E-mail do autor - bertini.vitor@gmail.com
Não tenho fotos pescando com meu pai, tenho vagas lembranças. Incorporado em minhas memórias, tenho o dia em que ele posou com seus caniços fincados na areia, peixes exibidos em uma das mãos e o braço da outra mão sobre os ombros da minha mãe, então sua namorada. Lembro do cheiro da maresia e sinto espanto na fotografia: a eterna volta daquele momento irrepetível que assimilo como memória; vejo a pose – e sei que sempre que posei não era eu –, e vejo os olhos que viram meus ancestrais.
Tenho memórias de fatos que não vivi. Um dia, perguntada a respeito, mamãe sorriu, largou as flores…
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