Em 2010, o PSDB realizou façanha de razoável monta. Seu candidato à Presidência da República, José Serra - em disputa contra a então candidata Dilma Rousseff, apoiada na figura pública de maior popularidade em toda a história republicana brasileira -, amealhou 43% dos votos válidos no segundo turno. Venceu nas regiões Sul e Centro-Oeste e no Estado de São Paulo. O partido foi ainda vitorioso em oito governos estaduais, incluindo São Paulo e Minas Gerais. É de se perguntar o que o PSDB tem dito aos 44 milhões de eleitores que sufragaram José Serra. Que versão alternativa de país o partido tem apresentado, para além da esgrima da política diária e da opção pela lavagem ética como bandeira maior? Se é possível falar em estelionato eleitoral quando um governo eleito viola de forma explícita expectativas que suscitou no eleitorado, é mesmo o caso de admitir uma variante específica para o caso de oposições absenteístas.
. O fato é que o PIB político do País anda raquítico em termos do que poderíamos designar como cultura de oposição. Ao se fazer governo, a partir de 2003, o PT deixou vago o posto antes ocupado por uma oposição a um só tempo política, social e com tinturas programáticas.
. Nascido de um rompante de oposição ao governo Sarney, o PSDB, de fins do consulado celerado eleito em 1989 até 2002, constituiu-se como um partido assentado em uma cultura de governo. Foi sucedido por um governo que se apoiou em várias das inovações básicas introduzidas pelo consulado tucano, a elas acrescentando tanto aperfeiçoamentos como aloprações. Em seu DNA, o componente oposicionista - capaz de associar peso político, base social e consistência de programa - é menos evidente do que o esforço de conceber reformas e mudança "de dentro" do sistema de poder. Na rua, fica um tanto à míngua - como Alckmin a tomar o pior cafezinho do planeta, no Bar Amarelinho, no Rio de Janeiro, em 2002 (tive nesse dia a certeza de que iria perder) -, sobretudo quando não consegue distinguir-se programaticamente do que se lhe sucedeu. Em termos sucintos, o PSDB perdeu a montante - o governo - e parece ter nada ganho a jusante - capacidade de, como oposição, oferecer ao País um desenho alternativo. Do jeito que está, o PSDB corre o risco de reduzir-se a um partido estadualizado e, como tal, vulnerável às assimetrias do federalismo à brasileira - que faz dos governadores "parceiros" compulsórios da presidente - e incapaz de honrar os 44 milhões de votos nacionais amealhados em 2010.
. A vida é dura para os que subsistem fora da grande coalizão que governa a República. Mas pode ser ainda pior para quem não consegue dizer a que vem.
9 comentários:
meu Deus, parem com esse negocio de "versão alternativa" a oferecer ao eleitorado!
mesmo porque não ha "versão alternativa", pois o petismo a tomou pra si...
essa versão que ai esta, digamos, a oficial, eh a do PSDB e que foi sequestrada por Lula e seus asseclas...
do programa econômico aos programas sociais, tudo foi gatunado...
portanto, qual "versão" o PSDB ira apresentar ao programa de governo que era dele mesmo 8 anos atras????
ninguém esta nem ai pra isso...
queremos eh só oposição, pura e simples!
só isso já estaria de bom tamanho e aglutinaria mais alguns milhões de votos aos tucanos, de gente que se desencantou pelo meio do caminho com a campanha de Serra e acabou votando naquela la da floresta, que acha mesmo que teve 20 milhões de votos por causa da sua tétrica figura e seu seboso discurso ambiental...
mas os manes estão preocupados em realizar debates a que ninguém assiste...
e FHC mais preocupado ainda em liberar a maconha e jogar confetes na búlgara só porque ela lhe escreveu uma cartinha mimosa no dia do seu aniversario...
mesmo com toda a ajuda da economia e da maquina do estado dadas a búlgara governista, a oposição patética conseguiu 43 milhões de votos!!!!
mesmo com Serra fazendo besteira atras de besteira e indo aos debates propor mais cirurgias de varizes - coisa pra vereador de cidade do interior...
8 governadores que nada dizem, nada fazem "no que se refere" a oposição, muito pelo contrario, ficam por ai elogiando o "republicanismo" da búlgara em distribuir grana federal para os estados, coisa que não aconteça pela sua benevolência, mas porque o repasse esta na lei!
observação ao meu primeiro comentário...
não estava querendo dizer que as colocações feitas pelo sr Lessa estão equivocadas ou sem sentido...
o único problema eh que elas não servem ao eleitorado dessepaiz...
são ótimas observações caso fossem ser aplicadas na Dinamarca, na Holanda, na Suécia...
mas convenhamos, o eleitorado brasileiro esta distante alguns anos desse nível intelectual...
o que reina por essas terras eh o populismo sem-vergonha...
eh essa a linguagem que o povaréu compreende, tanto que Lula simplesmente fez a festa nos últimos 8 anos...
também não se trata do caso de nivelarmos tudo por baixo e entrar na onda do populismo barato, mas apenas adicionar ao discurso uma pitada de realidade...
o PSDB viaja demais na maionese...
Vamos por partes.
1) "ambiente de irrestrita liberdade de organização e de expressão"; não sei onde o senhor Renato Lessa vive, apenas lembro os inúmeros processos judiciais que os adversários políticos do petismo enfrentam pelo simples fato de serem oposição.
2)"conta com boa vontade de veículos de imprensa"; isso só pode ser piada, quem tem o governo federal e as estatais federais na mão com orçamentos bilionários é o petismo meu senhor.
3) "o que o PSDB tem dito aos 44 milhões de eleitores que sufragaram José Serra"; simples, é oposição ao projeto de poder petista que tenta se perpetuar no poder.
Concluindo.
4) "uma oposição a um só tempo política, social e com tinturas programáticas"; isso o PSDB possui de sobra, o que os tucanos não fazem, diferentemente da esquerdalha, é usar as entidades representativas para fins partidários.
5) "Movimentos sociais e vida associativa inscrevem-se hoje em uma lógica que é muito mais governamental e estatal"; óbvio que seguem a lógica do governo, são bem pagos com dinheiro público para apoiar o projeto de poder em vigor.
6) "o componente oposicionista - capaz de associar peso político, base social e consistência de programa". de novo, peso político e consistência programática o PSDB tem de sobra, quanto a dita "base social", o desafio dos tucanos é ampliá-la.
Serra teve 44000000 de votos, o PT não é unanimidade, longe disso. Tem que saber capitalizar a insatisfação com a demagogia, com o populismo barato do PT. Agora, se deixarem para metade de 2014, aí já era.
Concordo com as observações do Anônimo. Melhor que o artigo em questão.
Pois,eu acho que o PSDB está fazendo a oposição possível,diante da vantagem avassaladora do governo no congresso. No fim eu acho que parcela pequena(basta ver o número que foram às ruas) dos 44 milhões é que não suporta mais o pt e gostaria de dar um golpe. Coisa que o PSDB não quer,afinal,quem ganharia com algo parecido com isso que fosse? O Brasil certamente não seria. Depois tem mais,o PSDB não é um partido morto não senhor,ele está dando mostras de maturidade nas derrotas. Não acho que sair rua a fora mordendo todo mundo,feito cachorro louco seja fazer boa oposição. Ainda estamos dentro do ano em que esse governo se elegeu,é natural que as coisas estejam se acomodando. Pra mim o PSDB está recebendo críticas por suas principais virtudes,mesmo que venham aqui dizer: Se fosse na Suécia tudo bem que fosse assim. Não acho que por ser Brasil o proceder deva ser diferente,afinal,por que os suecos podem pensarem no bem do país e os brasileiros não? Agora vão quererem que a oposição se torne um monte de bolsonaros pra serem brasileiros? O cara tem olho de louco e acho que esses que querem porque querem que o PSDB perca a linha também devem terem. Se o PSDB não engrossa o coro de destemperados que pedem golpe,ponto pra ele. Isso dito por quem só tem votado em trânsito ultimamente,e se fosse votar,votaria nulo. Agora posso pensar no PSDB.
A resposta é: os parlamentares da oposição tiveram suas emendas aprovadas ao longo dos últimos anos.
O pt nunca foi maioria neste Brasil, 44 milhões do Serra mais os milhões de votos nulos e em brancos eos que vão se negar a votar na próxima eleição no caso eu e mais alnus milhões. edus
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