Ignácio de Loyola Brandão usou a expressão “Não verás
país nenhum” para, indiretamente, responder a Stefan Zweig, que falara do
Brasil como o “país do futuro”. Talvez não seja o caso, haja exagero. Somos
muitos a pensar que, na vida, só importam os negócios e negociatas. Nesse
sentido, estão, por certo, abertas imensas possibilidades à nossa nação. Quem
quer que se preocupe seriamente com moralidade pública e virtude cívica terá,
contudo, motivos para dar razão ao romancista brasileiro: não há futuro
promissor à vista.
Sabe-se pela história que a ética é um invento cuja
prática varia, e o sentido é, em geral, visto de modo contraditório. (...)
Capítulo à parte , a corrupção, via as revelações da
chamada Lava Jato, ultrapassou a condição de costume tolerado para
catapultar-se muito rápido a de agenda masoquista de todo um povo, teste de
resistência psíquica da nossa capacidade de conviver com uma podridão política
e empresarial cuja existência jamais foi motivo de dúvida por quem sabe alguma
coisa a respeito do Brasil. (...)
Em resumo, poucos serão condenados; os que forem, o serão
de modo anódino; e os que cumprirem pena não ficarão muito tempo encarcerados,
para o alcance dos crimes que cometeram. Exceto a turma do andar de baixo, os
figurões seguirão suas vidas em alto astral.
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