Os petistas, agora, não querem buscar culpados para a crise. A ordem é poupar Dilma, o PT, água e energia.

Esperto, o ex-porta-voz de Lula, Ricardo Kotscho, escreve hoje no seu blog uma traiçoeira análise intitulada "Sem chuva e sem governo, agora é o salve-se quem puder", pedindo que ninguém culpe Dilma pela falta de energia e nem Alckmin pela falta de água, mas que cada um trate de economizar. 

O editor recomenda que o leitor salve-se de petralhas como Ricardo Kotscho e seus companheiros mensaleiros e petroleiros do PT.

De qualquer modo, leiam o que escreveu o infiltrado petista:

As chuvas não vieram, os governos sumiram, o ministro das Minas e Energia entregou para Deus, e a mídia, finalmente, de uma hora para outra, descobriu que estamos à beira de um colapso no abastecimento de água e energia nas maiores áreas metropolitanas do país.

Diante dessa situação, não adianta mais nada ficar discutindo de quem é a culpa, se Dilma e Alckmin esconderam a verdade ou mentiram para os eleitores durante a última campanha, se a responsabilidade é municipal, estadual ou federal.


Agora, meus amigos, é o popular salve-se quem puder. Ou assumimos a nossa própria responsabilidade de cidadãos, e passamos a economizar para valer água e luz, onde ainda tem, ou vamos todos para o inferno, e não demora. Não escapa ninguém.

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50 mil ficam sem luz por causa de incêndio em subestação da CEEE em Porto Alegre

Pelo menos 50 mil pessoas ficaram sem luz em função de um incêndio na subestação 12 da CEEE na avenida Senador Tarso Dutra, prolongamento da Carlos Gomes, no bairro Petrópolis. Foi no final da tarde deste domingo.

Os bairros que sofreram cortes de energia foram Petróplis, Bom Jesus, Jardim do Salso, Jardim Botânico e Chácara das Pedras. Não há previsão para volta da energia elétrica nos pontos.


O incêndio começou em um dos transformadores da subestação. Os bombeiros atenderam ao chamados por volta das 17h40. O fogo já foi controlado.

Jornalista argentino que primeiro noticiou a morte do promotor Nisman fugiu para Israel

O jornalista Damian Ezequiel Pachter, que denunciou a morte do promotor Alberto Nisman, publicou em seu Twitter que está a salvo em Tel-Aviv, Israel. “Obrigado a todos. Em breve nos falamos. Dami”, publicou há pouco, neste domingo, segundo notícia da Agência Brasil, de quem é todo o texto a seguir.

Ele deixou a Argentina ontem (24). Pachter, que também é cidadão israelense, divulgou que estava deixando o país, porque se sentia ameaçado.

Por algumas horas, o jornalista foi considerado desaparecido. Ele trabalha no site do jornal Buenos Aires Herald e deixou de se comunicar com os chefes ontem. Com isso, a empresa emitiu comunicado intitulado "Informações sobre Damian Pachter", por meio do qual declarava que, sem prévio aviso, o jornalista havia faltado ao trabalho.

"Nesta situação, o chefe de conteúdo digital fez contato com o jornalista, que lhe informou que visitaria um médico, pois não passava bem”, revelou a empresa. Tempos depois, o editor tentou novamente se comunicar para saber como ele estava. Por meio do aplicativo de mensagens WhatsApp, Damian respondeu que estava bem e que o celular tinha ficado sem bateria.

Novas tentativas foram feitas hoje (25) por telefone, mensagem de texto e WhatsApp. Elas ficaram sem respostas. No fim da tarde de hoje, o jornalista publicou em seu Twitter que estava em Israel.

O caso

O procurador argentino Alberto Nisman foi encontrado morto há uma semana em Buenos Aires.

Nisman acusou a presidenta Cristina Kirchner e o chanceler Héctor Timerman de cobertura à participação do Irã em atentado contra um centro judaico, em 1994, quando um carro-bomba explodiu na porta da Associação Mutual Israelita Argentina (Amia), destruindo o prédio, no centro de Buenos Aires, e matando 85 pessoas.

Encarregado de investigar o caso, Nisman acusou Cristina e Timerman de negociar com o Irã um plano de impunidade para encobrir os acusados, em troca de acordos comerciais. Entre os suspeitos, estão altos funcionários do governo iraniano, com pedido de captura pela Interpol.

O corpo foi encontrado pela mãe do procurador no banheiro do apartamento, no bairro de Puerto Madero, com um revólver calibre 22. A causa e as circunstâncias da morte estão sendo investigadas.

Alberto Nismamr deveria se apresentar dia 19 no Congresso argentino, para explicar a denúncia contra a presidenta. A reunião foi convocada pela oposição

Armínio Fraga, entrevista : "Levy é uma ilha em um mar de mediocridade'

Ao falar para Eliane Cantanhêde, Estadão deste domingo, Armínio Fraga disse que o ministro pouco pode fazer sozinho e ‘vai até um certo ponto’. Leia tudo:

Num estilo mais direto e crítico do que de costume, o ex-vilão da campanha presidencial, Armínio Fraga, disse ao Estado que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, “largou bem, mas é uma ilha de competência em um mar de mediocridade, com honrosas exceções”. Segundo Armínio, que foi presidente do Banco Central no governo FHC e seria o homem da economia num eventual governo de Aécio Neves, “o governo é carregado de incompetência, de ideologia e de corrupção”.

Depois de virar o vilão da história durante a campanha, como o sr. se sente agora? 
Estou me desintoxicando da campanha. Eu não sou vilão e me irritava o baixo nível do debate e aquela verdadeira produção de mentiras e de cenas, tudo muito teatral. Eu dizia uma coisa, eles deturpavam ou tiravam do contexto. Dizia outra, eles deturpavam de novo. Então, foi tudo muito frustrante. E eu não sou desse mundo. 
Que mundo? 
De campanha, de debate político, de confronto parlamentar. Sou uma pessoa engajada, que pensa o Brasil, que pensa política pública, mas não faço política diretamente.
O que o sr. conclui com a experiência? 
Estamos vivendo uma enorme crise de valores e isso é gravíssimo. Nós temos exemplo para todo lado, é mensalão, é petrolão, mentiras na campanha, como se tudo isso fosse muito natural. Não é. 

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Graça Foster vendeu ao BTG metade dos campos nigerianos

Neste artigo publicado nas edição de hoje do Correio do Povo, Porto Alegre, Elio Gaspari denuncia a privataria petista na Petrobrás da África. Leia: Imagine-se a doutora Dilma Rousseff dizendo o seguinte durante a campanha eleitoral:

"Nossos adversários quebraram o país três vezes e venderam para um banco metade da participação da Petrobras em ricos campos de petróleo da África."

Em julho de 2013 a Petrobras vendeu ao banco BTG Pactual metade de suas operações em campos de petróleo de sete países africanos. O coração do negócio estava em dois campos da Nigéria (Akpo e Agbami), dos quais a empresa tira uma produção de 55 mil barris/dia, 60% de todo o petróleo que o Brasil importa, ou 25% do que refina.


Para se ter uma ideia do que isso significa, é uma produção equivalente a 10% do que sairia do pré-sal brasileiro um ano depois, ou quatro vezes o que Eike Batista conseguiu extrair.

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Manifestantes concentram-se na frente do QG do Sul, Porto Alegre, e pedem intervenção militar

A manifestação da foto ao lado ocorreu neste sábado à tarde em Porto Alegre. A foto foi tomada na frente do Comando Militar. O grupo que organizou a passeata que partiu da frente do Comando e seguiu até a Esquina Democrática, foi promovida pela Cruzada pela Liberdade, durou três horas e no auge do movimento reuniu 60 manifestantes, que resolveram protestar contra o governo Dilma e o PT, pedindo que ambos sejam expurgados pelos militares. No vídeo disponibilizado ao final do evento pelo You Tube, os líderes da Cruzada informam que propõem intervenção militar constitucional, baseada no que diz o artigo 142 da Constituição Federal. Os organizadores querem reunir mais gente nas próximas agendas, porque nesta época do ano, verão forte, Porto Alegre está praticamente vazia e nada costuma emocionar as pessoas e a mídia. Eis o que diz o artigo 142: As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem. CLIQUE AQUI para examinar video que explica o sentido da manifestação e o apelo ao artigo 142 da Constituição Federal.

87% dos leitores acham péssimo este início do segundo mandato de Dilma

87% dos leitores acham que é péssimo este início do segundo governo de Dilma Roussef, PT. Houve recorde de comparecimento na enquete disponibilizada no final de semana nesta página. As demais respostas: ótimo, 3%; bom, 0%; regular, 1%; ruim, 6%. Outra enquete já está disponível aí ao lado, à direita. A pergunta é sobre a qualidade da nova formatação deste blog.

Os réus do Petrolão aprenderam a lição deixada por Marcos Valério no Mensalão

Dora Krammer conta na sua coluna deste domingo que a lição deixada pelo publicitário Marcos Valério é de que os governos do PT podem muito, mas não podem tudo. Ela foi absorvida pelos réus do Petrolão, que não protegem mais Lula, Dilma e o PT, acusando-os frontalmente por atos de gorssa corrupção. Leia o que diz a jornalista -  E qual é o argumento? Que os contratos superfaturados da Petrobras foram usados pelo governo federal para sustentar campanhas eleitorais e comprar apoio de parlamentares no Congresso. Acusação fortíssima, mas que precisa ser provada, evidentemente.

O inédito é que uma afirmação dessa gravidade seja feita. Até antes da ocorrência do mensalão, o silêncio era a lei. O prudente calava. Marcos Valério, operador do esquema, calou. Foi condenado a 40 anos de prisão, a maior pena de todos. Ele e a ex-banqueira Kátia Rabelo continuam presos enquanto todos os políticos condenados estão em casa. Restam em regime semiaberto apenas os ex-deputados João Paulo Cunha e Roberto Jefferson.


Conta o ex-ministro do Supremo que durante o julgamento em conversas reservadas os integrantes do tribunal estranhavam o fato de Valério não ter escolhido fazer delação premiada. Concluíram que ele confiava na “palavra de alguém” de que não haveria rigor no desfecho do processo.

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Badesul pagou um mico de R$ 46 milhões por financiar sem garantia real o complexo da Engevix em Charqueadas

No canteiro de obras que a Engevix (Iesa) abandonou em Charqueadas, Os donos da Engevix foram para a cadeia em Curitiba, envolvidos no escândalo de corrupção da Petrobras.  RS, além dos mil trabalhadores demitidos, estão ali toneladas de materiais como chapas de aço e módulos em processo avançado de construção, tudo sendo consumido por falta de manutenção.

. O empréstimo de R$ 46 milhões concedido pelo Badesul com a única garantia da própria planta industrial micou, porque as instalações locais não valem mais nada. A Petrobrás, que mantinha ali o único contrato conseguido pela Iesa, rompeu o negócio. O Badesul não se explica.

A falta de garantias reais por parte do Badesul assombrou o mercado, porque o nível de risco de uma garantia hipotecária não é comparável ao nível de risco de uma fiança bancária. Neste caso, o Badesul seria obrigado a  promover provisionamento para perdas, que agora são certas. Tomar como garantia a fábrica construída com o dinheiro emprestado é muito temerário. Este tipo de empréstimo rebaixa internamente a classificação de qualidade do financiamento.

Foi tudo feito ás pressas no Badesul, porque prevaleceu a vontade política do governador Tarso Genro de viabilizar o seu sonhado Pólo Naval do Jacuí, hoje apenas um monturo de ferros velhos, tudo para ajudar sua campanha à reeleição.

Centrais sindicais protestam pela entrega a estrangeiros do contrato de US$ 800 milhões desativado em Charqueadas, RS

As três principais centrais sindicais - CUT,Força Sindical e CTB - mais a Federação Única dos Trabalhadores, publicaram nota paga nos diários de hoje de Porto Alegre para protestar contra o último processo licitatório da Petrobrás.
Não se trata de denúncia de qualquer caso de corrupção que atinge sistêmicamente a estatal.
É que as centrais sindicais ficaram irritadas porque na última licitação, a Petrobrás encomendou módulos de compressão de gás para navios-plataformas apenas com empresas localizadas no exterior.
A encomenda estava, antes, nas mãos da Engevix, que não conseguiu tocar a encomenda de US$ 800 milhões na fábrica que instalou em Charqueadas, RS.
Na verdade trata-se de um convite, uma das modalidades previstas pela Lei de Licitações.
As centrais avisam que a decisão fere a Política de Conteúdo Local. A nota lembra que graças a esta política, a indústria naval expandiu-se e hoje emprega 82 mil trabalhadores. O temor é de desinvestimentos, como os de Charqueadas, com a consequente demissão de trabalhadores e queda nas receitas tributárias dos entes federados.

A nota defende a Petrobrás, mas em momento algum condena a grossa corrupção que atinge a estatal, envolvendo profundamente sua própria estrutura funcional, porque a corporação tomou conta de todos os cargos, mesmo os de presidente e direção. 

PT poderá censurar, amanhã, a deputada das medalhas

O PT do RS convocou reunião para segunda-feira com o objetivo de discutir o caso da deputada estadual Marisa Fôrmolo, que fez a Assembléia conceder medalhas a 21 familiares, inclusive a maior delas, a Medalha do Mérico Farroupilha, só entregue a personalidades de grande estatura política, econômica, cultura ou social. Em solenidade no parlamento, filhos, irmãos, e até cunhados e genros da deputada foram homenageados. O irmão da deputada, Armando Formolo, chegou a receber a Medalha do Mérito Farroupilha, a principal honraria do parlamento gaúcho. 

. O editor passou a informação em primeira mão, quinta-feira. O caso ganhou repercussão nacional. Folha e O Estado, além de O Globo, abriram matérias destacadas nas suas edições de ontem. 


. De acordo com o presidente estadual do PT, Ary Vanazzi, a executiva tomará uma posição sobre o episódio após reunião na segunda-feira. Vanazzi afirmou que a mais alta honraria do Parlamento precisa considerar a ‘impessoalidade’ dos atos e dos serviços prestados.

Após ganhar favor milionário do governo, empresário doa R$ 17 milhões para campanha de Dilma

Ao lado, para ampliar, clique em cima. Vá primeiro no link ao pé da nota, na capa. Na página da sequência, amplie - Em reportagem de capa que publica neste final de semana, a revista Época revela que no começo de 2013, o empresário Walter Faria, dono da Cervejaria Itaipava, a segunda maior do país, queria expandir seus negócios ao Nordeste, não conseguia dinheiro, até porque estava com a ficha suja em decorrência de autuações do fisco e de prisão por crime federal, mas acabou conseguindo financiamentos absurdos no Banco do Nordeste em troca de financiar com valores milionários a campanha de Dilma Roussef. Uma doação de R$ 12,3 milhões foi feita quatro dias depois da liberação de um empréstimo. Fria e sua Itaipava foram os quatro maiores doadores da campanha da candidata. Leia tudo com atenção:

A primeira parte do plano envolvia a construção de fábricas na região. Ele optou por erguer a primeira em Alagoinhas, na Bahia, em razão de generosos incentivos fiscais. Faltava o dinheiro para a obra, e conseguir crédito não seria uma missão fácil. Faria e seu Grupo Petrópolis, que controla a Itaipava, tinham nome sujo na praça – e uma extensa ficha policial. Deviam R$ 400 milhões à Receita, em impostos atrasados e multas por usar laranjas, além de notas fiscais. Em 2005, Faria fora preso pela Polícia Federal, acusado de sonegação fiscal. Ficou dez dias na carceragem da PF. Três anos depois, em outra operação da PF, Faria acabou denunciado pelo Ministério Público Federal por corrupção ativa, formação de quadrilha e por denúncias caluniosas. Segundo as investigações, Faria armara um esquema para retaliar os fiscais da Receita que haviam autuado sua cervejaria anos antes. Iria difamá-los. Contratara para o serviço ninguém menos que o operador do mensalão, Marcos Valério Fernandes de Souza. A PF encontrou R$ 1 milhão na sede da Itaipava em São Paulo – dinheiro que, segundo a acusação, serviria para pagar chantagistas. Valério foi preso. Mas Faria perseverou.
Diante dessa ficha, qual banco toparia emprestar dinheiro para Faria e suas empresas? O Banco do Nordeste, o BNB, criado no governo de Getúlio Vargas para ajudar no desenvolvimento econômico da região – mas que, desde então, é usado com alarmante frequência para ajudar no desenvolvimento econômico dos políticos que mandam nele. Desde que o PT chegou ao poder, em 2003, o BNB, custeado com R$ 13 bilhões em dinheiro público, vem sendo aparelhado pelo partido. As previsíveis consequências transcorreram com regularidade desde então. Escândalos, escândalos e mais escândalos. O último deles, em 2012, revelado por ÉPOCA, derrubou a cúpula do banco após a PF entrar no caso – e deflagrou uma cascata de investigações dos órgãos oficiais, como a Receita, o Tribunal de Contas da União e o MP. Apesar disso, o aparelhamento petista no BNB perseverou, como Faria perseverara. Ambos perseveraram porque partidos como o PT precisam de empresários como Walter Faria, e empresários como Walter Faria precisam de partidos como o PT.
No segundo mandato de Lula, Faria, segundo fontes do PT e no BNB, tornou-se próximo dos líderes do partido, como o ex-presidente da República e o tesoureiro informal da legenda, João Vaccari. E manteve essas boas relações. Pelas leis da política, a história que se narra a seguir – fundamentada em documentos internos do BNB, relatórios do TCU e entrevistas com os envolvidos – era inevitável. Ainda no começo de 2013, Faria conseguiu obter do BNB um empréstimo de R$ 375 milhões para construir a fábrica na Bahia. Naquele momento, a nova cúpula do BNB, sob o trauma recente do escândalo que derrubara a diretoria anterior, relutava em fazer negócio com Faria. O então presidente do banco, Ary Joel Lanzarin, fez questão de que Faria apresentasse garantias sólidas para o empréstimo. Exigiu uma garantia conhecida como carta-fiança, em que outro banco garante cobrir o valor devido em caso de calote. Para quem empresta, como o BNB, é um ótimo negócio – praticamente zera o risco de calote. Para quem recebe o dinheiro, nem tanto. Uma carta-fiança tem um custo anual, que varia entre 0,5% e 3% do total do empréstimo.

Durante as tratativas, Faria reclamava. Dizia que perderia muito dinheiro com a carta-fiança. Mas capitulou. Ao fim, obteve dois empréstimos, ambos sob as mesmas condições. O de R$ 375 milhões seria destinado à construção da fábrica em Alagoinhas. Outro, fechado depois, em abril de 2014, no valor de R$ 452 milhões, serviria para construir outra fábrica da Itaipava, em Pernambuco. No total, portanto, Faria obteve quase R$ 830 milhões do BNB. Cada empréstimo tinha como principal garantia uma carta-fiança, que cobria integralmente o valor emprestado pelo BNB. Faria teria juros baixos, 11 anos para pagar e dois anos de carência para começar a devolver o dinheiro. Os técnicos do BNB classificaram a operação como segura, em virtude da carta-fiança.

Em conversas com os diretores do BNB, no entanto, Faria não desistia de rever a garantia da carta-fiança. Queria porque queria que o banco abdicasse dela, topando ter como principal garantia as fábricas construídas com o dinheiro emprestado. Faria dizia, nesses encontros, que a exigência da fiança lhe custava o equivalente a 2% do valor dos empréstimos – o equivalente a quase R$ 17 milhões ao ano. Para o BNB, era um pedido aparentemente impossível de atender, como seria para qualquer banco privado. Ainda mais porque, pelo contrato de empréstimo, os juros eram pré-fixados. Ou seja: o BNB não poderia compensar a garantia pior com um aumento nos juros do empréstimo. Segundo as regras do Banco Central e três especialistas de três grandes bancos, se o BNB aceitasse as condições de Faria, teria de rebaixar internamente a classificação de qualidade do empréstimo. Essa medida é obrigatória e forçaria o BNB a reservar dinheiro próprio para pagar ao menos parte da dívida de Faria, caso ele desse calote. No jargão do mercado, isso se chama “provisionamento”. Nenhum banco toparia fazer isso. É um péssimo negócio. “Nunca vi alguém aceitar algo parecido”, diz um economista que trabalha com esse tipo de operação para um grande banco brasileiro.

Mas o impossível é sempre uma possibilidade na política brasileira. Ainda em abril de 2014, Ary Lanzarin, o presidente que tentava moralizar o BNB, deixou o cargo. O PT pressionava para voltar ao comando absoluto do banco. A presidente Dilma Rousseff aceitou. As diretorias do BNB foram entregues novamente a afilhados de políticos petistas, como o ministro da Defesa, Jaques Wagner. Procurado por ÉPOCA, Wagner preferiu não comentar o assunto. O jogo mudara.

Meses depois, no auge da campanha à reeleição de Dilma e dos esforços de arrecadação dos petistas, Faria conseguiu o impossível. No dia 10 de setembro, protocolou o pedido de dispensa da fiança do empréstimo da fábrica na Bahia. Uma semana depois, o pedido foi analisado – numa velocidade espantosa para os padrões de um banco tão lento e burocrático quanto o BNB. Num intervalo de pouco mais de 24 horas, o pedido passou por cinco instâncias do BNB e foi aprovado pelo Conselho de Administração do banco, segundo os documentos obtidos por ÉPOCA. Estava no papel: o BNB aceitara, em tempo recorde, abdicar de uma garantia 100% segura por outras mequetrefes, se comparadas à carta-fiança. De quebra, teve de reservar R$ 3,6 milhões no balanço – o tal “provisionamento” – para cobrir o mau negócio que fechara.

Alguns técnicos do banco não gostaram da solução encontrada. Para demonstrar insatisfação, deixaram claro que a dispensa da fiança não seria inócua para o BNB. Em um documento interno obtido por ÉPOCA, funcionários afirmaram: “O nível de risco atualmente corresponde a 8,75 (AA), quando considerada a fiança bancária. Quando considerada a garantia hipotecária do complexo industrial, passa a ser 6,05 (B)” (leia abaixo). Fica claro que a substituição da fiança só interessava mesmo a Faria. A decisão do BNB também contrariou frontalmente uma das principais cláusulas que permitiram a assinatura do contrato: “Outras instituições financeiras de primeira linha estarão comprometidas com o projeto durante o prazo de 11 anos, visto que a fiança que comporá a garantia da operação terá vigência por todo o período do financiamento”.

No dia 29 de setembro, apenas 12 dias após seu Grupo Petrópolis obter o impossível no BNB, Faria depositou R$ 5 milhões na conta da campanha de Dilma. Até o dia 3 de outubro, a campanha dela receberia outros R$ 12,5 milhões. No total, Faria doou R$ 17,5 milhões. Tornou-se, assim, o quarto maior doador da campanha da presidente. É aproximadamente esse valor que Faria gastaria com as fianças anuais dos dois empréstimos. O pedido para que o segundo empréstimo, o da fábrica em Pernambuco, também seja dispensado da carta-fiança será feito em breve. Segundo fontes na cúpula do BNB, está encaminhado para ser aprovado. 

Procurado por ÉPOCA, o Grupo Petrópolis afirmou, por meio de nota, que a dispensa da fiança gerou economia para a empresa, mas não disse quanto. Afirmou ainda que a fiança foi substituída por outras garantias com “valores até maiores”. Ainda de acordo com a nota, Faria conhece Vaccari, mas negou ter pedido ajuda a ele ou a qualquer pessoa para que a fiança usada no empréstimo do BNB fosse dispensada. Disse, ainda, que todas as doações à campanha da presidente Dilma cumpriram as regras eleitorais. Também por meio de nota, Vaccari disse jamais ter tratado do interesse de qualquer empresa com o BNB. O presidente do BNB, Nelson de Souza, afirmou que a substituição da fiança está prevista nas regras do banco e que nunca esteve com o empresário Walter Faria. Disse, no entanto, que o empresário já esteve com dirigentes do banco para tratar assuntos do interesse dele.



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