A TV Brasil completa um ano no próximo dia 2, ainda longe de ser a rede pública nacional que o presidente Lula imaginou. Com um orçamento de R$ 350 milhões, a emissora é traço no Ibope, tem cobertura restrita e depende de programação que herdou da TVE.
. Leia abaixo a coluna completa de Daniel Castro, publicada no jornal Folha de S.Paulo desta segunda-feira (24).
A TV Brasil completa um ano no dia 2 ainda longe de ser a rede pública nacional que o presidente Lula imaginou. Apesar do orçamento de R$ 350 milhões, pomposo para o padrão de TV pública, a emissora é traço no Ibope, tem cobertura restrita e depende de programação que herdou da TVE.
Em São Paulo, principal mercado do país, seu sinal só chega dia 1º, e apenas para quem tem receptor de TV digital. O canal analógico só deverá ser inaugurado em março ou abril. A TV Brasil teve problemas com a importação de transmissores e, depois, com interferências causadas por seus canais.
Hoje, o sinal aberto da TV Brasil só cobre Rio, Brasília e São Luís, além de parabólicas.
Segundo Tereza Cruvinel, presidente da emissora, esse quadro vai mudar em 2009. Serão 39 novas retransmissoras e pelo menos quatro horas de sua programação em TVs públicas de todo o país (menos Cultura).
A TV sofreu para lançar programas. "Não investimos mais porque não tínhamos equipamentos. Estamos licitando mais de R$ 100 milhões em equipamentos", diz Cruvinel.
A compra de conteúdo independente esbarrou na burocracia, porque empresas públicas têm de realizar processos licitatórios. "Estamos há mais de seis meses tentando comprar um programa independente, a "Revista África'", lamenta.
Cruvinel afirma que o "desafio" da TV Brasil é combinar "agilidade" com "legalidade". Ela tenta enquadrar como modalidade de concorrência o pitching, processo usado na TV paga para selecionar projetos.
No Ibope, a TV Brasil não aconteceu. No Rio, sua média diária nos últimos meses foi de 0,4 ponto, ou seja, traço. Cruvinel contesta. "Não é justo considerar a audiência do Rio de Janeiro, porque lá a TV Brasil não foi um fato novo", diz, argumentando que é preciso "aferir o "Repórter Brasil", que é um produto que lançamos".
O telejornal, entretanto, não aparece na lista dos dez programas da TV Brasil mais vistos no Rio no início deste mês. Nesse ranking, só um, o "Programa de Cinema", líder, com 1,52 ponto, é criação da nova TV pública.
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