Fotografia em poder de investigadores reforça a
acusação de que ex-presidente tentou omitir suas relações com diretores da
Petrobras envolvidos em corrupção
O repórter Robson Bonin, Veja, conta a história da foto, a seguir (a publicação é reportagem exclusiva da revista):
A fotografia acima foi tirada quando o maior esquema de
corrupção da história já funcionava a pleno vapor. Lula era o presidente da
República. À sua esquerda, está o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras,
Paulo Roberto Costa. À direita, o diretor de Serviços, Renato Duque. As
investigações da Lava-Jato revelaram que Paulo Roberto recolhia 3% de propina
das empreiteiras que detinham contratos em sua área. Ele repassava uma parte do
dinheiro para o PMDB e o PP e enviava um naco para contas na Suíça. Renato
Duque fazia a mesma coisa, mas tinha apenas um cliente, o PT. Os dois estão
presos. Paulo Roberto assinou o primeiro acordo de delação premiada da
operação, confessou os crimes, revelou o nome de dezenas de políticos que se
locupletavam com o dinheiro roubado e, hoje, cumpre pena em casa. Renato Duque
está preso em Curitiba e tenta fechar um acordo de delação. Condenado a 67 anos
de prisão, ele também já confessou que operava seguindo ordens do PT,
especialmente do ex-presidente Lula, com quem, segundo afirma, teria tratado
diretamente sobre recolhimento e pagamentos de propina. Lula nega. A imagem
acima vai ser usada para reforçar a acusação.
Em depoimento ao juiz Sergio Moro, em maio, o
ex-presidente refutou a afirmação de que pudesse influenciar as ações de
qualquer um dos diretores da estatal. Questionado especificamente sobre
eventuais contatos com Renato Duque e com Paulo Roberto Costa, Lula foi ainda
mais taxativo. “Nos oito anos que fiquei na presidência, a gente não teve uma
reunião com a diretoria da Petrobras”, disse. Na foto, além de Paulo Roberto e
Duque, Lula, usando uma jaqueta de petroleiro, aparece ladeado pelo então
presidente da estatal, José Sergio Gabrielli, o então ministro de Minas e
Energia, Silas Rondeau, e o então diretor de Gás e Energia Ildo Sauer. Com a
exceção de Sauer, que deixou a estatal em 2007 e não é acusado de
irregularidades, todos os outros presentes no encontro tornaram-se personagens
do escândalo de corrupção. Para o Ministério Público, Lula chefiava a
quadrilha, o que ele também nega.