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Um dia, na vida, quando pensávamos que existia recato, eu queria ser preso.
A quermesse do colégio — trezentos dias de espera, uma noite, uma fogueira e um poço de ansiedade — tinha, entre tantas atrações, uma cadeia.
A cadeia funcionava assim: uma menina pagava um tíquete e mandava prender você. Você fingia desconforto, reclamava com os amigos e, orgulhoso, era conduzido para um cercado feito por cadeiras, só para ficar olhando as rodas de saias e imaginar, sorrindo, quem seria a autora — e os caminhos daquela decisão. Cada tíquete valia 15 minutos. Um homem por quarto de hora.
Alguns anos depois, quando a espera tinha sido substituída …
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