A pergunta crucial continua no ar: admitindo-se que Dilma
queira permanecer na Presidência até 2018, o que ela tem a oferecer? Candidata,
anunciou: “Governo novo, ideias novas.” Reeleita, preside há oito meses e meio
o que Cazuza chamaria de um museu de grandes novidades. Considerando-se as
vísceras expostas pela Lava Jato, sua piscina está cheia de ratos. Considerando-se
o enredo vencido, suas ideias não correspondem aos fatos. E o tempo não pára.
Nesta segunda-feira, depois de um final de semana de
intensas reuniões ministeriais, o governo respira uma atmosfera de reestreia.
Numa tentativa de evitar que a retirem de cartaz, Dilma leva ao palco uma peça
encenada em dois atos. Num, cortam-se gastos públicos. Noutro, a mão grande do
Estado avança sobre o seu bolso.
Dilma vive a ilusão de que, manuseando a tesoura e sua
carteira, conseguirá inaugurar um novo ciclo —uma espécie de pós-Dilma com ela
mesma no comando. A presidente finge não notar o estilhaçamento de sua imagem e
o ceticismo da plateia.
A pergunta continua pairando no ar: quais são as ideias
novas de Dilma para corrigir o estrago produzido na economia pela própria
Dilma? Cortes e impostos? Se isso é tudo o que madame oferece, talvez não
consiga deter a marcha do impeachment. Pior: sem um complemento que adicione à
mistura a perspectiva de prosperidade, o cortejo fúnebre pode ser acelerado.
O PT não se dispõe a pegar em lanças pelo ajuste fiscal.
O PMDB aduba a vice-presidência de Michel Temer como um cipreste à beira do
túmulo. E discursa contra o aumento de impostos.
Os movimentos sociais ameaçam desembarcar se Joaquim Levy
for prestigiado. O empresariado cogita saltar do barco se Levy não for
cacifado. E Levy dá expediente com um olho no cofre e outro nos colegas Aloizio
Mercadante e Nelson Barbosa. Já esclareceu internamente que vai embora se
continuarem puxando-lhe o tapete.
Entre as atribuições de um presidente da República está a
de administrar as divergências em sua equipe. O problema de Dilma é que ela não
consegue administrar nem suas próprias contradições. Move-se por pressão, não
por convicção. Por isso é que as pessoas olham para o seu governo e pecebem bem
cedo que já é muito tarde. O tempo não pára. Já passou.
Essa mulher se revelou uma grande mala sem alça; parece aquele bêbado chato no bar, que tomou todas, ninguém mais atura, mas que não se resolve a ir embora pra casa.
ResponderExcluirLevy vai embora? Que maravilha !! Vamos torcer para que o Mercadante continue a lhe passar rasteira; com sorte o Brasil se livra dos dois.
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