Dona Baltasar, por Vitor Bertini.

Terceira geração a comandar os negócios da família, Marcelo usava suspensórios, falava pouco e era incapaz de um gesto brusco. Nem sempre foi assim.  

Disputar e assumir a presidência da empresa, pagar as dívidas e “recuperar o barco” exigiam outros atributos.

Vem daquela época a lembrança que assombra, até hoje, as reuniões na companhia: 

– Sono un carnivoro! – gritou e repetiu Marcelo, enquanto tirava o cinto das calças e açoitava a mesa, encerrando uma reunião de apresentação de resultados ruins. 

Foi Dona Baltasar, a mais antiga entre as secretárias, quem teve a coragem de entrar na sala de quem parecia alucinado:

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