Artigo, Astor Wartchow - O deboche e "extrativismo" das corporações(Caso Auxilio Moradia para o Judiciário)

O extraordinário romancista austríaco Stefan Zweig (1881-1942) tinha uma sincera afeição pelo Brasil, país que o acolhera em suas andanças finais, fugindo do domínio e ascensão nazista.
       
Motivado pela boa receptividade e ambiente fraterno, cunhou a célebre frase “Brasil, o país do futuro”, titulo do respectivo livro. Mais tarde, profundamente deprimidos com a questão do nazismo, o massacre humano e a destruição da Europa, Zweig e esposa se suicidam.
       
Os irônicos afirmam que a razão do suicídio teria sido a frustrante frase acerca do Brasil. Com certeza, não foi isso. Porém, se hoje vivo estivesse, Zweig teria, de fato, outra e profunda decepção, qual seja, seu equivocado prognóstico sobre o futuro do Brasil.
       
Não bastassem nossos miseráveis indicadores sociais, baixíssimo crescimento econômico, escolarização e educação precária, violência generalizada e crescente, corrupção sistêmica e sistematizada, líderes mentirosos e fanfarrões, aprofunda-se sem nenhum pudor o saque e o extrativismo classista.
       
Concomitantemente, esvaem-se a função e a credibilidade das instituições nacionais. Os poderes públicos e suas fontes de receitas são manipulados e sugados no limite das possibilidades pelas corporações. Igualmente inúmeros setores privados econômico-financeiros parasitam o entorno. 
       
A simpática e romântica retórica da supremacia do interesse público não resiste a tentação e o apetite da voracidade do individualismo e do poder das corporações.
       
A preconizada independência e harmonia dos três poderes de Estado não se confirma na prática e se revelam surpreendentemente subservientes, adesistas e combinadamente parasitários. Um atuante e interminável mutualismo predatório.
       
O refrão demagógico e ilusionista do “nunca dantes”, que originariamente tivera uma pretensão positiva, viu-se transformado atualmente no refrão do desastre ético-comportamental que a nação vivencia.
       
O exemplo mais recente do ânimo parasitário e extrativista foi a decisão que estendeu ao Poder Judiciário (que tem salários entre R$30.471,11 e R$ 21.101,25!) o direito retroativo a auxilio refeição (R$799,00) e auxílio-moradia (R$4.377,73).

      
Um deboche absoluto. O “país do futuro” insiste em permanecer no passado! 

6 comentários:

  1. Políbio,

    Infelizmente, ainda vivemos com nos tempos da chegada da "Corte de Portugal" no Brasil.

    Estudando um pouquinho, vemos que nossas mazelas são herança deste período.

    As prática de "assalto" começaram com a chegada de Don João VI.

    Os "nobres" portugueses vivem, até hoje, sugando o estado Brasileiro.

    Com algumas honrosas exceções, os SOBRENOMES que dominam o Brasil são de origem PORTUGUESA!!

    JulioK

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  2. As corporações jurídicas assaltaram os cofres públicos sem qualquer pejo ou pudor.

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  3. Que equilíbrio de consciência e legitimidade moral tem o homem que sentencia, que além do alto salário, espreita em sua conta bancária o tilintar de mais moedas públicas que, ironicamente, lhe refazem o estômago e lhe garantem o teto em que se espreguiça todas as manhãs?

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  4. Até bem pouco tempo atrás, os togados do poder judiciário, não sugeriram, mas deram a entender que não queriam mais serem confundidos com "juízes" que eram apenas assopradores de apitos nas pugnas futebolísticas. A partir de então, toda a cronica, passou a denominar de árbitros os juízes do futebol. Depois do auxilio moradia, do auxilio alimentação, do auxilio estudo para filhos, sem a supressão da quota até então existente para filhos exercerem funções no judiciário, acho que os árbitros de futebol é que deveriam protestar cada vez que a cronica esportiva os chamasse de juízes e informar que continuam a aceitar, em razão do salario que recebem que a torcida que representa o povo deste estado os qualifique como ..... da confiança e de fdp a cada julgamento, ou assoprada de apito. Como Deus não joga mas julga espero que ele decida se este comportamento do judiciário foi penalty ou não...

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  5. Quando é que vai terminar o Baile da Ilha Fiscal?

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