Alexandrino, ao lado, de pé, costumava acompanhar Lula em suas viagens de caixeiro viajante -
O repórter David Friedlander, informa hoje na Folha que a indústria controlada pela Odebrecht queria garantir
matéria-prima barata da Petrobras, inclusive para o Pólo Petroquímico de Triunfo RS, do qual a própria estatal é sócia. Ou seja, a Braskem pagou propina para seu próprio sócio. Paulo Roberto Costa e Youssef afirmam ter recebido US$ 5
milhões por ano; empresas negam pagamentos. Nem bandido de morro toma dinheiro do sócio da quadrilha.
Os acertos da propina foram feitos em hotéis e na sede da Braskem em SP.
Segundo os delatores, um dos participantes das reuniões sujas é o executivo da Odebrecht, Alexandrino Alencar, que acompanhou Lula e também Tarso Genro em várias viagens internacionais, inclusive a Cuba. Alexandrino Alencar é muito conhecido de personalidades importantes do RS.
Até um mês atrás, a Braskem mantinha queda de braço com a Petrobrás, ameaçando fechar o Pólo do RS. Os governos Tarso e Sartori ajudaram politicamente a empresa de Marcelo Odebrecht (foto ao lado), diante dos apelos da empresa, políticos da região e entidades empresariais.
Odebrecht, envolvida em inúmeras outras denúncias, e Braskem, negam tudo.
Leia tudo:
Dois delatores da Operação Lava Jato afirmaram que a
petroquímica Braskem, controlada pela Odebrecht, pagou propina para comprar
matéria-prima mais barata da Petrobras entre 2006 e 2012.
O doleiro Alberto Youssef disse que, em troca do suposto
favorecimento, a Braskem pagava em média US$ 5 milhões por ano a ele e ao
ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa.
De acordo com o ex-diretor, os depósitos eram feitos no
exterior e se misturavam com recursos depositados pela Odebrecht em suas
contas.As empresas negam ter feito pagamentos ao ex-diretor.
Segundo Costa, que fez acordo para colaborar com a
Justiça para obter pena menor, o valor da propina era combinado em reuniões na
sede da Braskem, em São Paulo, e em hotéis da cidade.
Uma das maiores indústrias do ramo no mundo, a Braskem
tem como maiores acionistas a Odebrecht (38%) e a Petrobras (36%). Fabrica
produtos petroquímicos como o PVC, a partir de matérias-primas como nafta e
propeno, vendidos pela estatal.
A Petrobras vendia esses produtos mais barato no exterior
do que no Brasil, e a Braskem tentava obter da estatal um valor próximo ao do
mercado internacional. Foi nesse cenário, segundo Youssef, que a empresa
procurou o ex-deputado do PP José Janene, morto em 2010, que era padrinho de
Costa na estatal.
Como a gerência responsável pela venda da matéria-prima
era subordinada a Costa, o acerto foi feito, segundo o doleiro. Apesar do que
dizem os depoimentos, a Braskem briga até hoje com a Petrobras por causa do
preço da nafta.
Costa e Youssef disseram que, além deles, participavam
dos encontros em que os acertos eram feitos Janene e o executivo Alexandrino de
Alencar, então na Braskem e hoje no grupo Odebrecht.
Fechada a negociação, o acordo era discutido e
sacramentado numa segunda reunião, esta apenas entre Costa e José Carlos
Grubisich, então presidente da Braskem, ainda de acordo com Youssef.
O doleiro e o ex-diretor da Petrobras disseram que a
propina era sempre paga no exterior. Segundo Youssef, 30% do dinheiro ficava
com Costa e o restante ia para o PP. Ele disse que os recursos eram depositados
em contas administradas lá fora por outros doleiros ligados a ele e depois
dinheiro em espécie era entregue no Brasil para o rateio.
Segundo Youssef, a parte do PP era entregue a Janene e
depois ao então deputado João Pizzolati (PP-SC), em sua residência em Brasília.
A comissão de Costa, por sua vez, era entregue por um
operador do PP. Neste ponto, há uma contradição nos depoimentos dos dois
delatores. Costa negou que houvesse um intermediário na entrega da propina e
disse que recebia sua parte diretamente das empresas no exterior.