Crônica de sexta, Vitor Bertini - A carta do seu João

A placa na porta não deixava dúvidas: Dr. Carlos Sinovial Santos – Delegado de Polícia. 

A principal sala da delegacia tinha duas janelas grandes, uma cortina presa com um laço de pano e era bem iluminada. A escrivaninha era gasta e seu tampo de vidro cobria uma imagem de santa.

Em cima da mesa, enfileirados, um cinzeiro sujo, um caderno espiral fechado, duas canetas e um coldre vazio. Encostadas na parede, três cadeiras. 

Na parede atrás da mesa, solitário, um diploma.

O delegado entrou com um cigarro aceso e não fechou a porta.

– Entre, seu João. Puxe uma cadeira. Aqui, não tem cerimônia..

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