Esta noite, no Jornal Nacional, o senador Álvaro Dias, PSDB, usou de toda ironia para demonstrar que a reportagem da Folha de S. Paulo "avacalhou"com as sérias advertências que a presidente Dilma vinha fazendo aos espiões americanos. "Aqui a coisa é pequena, porque a espionagem tem verbas de apenas R$ 500 milhões por ano, contra US$ 22 bilhões dos americanos", disse Dias, que avisou o seguinte: "A espionagem dos governos do PT são mais modestas por causa da proporção, mas todos são espiões".
. Não é mais o Brasil, invadido pela espionagem americana,
quem está na posição de cobrar explicações dos Estados Unidos. Agora, é o Brasil
quem deve se explicar ao resto do mundo. É o que dizem senadores da oposição e até da base
governista. "Eu acho gravíssima essa espionagem, mas temos que ver o
contexto em que ela ocorreu, se teve autorização legal ou da Justiça. Se não,
parece dois pesos e duas medidas: faça o que eu mando, mas não faça o que eu
faço. O que nos permite sair dessa contradição é investigar", disse o
senador Ricardo Ferraço, presidente da Comissão de Relações Exteriores, que
defende a convocação do ministro José Eduardo Cardozo e do diretor-geral da
Abin, Wilson Trezza.
. "Qual a credibilidade que o governo brasileiro tem
para alavancar um movimento mundial contra os Estados Unidos? O governo perdeu
a oportunidade de ter feito um acordo com os americanos e uma discussão de alto
nível, ao invés desse "piti" de que estava sendo monitorado",
afirmou o líder do DEM, Ronaldo Caiado. Já o tucano Álvaro Dias repetiu um
argumento que vem sendo usado nos Estados Unidos. "Se há espionagem dos
Estados Unidos para cá, há também daqui para lá. O aparato é diferente, mas o
objetivo é o mesmo", disse ele.
Mais cedo, Fernando Rodrigues, um dos principais
colunistas da Folha, apontou a suposta contradição do governo brasileiro. Leia
abaixo:
Abin ameaça punir seus agentes por vazamento
O GSI (Gabinete de Segurança Institucional da Presidência
da República) divulgounota duríssima nesta segunda-feira (4.nov.2013)
ameaçando punir os funcionários do governo brasileiro que possam ter facilitado
o acesso a documentos secretos sobre atividades de espionagem.
Mesmo dizendo respeitar “os preceitos constitucionais de
liberdade de imprensa”, o Planalto informa, ameaçando, “que o vazamento de relatórios
classificados como secretos constitui crime e que os responsáveis serão
processados na forma da lei”. Foi uma resposta
à reportagem de Lucas Ferraz sobre a Abin ter espionado
funcionários de governos estrangeiros no Brasil nos anos de 2003 e 2004.
O GSI declara que a Abin faz “operações de
contrainteligência”.