A revista Veja que já começou a circular em São Paulo conta que Léo Pinheiro, executivo da OAS se ofereceu para contar à Lava Jato segredos
devastadores sobre Lula. Em troca de benefícios legais, Léo Pinheiro promete
revelar, em delação premiada, o que viu, ouviu e fez nos anos em que
compartilhou da intimidade do ex-presidente
A reportagem da revista é assinada por Robson Bonin, com reportagem de Adriano
Ceolin.
Leia:
Léo e Lula são bons amigos. Mais do que por amizade, eles
se uniram por interesses comuns. Léo era operador da empreiteira OAS em
Brasília. Lula era presidente do Brasil e operado pela OAS. Na linguagem dos
arranjos de poder baseados na troca de favores, operar significa, em bom
português, comprar. Agora operador e operado enfrentam circunstâncias amargas.
O operador esteve há até pouco tempo preso em uma penitenciária em Curitiba. Em
prisão domiciliar, continua enterrado até o pescoço em suspeitas de crimes que
podem levá-lo a cumprir pena de dezenas de anos de reclusão. O operado está
assustado, mas em liberdade. Em breve, Léo, o operador, vai relatar ao
Ministério Público Federal os detalhes de sua simbiótica convivência com Lula,
o operado. Agora o ganho de um significará a ruína do outro. Léo quer se valer
da lei sancionada pela presidente Dilma Rousseff, a delação premiada, para
reduzir drasticamente sua pena em troca de informações sobre a participação de
Lula no petrolão, o gigantesco esquema de corrupção armado na Petrobras para
financiar o PT e outros partidos da base aliada do governo.
Por meio do mecanismo das delações premiadas de donos e
altos executivos de empreiteiras, os procuradores já obtiveram indícios que
podem levar à condenação de dois ex-ministros da era lulista, Antonio Palocci e
José Dirceu. Delatores premiados relataram operações que põem em dúvida até
mesmo a santidade dos recursos doados às campanhas presidenciais de Dilma
Rousseff em 2010 e 2014 e à de Lula em 2006. As informações prestadas
permitiram a procuradores e delegados desenhar com precisão inédita na história
judicial brasileira o funcionamento do esquema de sangria de dinheiro da
Petrobras com o objetivo de financiar a manutenção do grupo político petista no
poder.
É nessa teia finamente tecida pelos procuradores da
Operação Lava-Jato que Léo e Lula se encontram. Amigo e confidente de Lula, o
ex-presidente da construtora OAS Léo Pinheiro autorizou seus advogados a
negociar com o Ministério Público Federal um acordo de colaboração. As
conversas estão em curso e o cardápio sobre a mesa. Com medo de voltar à
cadeia, depois de passar seis meses preso em Curitiba, Pinheiro prometeu
fornecer provas de que Lula patrocinou o esquema de corrupção na Petrobras,
exatamente como afirmara o doleiro Alberto Youssef em depoimento no ano
passado. O executivo da OAS se dispôs a explicar como o ex-presidente se
beneficiou fartamente da farra do dinheiro público roubado da Petrobras.