A prisão do tesoureiro João Vaccari compromete o PT e
agrava a situação política da presidente. O ex-dono do cofre petista é
investigado por ter desviado recursos para o partido durante uma década.
É o que avisa reportagem de seis páginas assinada por Claudio Dantas Sequeira na revista Istoé de hoje.
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Por volta das 6h da manhã da quarta-feira 15, a Polícia
Federal bateu à porta da casa de João Vaccari Neto em Moema, zona sul de São
Paulo. O petista se preparava para sua caminhada matinal e não ofereceu
resistência. Em tom sereno, pediu aos agentes alguns minutos para trocar o
moletom e o tênis. Vestiu uma calça jeans, camisa social xadrez e sapatos. Numa
pequena valise, que foi revistada, colocou peças de roupa íntima e material de
higiene pessoal. Poucas horas depois, Vaccari foi conduzido à carceragem da PF
em Curitiba, ponto de encontro dos réus do Petrolão. A prisão do até então dono
do cofre do PT, seguida da revelação dos agentes da Lava Jato de que ele
desviava recursos para a legenda havia 10 anos, compromete o partido e aproxima
a presidente Dilma Rousseff do escândalo. A força-tarefa já tem fortes indícios
de que as campanhas da petista em 2010 e 2014 foram abastecidas com dinheiro
ilegal, desviado de contratos da Petrobras. Além das doações oficiais, o MPF
descobriu que uma gráfica ligada ao PT foi usada para receber propina do
esquema. Registrada em nome do Sindicato dos Bancários de São Paulo e do
Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, a Editora Gráfica Atitude fez campanha
irregular para Dilma em 2010 – sendo inclusive multada pelo TSE – e, no ano
passado, publicou uma série de capas de apoio à reeleição da petista.
A pista da gráfica surgiu em depoimento complementar do
delator Augusto Mendonça, executivo da Setal Óleo e Gás, em 31 de março.
Mendonça contou que Vaccari lhe pediu que contribuísse com pagamentos à
Editora, em vez de proceder as habituais doações ao PT. A justificativa oficial
seria a publicação de propaganda na Revista do Brasil. Não há, porém, registro
de que tais anúncios foram publicados e nem havia interesse comercial da Setal
em fazê-lo. Segundo o delator, Vaccari, entre 2010 e 2013, o procurou em três
oportunidades para realizar os depósitos totalizando R$ 2,5 milhões. “Os
pagamentos foram efetuados de forma parcelada, mês a mês, neste período”,
disse. Para tentar conferir ares de legalidade aos repasses, todos
superfaturados, foram celebrados contratos de prestação de serviços, mesmo
expediente usado nos desvios das grandes obras da Petrobras. A quebra de sigilo
bancário da Atitude revelou 14 pagamentos de R$ 93.850,00 no período indicado,
num total de R$ 1,5 milhão.
Um dos dirigentes sindicais que administraram a gráfica
suspeita é José Lopes Feijó, nomeado assessor especial da Secretaria Geral da
Presidência. Feijó foi indicado na gestão de Gilberto Carvalho e permaneceu lá
com Miguel Rossetto. Ex-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e
dirigente da CUT, seu nome chegou a ser sondado para o Ministério do Trabalho.
Além dele, também passou pelo comando da Gráfica Atitude o petista Luiz Claudio
Marcolino. O sindicalista e ex-deputado estadual concorreu a deputado federal
no ano passado, arrecadando R$ 2,5 milhões, dos quais R$ 580 mil oriundos de
empresas encrencadas na Lava-Jato.
A Revista do Brasil é um órgão com viés partidário e sem
distribuição oficial. Sua tiragem tampouco é auditada pelo mercado, sendo
impossível verificar se os anúncios foram publicados e na quantidade negociada.
Ela foi condenada por propaganda eleitoral irregular em abril de 2012. O TSE
considerou que a publicação de outubro de 2010 enalteceu a candidatura de Dilma
“em manchetes, textos e editoriais, como se a candidata fosse a mais apta a
ocupar o cargo público pretendido”. A ministra relatora Nancy Andrighi acusou a
revista de fazer propaganda negativa de José Serra, então candidato do PSDB à
Presidência.
Para os investigadores, será necessário, agora, comprovar
a veiculação dos anúncios públicos e privados na Revista do Brasil. O MPF
também pedirá ao juiz Sérgio Moro a extensão da quebra do sigilo bancário,
fiscal e telefônico dos sindicatos que controlam a Gráfica Atitude e de seus
dirigentes. Em 2005, a CPI dos Correios descobriu caso semelhante, sugerindo
que esta é uma velha maneira de operar do PT. A DNA Propaganda, de Marcos
Valério, realizou depósitos na conta da Gráfica FG, ligada a uma associação
sindical beneficente. A justificativa da agência para repasse foi a impressão
de 1,5 milhão de folhetos informativos do Banco do Brasil. Assim como a
Atitude, a Gráfica FG era dirigida por um sindicalista, Tsukassa Isawa, do
Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Para o procurador Carlos Fernando dos Santos
Lima, integrante da força-tarefa da Lava Jato, o caso da Atitude reforça a
suspeita de uso de agências de publicidade para o pagamento de propina. “Isso
se liga naturalmente às investigações da área de comunicação. Vamos verificar
se há link com outros casos já divulgados”, disse. Lima se referia à recente
prisão do ex-deputado federal e ex-secretário de Comunicação do PT André
Vargas, acusado de receber propina pela intermediação de contratos da agência
Borghi Lowe com órgãos públicos, como o Ministério da Saúde.
Preocupada com a extensão da denúncia, Dilma determinou
que ninguém do governo se manifestasse sobre o tema. A ordem veio depois que o
ministro da Defesa, Jaques Wagner, deu declarações em apoio a Vaccari. A
verdade é que a presidente queria que o tesoureiro renunciasse meses atrás, mas
foi vencida pelo presidente do PT, Rui Falcão, a pedido de Lula. Nesse caso, o
PT jogou contra os interesses do Planalto, o que enfureceu Dilma, segundo
relato de interlocutores. Logo que soube da ação da PF contra Vaccari, Dilma
mandou o secretário de Comunicação do Palácio do Planalto, Edinho Silva, ficar
em contato permanente com Rui Falcão e o ex-presidente Lula. Àquela altura,
eles estavam reunidos na sede de seu instituto na capital paulista traçando as
estratégias de reação. Na conversa, concluíram que o cenário político voltou a
se agravar. Para Lula, Dilma está imersa numa piscina de ondas com pouquíssimo
espaço para respirar. Resta saber até quando terá fôlego. Depois de quase cinco
horas de uma conversa tensa, o presidente da legenda saiu da lá com a nota que
divulgaria logo depois em que o partido expressava seu apoio a Vaccari e
comunicava seu pedido de afastamento do cargo por questões “práticas e legais”.
O tom ameno da nota teve dois objetivos fundamentais.
Tentar minimizar o efeito da prisão de Vaccari e evitar “perdê-lo”, nas
palavras de Lula. O ex-presidente aconselhou Rui Falcão e outros dirigentes a
dar todo o apoio a Vaccari, inclusive assistência jurídica. A estratégia é a
mesma que a adotada com outro velho tesoureiro enrascado, Delúbio Soares, que
manteve-se calado mesmo depois de ser condenado pelo STF e ir para o Presídio
da Papuda. Os exemplos de Delúbio e do ex-diretor de Serviços da Petrobras
Renato Duque, que até agora sofreu em silêncio, foram exaltados por Lula. Ele
teme que Vaccari possa sucumbir à pressão psicológica de estar preso e resolver
contar tudo o que sabe, como tem ocorrido com a maioria dos ex-executivos da
Petrobras e das empreiteiras.
O maior temor no PT é de que o ex-tesoureiro não resista
à prisão de seus familiares. Sua cunhada Marice de Lima, que estava foragida da
polícia, se entregou na carceragem da PF, em Curitiba, na sexta-feira 17. Sua
esposa Giselda Lima foi alvo de mandado de condução coercitiva para depor na
PF. Como ela estava em casa e mostrou-se emocionalmente muito abalada, Vaccari
convenceu os policiais a tomarem o depoimento dela ali mesmo, evitando mais
exposição e desgaste. Mas ainda existe o risco de Giselda ser convocada para
prestar novos esclarecimentos. O MPF descobriu que ela recebeu R$ 8,9 milhões
entre 2006 e 2014. No extrato bancário dela, há movimentações atípicas. Só em
2011, a aposentada recebeu mais de R$ 1 milhão, uma média mensal de R$ 90 mil –
três vezes o teto do funcionalismo público.
Para os investigadores, Giselda pode ter servido com
“laranja” de Youssef. Em 2009, ela declarou à Receita Federal a compra de um
apartamento em São Paulo por R$ 500 mil. A quebra de sigilo revelou que o valor
pago pelo imóvel foi de R$ 650 mil, o que configuraria sonegação. Desse total,
ela disse ter amealhado R$ 400 mil a partir de um “empréstimo” contraído da
empresa Comércio de Produtos Agropecuários (CRA), que pertence a Carlos Alberto
Costa – laranja de Youssef na CSA Project Finance – e também a Claudio Augusto
Mente, amigo de Vaccari e ponte do doleiro com os fundos de pensão. Para o MPF,
os R$ 400 mil podem estar relacionados ao pagamento de propina pela Toshiba
para obter contratos no Comperj. Outra movimentação suspeita de Giselda é uma
doação de R$ 280 mil à própria filha Nayara de Lima Vaccari. O dinheiro não
circulou por sua conta corrente, tendo sido sacado em espécie direto da conta
de Gisela. Valor idêntico, porém, foi depositado pela empresa Viena de
Indaiatuba Inc Imobiliária, numa operação sem lastro. “Há suspeitas fundadas de
que o depósito da Viena seja pagamento de vantagem indevida, sendo que a
simulação de doação serviu apenas como estratagema para legitimar o recebimento
do valor na conta corrente”, diz o MPF. Além disso, relatório fiscal que
embasou a prisão do tesoureiro aponta que Nayara teve “significativo incremento
patrimonial”. Entre 2012 e 2013, seus bens passaram de R$ 441 mil para R$ 1,04
milhão.
Para o Ministério Público Federal, já não há mais dúvidas
de que Vaccari era o “operador financeiro da propina” do PT, muito antes de se
tornar tesoureiro da legenda em 2010. A força tarefa descobriu que os repasses
de propinas foram realizados a partir de 2008. “Antes mesmo de passar a ocupar
o cargo de tesoureiro nacional do PT, foi responsável em conjunto com o
ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque por receber em nome desta
agremiação, mediante doações eleitorais, uma boa parte da propina dirigida à
Direitoria de Serviços”, informa. Para o MPF, a prisão de Vaccari era
necessária para “interromper a prática habitual, profissional e sofisticada de
uma sucessão de crimes” e “assegurar que não exerça influências políticas que
atrapalhem as investigações”. Os procuradores falam ainda do risco de que
“parte das doações de 2014 das empresas investigadas na Operação Lava Jato
seriam na realidade pagamento de vantagem indevida” e tomaram também como base
o processo que Vaccari responde na Justiça de São Paulo por suspeita de fraudes
que teriam desviado R$ 100 milhões dos cofres da Bancoop (Cooperativa de
Bancários de São Paulo), um escândalo revelado por ISTOÉ em 2004 . Fruto da
contribuição dos cooperados e de investimentos da Funcef e da Previ, o dinheiro
deveria ter sido usado para a construção de unidades habitacionais pela
construtora OAS. Embora tenha dado o calote em quase 3 mil associados, a
empreiteira entregou os apartamentos de dirigentes do PT, incluídos aí Vaccari
e sua cunhada Marice Correia de Lima, além do ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, que comprou um apartamento no Guarujá.
Para a oposição, a prisão de Vaccari torna a situação de
Dilma ainda mais delicada. O líder do PSDB na Câmara dos Deputados, Carlos
Sampaio (SP), disse que o PT “é financiado pelo crime”. “Isso complica a
situação da presidente Dilma porque evidencia que ela se beneficiou do esquema
de corrupção na Petrobras”, diz. O senador e presidente nacional do PSDB, Aécio
Neves, classificou a situação como “o mais triste retrato de um partido
político que abdicou de um projeto de país para se manter a qualquer custo no
poder”. Já o líder do DEM na Câmara dos Deputados, Mendonça Filho (PE), disse
que a prisão comprova “que a corrupção na Petrobras tinha como finalidade o uso
dos recursos desviados para financiamento ilegal de financiamento de campanha
do PT e aliados”. Em razão da denúncia, Mendonça defende a cassação do registro
do partido. O cerco sobre Dilma e o PT se fecha.
Se o tesoureiro petralha está metido na roubalheira e tem provas disso, é lógico que a campanha da vaca recebeu dinheiro sujo e está comprometida! Ou alguém quer ver fotos da terrorista com dinheiro enfiado na calçola?
ResponderExcluirSTF EM XEQUE > EX MINISTRO E ADVOGADO MARCIO THOMAS BASTOS ERA REPASSADOR DE PROPINAS, CONFORME JORNAIS DE HOJE.
ResponderExcluirIMORALIDADE INSTALADOS EM TODOS OS PODERES DA REPÚBLICA.
VERGONHA NACIONAL E INTERNACIONAL.
Ja fizeram 12 operações na lava jato e em todas o editor pega um preso e diz que chegaram a Dilma ou ao planalto quer por quer derrubar a presidenta alias esta esperando agora a 1 decima terceira que liga o numero do PT 13 a operação até quando vai a sua virulência editor. vais sofrer até 2026 ou morreras de desgosto antes.
ResponderExcluirDILMA merce passar o que está passando, se é que tem alguma consciência. Nós não merecemos pagar a conta de TANTA ROUBALHEIRA e TANTA BARBEIRAGEM dela.
ResponderExcluirDILMA! Se forem realmente honesta consigo mesma, FAÇA o favor de renunciar. Brasil agradece.
ROUBARAM TODOS OS FUNDOS DE PENSÕES.
ResponderExcluirFUNCIONÁRIOS DOS CORREIOS JÁ COMEÇARAM OS DESCONTOS PARA COBRIR.
CAIXA FEDERAL VAI FAZER O MESMO, TAMBÉM ROUBARAM. FUNCIONÁRIOS VÃO TER QUE PAGAR O ROMBO.
MUITO FÁCIL ROUBAM E FUNCIONÁRIOS PAGAM.
ORA! Sr. anonimo das 23:23, estes funcionários eram e alguns ainda o são, no passado ressente, cabos eleitorais do PT, logo, justo pagarem a conta.
ResponderExcluirE aí, petralhas conhecedores do Vacari, abram uma banca de apostas
ResponderExcluironde o jogo é: o Vacari não abre o
bico ou o Vacari abre o bico.
O petralha 19:12 vê que está chegando a sua vez mais não dá bola, diz que tem nervos de aço aguardando até chegar a sua hora,
ResponderExcluirnão adianta fazer suspense.