- A reportagem a seguir é de Alexandre Oltramari e foi publicada no dia 16 de abril de 2006. Elas registra as primeiras condenações no âmbito do Mensalão. Tudo ocorreu no RS. Esta publicação é uma homenagem ao jornalista Paulo Santana, de Zero Hora, que acha que o governador Tarso Genro não tem com o que se preocupar com o julgamento atual do STF. Alexandre Oltramari voltaria ao assunto mais tarde, mas com material muito mais explosivo, chamado de Mensalinho Gaúcho, com denúncias feitas pelo ex-tesoureiro da DS, Paulo Salazar, contra os deputados Raul Pont e Bohn Gass. Oltramari foi processado e Veja foram processados e venderam a demanda. Salazar processa os dois deputdos e foi processado por seus acusados, que não tiveram êxito..
Ás vésperas do primeiro aniversário do mensalão, surgiu enfim
a primeira punição judicial do caso. Três dirigentes do PT no Rio Grande do
Sul, com o objetivo de se livrar do processo e deixar de correr o risco de
parar no xilindró, fizeram um acordo com a Justiça: aceitaram doar cestas
básicas a uma instituição de caridade em Porto Alegre. A quantidade de cestas
básicas é que chama atenção: uma por mês, durante cinco meses. E nada mais. No
total, cada réu terá de desembolsar 1.750 reais, divididos em cinco suaves
parcelas de 350 reais. Os três dirigentes são réus confessos. Eles admitiram
que pegaram 1 milhão de reais no valerioduto e disseram ter usado o dinheiro
para pagar despesas de campanha do PT gaúcho. O petista Marcos Fernando
Trindade atuava como "mula" do esquema, carregando dinheiro em malas
entre Belo Horizonte e Porto Alegre. Quando desembarcava na capital gaúcha, o
dinheiro era distribuído pelo ex-presidente do partido, David Stival, e pelo
ex-tesoureiro, Marcelino Pedrinho Pies. Agora, cada um vai pagar um salário
mínimo a uma instituição de caridade durante cinco meses.
A desproporção entre o crime e a punição só não é maior que
o constrangimento que o caso produz para o ministro Tarso Genro, o principal
articulador político do governo, em Brasília. O dinheiro que o valerioduto
canalizou ao PT gaúcho serviu para pagar despesas da campanha de Tarso Genro ao
governo do estado, na qual perdeu a disputa para o atual governador, Germano
Rigotto, do PMDB. Do total de 1 milhão do valerioduto embolsado pelo PT gaúcho,
a maior parte chegou ao estado em malas. Mas 150.000 reais desembarcaram na
arca petista por meio de dois cheques de 75.000 reais, ambos nominais a duas
gráficas, a Impressul e a Comunicação Impressa. Em sua defesa, os acusados
tentaram isentar Tarso Genro.