As reclamações sobre ingerência e aparelhamento
provocaram a primeira derrota significativa para o governo em um fundo de
pensão desde que o PT chegou à Presidência da República, informou hoje o jornal Valor. A reportagem a seguir desenha um cenário consistente sobre as disputas pelo controle de fundos bilionários por parte do PT. Leia (o material foi copidescado pelo editor para faciolitar a leitura, mas o texto completo segue em link):
. Uma chapa formada por
auditores da Caixa Econômica Federal, sem vinculação partidária ou com o
movimento sindical, ganhou a disputa para representantes eleitos do Fundo de
Pensão da Caixa (Funcef). A eleição foi realizada no início do mês e seu
resultado, que saiu no dia 9, está sendo explorado em outra disputa de peso: a
escolha dos representantes no fundo de pensão do Banco do Brasil, a Previ,
maior do país.
Na Funcef, o terceiro maior, a oposição conquistou três
vagas para diretores executivos, duas para o conselho deliberativo e uma para o
conselho fiscal. Na Previ, são duas vagas de diretores, três conselheiros
deliberativos e três conselheiros fiscais. Nos dois casos, a participação dá
acesso a informações sobre as estratégias dos fundos e participação na tomada
de decisão. "A Funcef está deficitária em alguns planos e isso
gerou insatisfação", diz o secretário-geral da entidade, Geraldo Aparecido
da Silva. Segundo ele, o discurso da chapa vencedora também foi muito calcado
em críticas ao aparelhamento político. "A realidade da vida vai se
encarregar de mostrar que é uma avaliação equivocada".
. Na Previ, um e-mail que circula entre participantes
comemora o sucesso da estratégia dos auditores da Caixa e diz ser possível
repetir o feito no fundo de pensão do Banco do Brasil. O texto defende o apoio
a grupos "sem vínculo direto com partidos políticos e sem os vícios
permeados nas [nossas] entidades classistas, sindicatos e outras entidades
similares, historicamente 'donas' da situação". "Tenta atrair o
movimento dos sem partido, que também tem representantes entre os
participantes", resume um sindicalista.
Na Previ, a disputa conta com quatro chapas.
. As forças mais tradicionais no fundo estão divididas em
outras três chapas. A Unidade e Segurança é vinculada ao bloco
Contraf/CUT/Construindo Novo Brasil (CNB, antiga Articulação do PT), atual
ocupante das vagas. A chapa Previ Livre, Forte e de Todos é formada por um
grupo ligado ao aposentado Walmir Camilo, ex-presidente da Anabb, uma das
maiores associações de aposentados do BB. Lideranças mais à esquerda no
movimento dos bancários, ligadas ao PSTU e a outras correntes sindicais, formam
a União e Participação.
."A Previ encerrou 2013 com R$ 5 bilhões de superávit.
A chapa com apoio dos sindicatos tem força para defender os interesses dos
participantes contra a patrocinadora", diz José Ricardo Sasseron,
ex-diretor de seguridade, que concorre ao conselho deliberativo pela chapa da
situação.
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