Na foto, Lula, há quatro dias.
O título original do artigo é apenas "Piadas de salão". Leia:
BRASÍLIA - À usual retórica da "perseguição das
elites e da mídia", Lula adicionou troça para comentar o fato de que a PF
cumpriu o que a lei lhe ordenou e bateu nas portas de sua família numa
investigação.
No tom chão de fábrica que o tornou o melhor orador
popular do país, ironizou aos seus no encontro do PT de quinta (29) que suas
noras iriam acabar brigando pelas propinas que são atribuídas à sua família.
Lembrou um antigo companheiro seu, Delúbio Soares,
dizendo que o mensalão viraria "piada de salão". Bom, o ex-tesoureiro
petista acabou encarcerado no julgamento do caso.
A bazófia revela o nível de nossa política, numa semana
em que o Diabo se divertiu no cerrado: teve líder do PT incitando violência,
senador do DEM trocando impropérios com ministro, deputados irrelevantes fora
da rede social ganhando... rede social. Enquanto isso, o país manquitola para
2016 com o impeachment no ar e a economia bichada, e só agendas regressivas
avançam na Câmara.
Falta exemplo. Num lugar sério, filho de presidente é tão
escrutinado quanto o pai, e a máxima da mulher de César vale especialmente para
a "primeira-família". Aqui, não pode.
A despeito do desfecho das investigações, o caso em
questão na mira da Operação Zelotes permitiria em outro país levantar a
bandeira de uma necessidade civilizatória: a legalização e normatização do
lobby.
Enquanto lobista não andar com crachá, ele merecerá
relatórios policiais adjetivados e reportagens flertando com o udenismo. Claro,
a inércia deixa todo mundo feliz: o empresário atendido, o lobista comissionado
e a autoridade "presenteada".
Vivemos numa antessala do capitalismo. Demagogias
populistas, a maioria, mas não só, à esquerda, são triviais da academia às
cortes superiores, contaminando o debate, como prova o caso do financiamento
privado de campanhas.
A esperança poderia estar na política, mas aí você olha e
vê o vazio.