Encerrada a festa de aniversário do templo, Lucas levou
em seu carro Mariana e as duas filhas dela (onze e nove anos) ao prédio da rua
de nome nobre, onde ela morava. Chegaram às 14h36m, cerca de três minutos
depois o empresário partiu. Partiu mas retornou, às 15h11m, subiu pelo elevador
ao apartamento da cunhada e lá permaneceu 40 minutos. Eis que ele reaparece
diante das câmeras distribuídas no interior do edifico, agitado demais,
transtornado demais, braços e rosto com arranhões – sim, a vítima Mariana lutou
com Lucas, repeliu-o em seu assédio. Repelido, veio a raiva que é misto de
desejo e ódio, e aos loucos excita ainda mais. Com a raiva veio o estupro; do
estupro à asfixia é caminho curto nos movimentos robotizados da psicopatia.
Facilmente preso porque as câmeras mostram que foi o único a entrar no
apartamento, Lucas contou que, ao retornar, encontrou a cunhada nua na cama e
“não resisti à vontade”. Faz-se aqui as seguintes indagações, desculpem se
óbvias, mas convém registrá-las porque a polícia não as fez: senhor Lucas, a
porta do apartamento estava aberta quando o senhor voltou? Se não estava, o
senhor tinha a chave do apartamento?
(...)
E a ferida será ainda mais sangrada pelo dever de ofício
da polícia que seguirá duas hipóteses. A primeira: Lucas teria relações
homossexuais, Mariana descobrira o segredo e ameaçava revelá-lo à irmã. Por
isso morreu. Ela própria, Mariana, ficara indignada porque nutria, digamos, certa
admiração por Lucas, e ia espalhar a história do homossexualismo para todo o
mundo. Também por isso morreu. Mas deixemos as suposições ao encargo da polícia, que ganha para isso, e assim afasto
de mim e do leitor o cálice dos devaneios que levam a falsas conclusões. O que
é impossível afastar da memória coletiva, porque todos esses personagens são
famosos e poderosos, é que aconteceu um crime no clã Sarney. E os já baqueados
Sarney não esquecerão jamais de uma rua de rei na ensolarada São Luis do Maranhão.
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