em torno de 30%. Tarso não cresceu. Tarso Genro terá dificuldades para buscar novos votos, uma vez que não conseguiu fazer isso no primeiro turno.

De onde poderão vir os votos que Tarso precisará para ultrapassar Sartori ?

Dos eleitores mais indecisos, que não gostam de Sartori e no primeiro turno fizeram a opção por Ana Amélia ou por outro candidato mais a esquerda, como o PSOL, por exemplo.

É da tradição eleitoral gaúcha que o segundo colocado no segundo turno possa ultrapassar o favorito ?

Nas últimas três eleições quem terminou o primeiro turno em primeiro lugar foi quem venceu a eleição, a exemplo de Rigotto e Yeda Crusius. Tarso Genro venceu em 2010 no primeiro turno. Acredito que Sartori tende a repetir a mesma tendência do primeiro turno, mantendo-se a frente, assim como fizeram Rigotto e Yeda.  

E-mail: margrid.sauer@institutoamostra.com.br