* José Antônio Giusti Tavares
Cientista Político
Em novembro
de 2001, o Relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito da Assembléia Legislativa do RS sobre a
Segurança Pública, de autoria do Deputado Vieira da Cunha e aprovado por sólida
maioria, indiciou por crime de responsabilidade e improbidade administrativa o
então governador Olívio Dutra e o vice-governador Miguel Rossetto. O Relatório
concluiu ainda pela inelegibilidade do governador e indiciou 45 pessoas, entre
as quais integrantes do governo e da
administração pública estadual, em particular delegados e outros funcionários
da polícia estadual, por diferentes
delitos, todos associados ao mesmo caso.
O libelo
compreendia a associação do governo com jogo do bicho e a conversão da então
Loteria do Estado do Rio Grande do Sul (LOTERGS) em abrigo para o dinheiro da
contravenção, bem como a lavagem do
dinheiro dela recebido pelo PT para a construção da famosa sede partidária,
simulando doações de empresas, em particular a
MARCOPOLO, as quais, negando aquela alegação, denunciaram a fraude.
Ademais, em 2001 o grupo de Carlos Ramos, o Carlinhos Cachoeira, ganhara a
licitação para gerir a LOTERGS, que o governo Olívio revogou após a conclusão
da CPI que passara a denominar-se do jogo do bicho. Mas sob outra denominação
aquele grupo contraventor permaneceu na gestão da loteria estadual até 2004,
quando o contrato que a estabelecera foi rescindido governador Germano Rigotto.
Contudo,
o mais importante entre os denunciados pela CPI
foi Diógenes José Carvalho de Oliveira, por formação de quadrilha,
falsidade ideológica, falso testemunho e estelionato. Diógenes, conhecido como
Diógenes do PT, amigo e associado íntimo de Olívio e de Tarso Genro, fora
fundador e presidente do Clube da Cidadania, em 1998, que funcionava como um
banco para arrecadar contribuições àquele partido.
É quase
impossível sumariar a carreira de Diógenes. Membro do Partido Comunista
Brasileiro, fugiu do Brasil em 1964; passou algum tempo em Cuba onde fez um
curso de terrorismo revolucionário; logo, retornando ao país, ingressou na
Vanguarda Popular Revolucionária e iniciou a sua numerosa carreira homicida, na
qual se destaca por sua brutalidade inumana o assassinato do capitão do
exército norte-americano Charles Chandler, em frente à sua residência diante de
sua esposa e dois filhos. Para executar o capitão Chandler, Diógenes usou a
arma que, durante um assalto Banco Mercantil de São Paulo, arrebatara ao vigia
depois de matá-lo. Mas, confrontado com a CPI, foi tomado por taquicardia e,
retirando-se nervosamente do recinto da Assembléia Legislativa, urinou-se.
Entrevistado à época, o deputado Vieira da Cunha, relator da CPI, afirmou que "não há
como desvincular a figura do Olívio e a do Diógenes; para nós eles estão umbilicalmente
ligados".
A afirmação de Vieira da Cunha contém uma profunda verdade e, em
meu entendimento, aponta para um elemento comum aos dois personagens: a
estranha fé no comunismo auto-destrutivo.
Em sua
gestão como prefeito de Porto Alegre Olívio Dutra foi orientado por Marta
Harnecker, conhecida ideóloga marxista e militante do movimento comunista
latino-americano, que registrou em seu livro Fazendo Caminho ao Caminhar
(Ed.Thesaurus,Brasília,1996), suas conversações com Olívio Dutra, Tarso Genro e
Arno Augustin, concluindo que "o
modo petista de governar é parte da concepção de partido único".