Como o editor já tinha adiantado logo no início do dia, o IBGE acabou por confirmar que a produção industrial recuou 0,7% entre novembro e
dezembro, descontada a sazonalidade, de acordo com a Pesquisa Industrial
Mensal (PIM). Com isso, acumulou queda de 8,3% em 2015, o pior resultado
anual da série histórica iniciada em 2002. Na comparação com dezembro de 2014,
houve retração de 11,9%.
O economista Octávio de Barros, diretor de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco, acaba de analisar os números.
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O recuo da atividade industrial na margem foi
impulsionado pela retração de 13 dos 24 setores pesquisados, com destaque para
bebidas e máquinas e equipamentos, que registraram variações negativas de 8,4%
e 8,3%, respectivamente. Já o segmento de veículos automotores, reboques e
carrocerias ampliou a alta observada em novembro, com crescimento de 4,7%. No
mesmo sentido, equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos
apresentaram elevação de 12,2% em relação a novembro.
Entre as categorias de uso, a de bens de capital
intensificou a contração verificada nos últimos meses, com forte recuo de
8,2% na margem. No ano, acumulou retração de 25,5%. Já a produção de bens de
consumo duráveis avançou 9,4% entre novembro e o último mês de 2015, expansão
insuficiente, porém, para reverter a queda acumulada de 18,7% no ano passado.
No mesmo sentido, os bens semiduráveis e não duráveis tiveram alta de 0,3% na
margem, mas declinaram 6,7% em 2015. Em consonância com os demais segmentos, os
bens intermediários também registraram elevação em dezembro (0,7%), entretanto,
acumularam variação negativa de 5,2% no ano passado.
Mantemos, assim, nossa expectativa de continuidade do
fraco desempenho da indústria nos próximos meses. Apesar da leve alta na margem
da confiança do empresariado industrial nas últimas leituras da Sondagem da
Indústria da FGV, seu baixo patamar ainda sugere queda da atividade do setor à
frente. Além disso, os estoques mantiveram-se em níveis elevados, a despeito da
redução observada nos últimos dois meses. Por fim, o setor de construção civil
mantém o ajuste em sua cadeia produtiva (os insumos típicos da construção civil
acumularam recuo de 12,9% em 2015), assim como o segmento de veículos
automotores. O resultado de hoje também reforça nossa expectativa de contração
do PIB no quarto trimestre, da ordem de 1,5% na margem.