Nesta reportagem assinada pelo jornalista Guilherme Daroit, o Jornal do Comércio de hoje demonstra por que razão na mira da privatização, a Cesa armazena dívidas gigantescas. Até 2014, a empresa acumulava R$ 519,2 milhões em
prejuízos
O caso da Cesa, como também de uma dezena de outras estatais, fundações e órgãos do governo gaúcho, são de puro e simples desmonte ou de privatização, porque sugam dinheiro bom do contribuinte, retirando recursos para custeio das atividades em educação, saúde e segurança.
A reportagem é consistgente, recheada de boas informações e bons números.
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Criada em 1952 para prestar serviços de armazenagem aos
produtores gaúchos, a Companhia Estadual de Silos e Armazéns (Cesa) estoca,
hoje, mais dívidas do que grãos. Até o fim de 2014, data-base do último balanço
oficial, a empresa acumulava R$ 519,2 milhões em prejuízos. Pior, apresentava
um patrimônio líquido negativo de R$ 257,8 milhões ? ou seja, mesmo que
revertesse todos os seus ativos (como prédios, terrenos e créditos a receber)
em capital, ainda lhe faltaria uma soma vultuosa para "zerar" as
dívidas.
"Salvo algum fato novo que possa reverter a situação
financeira, a companhia está completamente inviável", conclui, após
análise do balanço, o contador e diretor-financeiro do Sescon-RS, Mauricio
Gatti. A avaliação segue em linha com a última auditoria de acompanhamento da
gestão da Cesa feita pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE-RS), também
referente ao ano fiscal de 2014. No documento, ainda em tempo legal de defesa
da empresa e disponível ao público pela Lei de Acesso à Informação, os
auditores afirmam que, se fosse privada, a Cesa já teria tido sua falência
declarada há muitos anos.
Para quem se depara com essas informações, não chega a
causar surpresa que a Cesa esteja, hoje, no olho do furacão do ajuste fiscal proposto
pelo governo estadual. Depois de muita especulação sobre o futuro da empresa, o
governador José Ivo Sartori incluiu, no terceiro pacote apresentado no início
do mês, o encaminhamento de projeto à Assembleia Legislativa para que seja
retirada a exigência de plebiscito para a venda ou extinção da companhia,
condição que a Cesa compartilha na Constituição Estadual com outras estatais
como CEEE, Corsan, Banrisul, Sulgás, Procergs e CRM.
A avaliação, porém, não é tão simples e nem consensual
entre as partes envolvidas com a empresa. Um dos motivos apontados é que, desde
2011, a Cesa dá lucro, quando levado em conta apenas a sua operação. No ano
passado, por exemplo, apenas com a atividade-fim, a empresa teria dado lucro de
R$ 2,1 milhões. Em 2013, teria sido ainda maior, de R$ 5,8 milhões. "Se
levássemos em conta só o ano de 2015, teríamos de novo um resultado
satisfatório. Mas temos que fazer esse encontro de contas com o passado",
lamenta o atual diretor-presidente da Cesa, o ex-prefeito de Tupandi, Carlos
Kercher.
A herança é mesmo pesada: a companhia tem um passivo que
passa dos R$ 422 milhões, valor que levaria muitos anos a ser pago apenas com o
lucro da armazenagem. A empresa, entretanto, contesta os números, e está em
processo de contratação para uma nova auditoria contábil. "Precisamos
modernizar esses números e adequá-los à realidade da Cesa", afirma o
diretor administrativo financeiro, o ex-deputado Francisco Appio. Com
atualização nos valores dos patrimônios físicos da empresa, que estariam defasados,
e acordos ou decisões sobre os débitos em andamento, a diretoria acredita
conseguir reduzir o passivo para menos da metade já no balanço de 2015.
Outras medidas, como a redução de horas-extras e de uso
de táxis, cortes de energia nas unidades desativadas e revisão em contratos de
terceirizadas também estariam sendo realizadas para estancar o sangramento.
Como exemplo, a atual gestão cita que, em 2014, apenas as cinco unidades
inativas (Passo Fundo, Estação, Santa Bárbara do Sul, Nova Prata e Caxias do
Sul) custaram cerca de R$ 1 milhão em manutenção e vigilância armada e, mesmo
assim, não restou nenhum equipamento de valor nelas, todos furtados ao longo do
tempo, um símbolo do descaso que marca a história da Cesa e complica, agora,
seu futuro.
Mesmo com a venda, grande parte do passivo seguiria com o
governo
Uma das principais críticas à tentativa de venda ou
extinção da Cesa é a de que, mesmo que isso ocorra, boa parte das obrigações
que hoje causam problema em sua contabilidade continuaria. Segundo o Sindicato
dos Auxiliares de Administração de Armazéns Gerais no Estado (Sagers), 71,17%
das dívidas da empresa são, na verdade, de responsabilidade do Executivo, e não
da estatal. "A Cesa, mais uma vez, é colocada como patinho feio. Acabando
com ela, o passivo seguiria e, pior, sem a receita que entra atualmente",
argumenta o presidente da entidade, Lourival Pereira.
Entre os débitos, estão, por exemplo, empréstimos que
teriam sido feitos ao longo do tempo pelo governo do Estado junto à Fundação
Silius, que é o fundo de pensão dos funcionários da Cesa, e que tornou-se
passivo da estatal. A dívida, que já gerou duas intervenções federais na
Silius, foi parcelada em 228 parcelas mensais que só acabam em 2021.
Outra reclamação é direcionada à informação de que o
governo precisa repassar valores mensais à Cesa para pagamento de folha,
rebatida até pela própria empresa. "Não pegamos um centavo do Executivo
para custeio", defende o diretor administrativo e financeiro, Francisco
Appio, remontando ao lucro operacional da companhia. Os repasses mensais de R$
2,5 milhões, atrasados nos últimos meses, seriam utilizados para, além do
pagamento à Silius, quitar parcelas de refinanciamento de dívidas com a Receita
Federal e o pagamento dos proventos de 82 ex-autárquicos.
Essa folha paralela, que custou, em julho, R$ 714 mil,
também não sumiria do passivo do Executivo enquanto os beneficiados forem
vivos. São servidores aposentados, efetivados antes da transformação da então
autarquia em empresa de economia mista, em 1970. "Na lógica, ali deveriam
ter sido realocados para outros órgãos no Estado, mas optaram por deixar o
pessoal na Cesa e fazer esse repasse, já que mantiveram seus direitos",
comenta o ex-presidente da estatal até 2014, o vereador de São Jerônimo, Márcio
Pilger.
A forma com que esse repasse é feito, aliás, também infla
o passivo da companhia. Como não são exatamente empréstimos, a verba é,
legalmente, classificada como "adiantamento para aumento de capital",
totalizando mais de R$ 176,8 milhões até o fim do ano passado. Para que saia do
passivo, basta o acionista majoritário (o governo estadual, detentor de 99,93%
das ações) aprovar o tal aumento em assembleia. "Hoje, a despesa é
duplicada no balanço, pois constam os débitos reais e mais os repasses do Estado
utilizados para pagar esses débitos", argumenta Appio, que classifica como
"fantasia" esse tipo de classificação.
Em caso de alienação, o atual quadro de funcionários
dificilmente seria empecilho. Além de 89 contratos emergenciais até novembro,
os demais 58 servidores efetivados são regidos pela CLT, com aposentadoria pelo
INSS. "Nosso problema hoje é a falta de pessoal", agrega Appio, que
conta existirem filiais da Cesa com um ou dois funcionários apenas.
Enxugamento é uma das apostas para curto e médio prazo
A Casa Civil e a Secretaria Geral de Governo não
responderam aos pedidos de entrevista. Mas, de qualquer forma, se o governo
estadual está contando com a venda total da Cesa, esse tipo de ação não seria
para agora. Além da aprovação pelos deputados, o processo ainda dependeria de
avaliações, editais e, claro, da existência de algum interessado. E, mesmo que
houvesse um, o passivo dificilmente passaria ao novo dono. O supervisor das
contas estaduais no TCE, Claiton Paim Moreira, lembra do que aconteceu com a
venda de parte da CEEE. "Todas as empresas fatiadas foram privatizadas
limpas, e o passivo ficou para a estatal", exemplifica.
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Mais um lixo estatal. Se fosse uma empresa privada não duraria 3 horas.
ResponderExcluirVai acabar caindo nas mãos dos chineses, são eles mesmos que compram nossos grãos.
ResponderExcluirSerá só a Cesa Políbio não Esqueça da FDRH (Fundação de RH), FEE, Metroplan, Corag, Sartori precisa dar um jeito nestas, além destas estarem recebendo em dia, reposição de inflação, vale refeição polpudo, fgts, plano de saúde,..................
ResponderExcluirCESA- um órgão destinado só ao armazenamento de produtos com déficits crescente é pura incompetência.
ResponderExcluirOutra é a LAFERGS, que sequer pesquisa algo, apenas suporte de CCs, CUSTA 10 MILHÕES POR ANO e que não produz um único medicamento desde 2003! Vergonha o comunismo gaúcho, o interior trabalha, produz safras recordes e nunca chega para pagar os soviets de POA!!!
ResponderExcluirPolíbio,
ResponderExcluirQue dureza, não conseguimos nem vender este elefante branco.
Lucrinho mereca e dívida monstro. Fecha esta mer.. que não faz falta nenhuma. Conheço o interior do RS.
JulioK
Essa CESA é um cabidão de empregos. Vejamos: Diretor-Presidente um ex-prefeito de Tupandi; Diretor Administ/financeiro, um ex-deputado federal que não se elegeu deputado estadual; Ex-Presidente, ex-Vereador de São Jerônimo e até um Sindicalista metido no meio da empresa e não querendo que vendam a CESA, claro, ele vai querer perder a contribuição sindical dos empregados.....SARTORIIIIIII, vende a CESA, imediatamente, e manda essa turma de incompetentes, achacadores do dinheiro público e "BAGRINHOS" dos partidos políticos para casa. Essa turma não se elege para nenhum cargo e depois se grudam, quem nem "craca", nos órgãos do governo.....fora seus malandros.......Até o Appio que é aposentado do Banco do Brasil continua com uma boa teta do governo.....Pobre povo....
ResponderExcluirBom dia Políbio...vi um comentário de um anônimo dizendo que tem outras estatais também...só que este cidadão não sabe nada de nada..a FDRH por exemplo,é uma fundação que SEMPRE TEVE E TEM recursos próprios,não depende da fazenda...ela administra mais de 15 mil estagiários de órgãos públicos e algumas prefeituras e faz concursos públicos,entre eles o do BANRISUL este ano...ao contrário das outras a FDRH gera dinheiro ao estado....as pessoas falam o que não sabem,vão na onda...fechar a FDRH é pura sacanagem,é terrorismo..
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