Entrevista - Gol comprou e liquidou a Webjet para reduzir a oferta e aumentar os preços das passagens aéreas

Onyx Lorenzoni, deputado do DEM do RS

No seu pronunciamento na Câmara, o senhor viu cumplicidade entre a Gol e o governo neste caso da eliminação da Webjet. Como foi isto?
Foram demitidos 850 trabalhadores, mas a Gol reajustou suas tarifas em 200% depois disto. O governo e os órgãos reguladores falharam quando aprovaram a compra da Webjet por parte da Gol.

Por quê?
São cúmplices nas práticas nocivas aos trabalhadores, aos consumidores e à livre concorrência.

Como?
Faltou transparência. A Gol comprou a concorrente para tirá-la da frente.

Com que objetivo?
 A ação da Gol inflacionou o mercado. Com a oferta de bilhetes restrita, as demais empresas reajustaram de forma estratosférica os preços. Um exemplo disso é que uma viagem de Brasília para Fortaleza ou Natal entre os dias 26 de dezembro e 2 de janeiro próximo, trechos de ida e volta, pode passar de R$ 5 mil por passageiro, sem incluir as taxas aeroportuárias, superando os valores de bilhetes internacionais da capital federal para Londres e Paris, entre R$ 4,3 mil e R$ 4,7 mil, e são quase o dobro da média cobrada no trajeto para Buenos Aires, algo que não pode ser creditado ao início da alta temporada de férias, mas sim à exclusão de um concorrente do mercado, no caso a Webjet”.

Foi tudo combinado?
A Operação Porto Seguro, da Polícia Federal, expôs o envolvimento de servidores federais na emissão fraudulenta de pareceres técnicos para beneficiar empresas e empresários, e nos permite perguntar se isso pode explicar a conivência do governo Dilma com a aquisição predatória da Webjet pela Gol.