CLIQUE AQUI para ler, também, análise de Ricardo Noblat sobre o êxito, até aqui, da reação do governo ao processo de impeachmenbt, sempre com a ajuda do STF e da PGR. -
O título original dete artigo de Fernando Gabeira é "Revólver fumegante, Batom na cueca". Ele foi publicado originalmente no jornal O Globo.
O título original dete artigo de Fernando Gabeira é "Revólver fumegante, Batom na cueca". Ele foi publicado originalmente no jornal O Globo.
Batom na cueca e revólver fumegante são duas imagens que dizem a mesma coisa: uma prova contundente. A imagem brasileira inspira-se na sensualidade, a americana expressa mais uma cultura bélica, tecnológica. O fato é todos entendem que alguma coisa decisiva foi descoberta.
Nos filmes policiais americanos, o revólver fumegante às
vezes aparece num simples detalhe esquadrinhado pelos equipamentos científicos.
Aqui no Brasil também houve um avanço científico na busca de provas. A Operação
Lava-Jato soube recolher e cruzar dados, estabeleceu conexões internacionais. Isso
é novo no país. Mas ao contrário de crimes individuais, ele desvenda uma
organização que se moveu na confluência pantanosa da política e das grandes
empresas. E o faz num período pós-moderno em que ainda tem força a tese de que
as evidências não importam e sim as narrativas. Uma variante apenas da antiga
expressão: os fatos não interessam e sim as suas versões.
Quando um empresário preso por corrupção em obras da
Petrobras afirmou que deu quase dez milhões para a campanha de Dilma, em troca
de negócios na Petrobras, já estávamos diante de algo contundente. Ao aparecer
em suas anotações uma conexão clara entre o dinheiro, o PT e o resgate do
dinheiro da Petrobras, isso configura um batom na cueca. É inevitável que as
contas de Dilma sejam analisadas pelo TSE a partir dessa denúncia. Caberá a
cada ministro decidir se o empresário deu o dinheiro como propina ou
simplesmente pelo amor à democracia.
Da mesma maneira, as contas de Eduardo Cunha na Suíça são
um batom na cueca. Ele foi campeão nas citações dos delatores premiados. Um
deles afirmou que depositou o dinheiro precisamente em sua conta na Suíça. Um
homem sem mandato estaria preso para explicar tudo isso. Mas vamos levando o
faz de conta, todos sabendo que o país foi assaltado e por quem foi assaltado.
Na cultura sensual brasileira, é conhecida a frase de Nelson Rodrigues de que o
homem deve negar sempre um encontro amoroso, mesmo com o batom na cueca.
Isso se estende à política. Na tática Paulo Maluf, por
exemplo: não tenho conta na Suíça e essa assinatura não é minha. E na elaborada
tática petista: não existe nada estranho, exceto o seu olhar nublado pela
ideologia conservadora, elitista etc. Uma medida provisória para isentar a
indústria automobilística em R$ 1,3 bilhões em impostos foi assinada por Lula.
Uma empresa de lobby gastou R$ 36 milhões com propinas para que isto
acontecesse. Desse dinheiro, R$ 2,4 milhão foi pago pela empresa lobista ao
filho do ex-presidente. Isso pra mim é batom na cueca. Sempre se pode dizer que
foram prestadas consultorias de marketing esportivo. Mas qual grande gigante da
indústria gastaria tanto em assessoria de marketing?
Da mesma maneira, no caso do dinheiro de Ricardo Pessoa
para a campanha, o nome da Petrobras está grafado como PB: pode se dizer que PB
quer dizer dizer Paraíba ou pequena burguesia e assim por diante, neste jogo
interminável.
O governo e os partidos que assaltaram a Petrobras não
vão sair ilesos. Mesmo se a Justiça for muito sinuosa, se os ministros amigos
derem uma pequena ajuda, se alguns formadores de opinião torcerem os fatos, a
sociedade já viu, ouviu, leu documentos suficientes para ver o batom na cueca.
Isso não é uma expressão jurídica. É apenas uma
constatação ao alcance de todos, uma imagem popular. Não há como negá-la. Dizer
que não usa cueca, que a mancha veio da lavanderia? Com as contas reprovadas
pelo TCU, o que também é novo no país, o governo ainda tem a campanha sob
investigação: tudo vai desabar no Congresso e seus labirintos. Não importa o
caminho tortuoso das evidências pelas instituições. A sociedade brasileira já
sabe o que aconteceu.
É nessa brecha entre a consciência social e as
instituições, algumas aparelhadas pelo petismo, que mora o perigo. Não é
preciso grandes termômetros para sentir que sobe a temperatura nas ruas. O escritor
moçambicano Mia Couto disse que às vezes pensamos que estamos na nossa cidade,
mas ela nos escapa, vivemos apenas um sonho de estar nela. Nesse caso, pensamos
que vivemos num país mas ele nos escapa como se fôssemos estrangeiros. Os
fatos, o conjunto de leis, tudo isso é relativizado numa esfera longínqua. O
batom na cueca, o revólver fumegante se tornaram tão frequentes quanto um
guarda-chuva esquecido ou o resfriado na virada do tempo. Mas nunca é demais
lembrar que não há nada de errado com nossos olhos: a paisagem é moralmente
desoladora. Daí a irritação das pessoas que insultam petistas nos lugares
públicos. Gritam ladrões, mas no fundo deveriam pedir que lhes devolva um
Brasil inteligível, um país em que os fatos evidentes tenham consequência.
No sua dramaticidade cívica, o hino diz: ou ficar a
pátria livre ou morrer pelo Brasil. De fato, o dilema agora é impor a realidade
ou viver num outro Brasil, esse estranho país em que os fatos ainda são
atropelados pelas versões do poder.
*** * *Fernando Gabeira*- é escritor, jornalista e
ex-deputado federal pelo Rio de Janeiro. Atualmente na Globo News, onde produz
semanalmente reportagens sobre temas especiais, por ele próprio filmadas (no ar
aos domingos, 18h30, e em reprises na programação). Foi candidato ao Governo do
Rio de Janeiro nas últimas eleições. Articulista para, entre outros veículos, O
Estado de S. Paulo e O Globo, onde escreve aos domingos. Seu blog é
no www.gabeira.com.br
O grande problema disto tudo é que a cueca é o STF e o STF não tem nada de jurídico, é apenas uma extensão da vontade escusa de Lulla.
ResponderExcluirQUEM VAI SALVAR O BRASIL E O SEU POVO! OS QUE TÊM O PODER PARA MUDAR OS RUMOS DESTE PAÍS ESTÃO ENVOLVIDOS EM CORRUPÇÃO OU FORAM COOPTADOS IDEOLOGICAMENTE PELO GOVERNO. AS INSTITUIÇÕES ESTÃO CONTAMINADAS. ESTAMOS PERDIDOS E SEM SAÍDA. NEM UMA NOVA ELEIÇÃO RESOLVERÁ O CAOS POLÍTICO, ECONÔMICO, SOCIAL, MORAL E ÉTICO QUE O PT INTRODUZIU NA SOCIEDADE. O MORIBUNDO NO LEITO DA MORTE AGARRA-SE A DEUS. ESSA É, TAMBÉM, A ÚNICA ESPERANÇA PARA NÓS BRASILEIROS.
ResponderExcluirO STF tem que ser EXTINTO, é um covil, um antro,um prostibulo, é qualquer coisa QUE NÃO PRESTA.
ResponderExcluirVermelho Portal
ResponderExcluirO segredo de Fernando Gabeira......
Fernando Gabeira é um mestre em marketing pessoal. Mesmo tendo uma participação apenas “circunstancial e secundária” no famoso sequestro do embaixador Charles Elbrick, escreveu um livro ao voltar do exílio, “O que é isso, companheiro”, onde exagera em muito a sua participação para usufruir da mística de “guerrilheiro”, coisa que na prática nunca foi.
Em 1979 chamou a atenção por andar de sunga de crochê na praia de Ipanema. Em 1986, quando o Partido dos Trabalhadores era uma novidade que atraia uma juventude neófita em democracia, Gabeira foi candidato pelo PT ao governo do Rio. Saiu do PT para fundar o PV, aproveitando o auge do discurso "ecológico". Saiu do PV em 2002 e voltou ao PT, onde ficou apenas um ano, tempo bastante para se eleger deputado federal na onda que embalou a vitória de Lula, abandonar o partido que o elegeu e voltar ao PV, levando o mandato, é claro. E depois? Perguntará o leitor ansioso. Saiu do PV de novo. Durante esta legislatura, Gabeira usou (em 2004) R$ 20 mil para contratar uma empresa de sua mulher para prestar serviço em seu gabinete. Também deu passagens do mandato, pagas com o dinheiro público, para a filha surfar no exterior. Quando o fato veio à tona, candidamente admitiu “não ter refletido sobre o dilema ético”.
Gabeira, um sujeito moderno: Gabeira considera que o socialismo, “foi um fracasso”. Em 2010, apoiou José Serra para presidente. Mas sempre mantendo em torno de si mesmo a aura de um sujeito “moderno”, defensor de uma “nova política”. No entanto, confunde o público com o privado e entra e saí de partidos, como vimos, como qualquer outro velho espertalhão do parlamento. Em artigo publicado nesta sexta-feira (10), no jornal O Estado de S. Paulo, intitulado “Bye Bye Dilma”, o articulista, que agora nutre um ódio visceral pelo PT, afirma que “uma esquerda no governo não poderia comprometer-se a fundo com Cuba e Venezuela. Ainda que admirasse os dois modelos, o que é um alto grau de miopia (...) uma esquerda no governo deveria abster-se de levar o capitalismo a um outro sistema, mas, sim, tirar o melhor proveito de suas potencialidades”.
Gabeira e Bolsonaro: Argumentos como estes, provavelmente até com uma redação melhor, encontramos em qualquer anticomunista raivoso que enxerga no Governo Dilma uma conjuração do bolivarianismo que estaria conduzindo o Brasil rumo ao socialismo do século 21 (quem dera). Perguntem a Gabeira qual era o objetivo dos que lutaram contra a ditadura. A resposta que ele já deu dezenas de vezes define tudo, segundo ele a resistência queria “substituir uma ditadura por outra”. Esta é a mesma resposta que o Bolsonaro daria. (...)