As imagens transmitidas na noite desta terça-feira no Jornal da Band, mostram o doleiro Alberto Youssef barbudo, abatido, desfigurado, falando em tom próximo do sussurro, mas com frases bem articuladas e claras, como quando afirmou em depoimento à Justiça
Federal do Paraná,esta tarde, que providenciou o pagamento de 800.000
reais de propina para o PT.
Segundo ele, metade do dinheiro foi entregue na
porta do Diretório Nacional do partido, na rua Silveira Martins, na Sé, região
central de São Paulo.
Ele disse isto através de palavras escandidas sem meios termos, claras como filme de tela grande.
Uma nova e vergonhosa verdade despejada na cara dos petistas e do PT.
Como ficam os catões gaúchos do PT, Tarso, Olívio, Pont, diante desta nova e escabrosa história de assalto aos cofres da Petrobrás ?
A outra metade foi retirada no escritório de Youssef por
Marice Corrêa de Lima, cunhada do tesoureiro nacional da sigla, João Vaccari
Neto. O dinheiro foi repassado pelo favorecimento à empresa Toshiba em contrato
do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), da Petrobras, afirmou o
doleiro.
O tesoureiro nacional do PT, Vaccari Neto, e até sua cunhada, Marice, receberam o dinheiro sujo na porta do PT.
O pagamento para o PT foi feito em dois momentos, afirmou
o doleiro: "O primeiro valor foi retirado no meu escritório pela cunhada
dele. Entreguei pessoalmente. O segundo valor foi entregue na porta do
Diretório Nacional do PT pelo funcionário Rafael Ângulo, para que um
funcionário da Toshiba pudesse entregar ao Vaccari".
Além de ser o principal operador do PP no esquema de
corrupção da Petrobras, Youssef revelou que, pelo menos nessa operação,
providenciou também o pagamento de propina para o PT. Sobre o caso relatado no
depoimento anterior à Justiça, Youssef tinha explicado anteriormente em acordo
de delação premiada que houve pagamento de propina equivalente a 1% do valor do
contrato da Toshiba com a Petrobras para o PP e de proporção equivalente ao PT.
Os pagamentos de propina da Toshiba são investigados em
inquérito da Polícia Federal. Os investigadores já tiveram a confirmação de que
a Toshiba fez pagamentos de pelo menos um milhão de reais para a empreiteira
Rigidez, uma das empresas de fechada controladas por Youssef. O doleiro admitiu
em depoimento que o depósito foi feito para que ele repasse propina, em
espécie, para políticos e outros beneficiados no esquema de corrupção.
As transferências para Youssef e os pagamentos na porta
do PT não são as únicas operações atribuídas à Toshiba em investigação. Um
ex-funcionário do doleiro, Carlos Alberto Pereira da Costa, também ajudou a
polícia nas investigações e apresentou comprovantes bancários de uma
transferência de 400.000 reais de uma empresa do operador Cláudio Mente, que
também recebeu recursos da Toshiba.
Em nota, o PT negou que tenha recebido propina. "O
secretário Nacional de Finanças do PT, João Vaccari Neto, nega veementemente
que tenha recebido qualquer quantia em dinheiro por parte do senhor Alberto
Youssef ou de seus representantes", disse.
Youssef foi ouvido novamente, por requisição de seus
advogados, na ação penal em que é acusado de lavagem de dinheiro e evasão de
divisas por remessas ilegais ao exterior feitas pelo laboratório Labogen.
Odebrecht e Andrade Gutierrez - Youssef afirmou em
depoimento que recebeu pagamentos em espécie e em contas no exterior das
empreiteiras Odebrecht e Andrade Gutierrez, feitos para operar o pagamento de
propina a políticos e ex-diretores da estatal. A petroquímica Braskem,
controlada pela Odebrecht em sociedade com a Petrobras, também transferiu dinheiro
com a mesma finalidade, afirmou o doleiro.
De acordo com o doleiro, os recursos das empreiteiras
eram destinados ao pagamento de políticos beneficiados pelo esquema de
corrupção da Petrobras. No caso da Odebrecht, o dinheiro foi repassado a
Youssef em uma operação triangulada. O depósito na conta administrada pelo
doleiro foi feito pela construtora Del Sur, domiciliada no exterior. Depois de
receber o pagamento, ele diz que checou com um representante da Odebrecht se a
Del Sur foi a responsável por enviar o dinheiro da construtora.
Para que eu pudesse obter crédito, tive que checar
com quem mandou o valor", afirmou o doleiro em depoimento na 13ª Vara
Federal do Paraná.
Odebrecht e Andrade Gutierrez são investigadas pela
Polícia Federal pela suspeita de que pagaram propina a ex-diretores da
Petrobras e a políticos por facilidades na petrolífera. Youssef afirmou que
combinava o pagamento de propina pelos recursos desviados da Petrobras com os
executivos "Márcio Faria" e "Cesar Rocha", da Odebrecht.
Em um dos depoimentos prestados em acordo de delação
premiada no ano passado, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras tinha
afirmado que recebeu mais de 20 milhões de dólares da Odebrecht em contas na
Suíça, como recompensa por facilidades à empreiteira. Ele disse ainda que foi
um representante da construtora quem orientou que ele procurasse o operador
Bernardo Freiburghaus. A Odebrecht tenta atrasar o envio de dados bancários da
Suíça, enquanto o Ministério Público Federal ainda rastreia o dinheiro internacional
para confirmar a revelação do ex-diretor.