Falta de vagas expulsa trabalhadores de Rio Grande. Pólo Naval mergulhou em crise aberta. Petrolão abala a economia do RS.

A foto ao lado é de Marcus Maciel, "O Globo" - 


Os repórteres Flávio Ilha, Ramona Ordoñez e Bruno Rosa, assinaram a consistente reportagem a seguir, publicada na edição de domingo de "O Globo". Eles informam que os migrantes já buscam oportunidades em outras regiões.

Leia toda a matéria:

RIO GRANDE (RS) e RIO - No auge da produção de seu polo naval, na década passada, Rio Grande atraiu dez mil operários de fora do estado. Mas o sonho de trabalhadores como o mineiro Milton Guimarães e o baiano Wlisses Michel Gomes de fincar raízes na cidade está chegando ao fim: desempregados, os dois “trecheiros” — como são conhecidos os trabalhadores nômades que percorrem o país em busca de oportunidade em obras — já arrumam as malas para pegar a estrada. Agora, com as famílias.
Desde novembro de 2013, quando as obras da P-58 foram concluídas, o nível de ocupação nos estaleiros de Rio Grande não para de cair. De 24 mil trabalhadores diretos em janeiro daquele ano, o polo naval emprega pouco mais de oito mil hoje, dos quais menos de dois mil são de outros estados. A cidade tem hoje um contingente de três mil desempregados de fora do estado, e de quatro mil que nasceram na cidade.

ALUGUEL MAIS CARO
O último baque foi a conclusão da P-66, em dezembro, que deixou Milton, de 30 anos, e Wlisses, de 37 anos, a ver navios. Na época em que Wlisses “desceu” para o Rio Grande, conseguir um emprego não demorava mais do que duas semanas. Com o aviso de um tio de que estava “jorrando” emprego no polo naval, ele arrumou as trouxas e, um mês depois, trouxe a mulher e os filhos.
Animado com a perspectiva de emprego farto pelos próximos 30 anos, como prometia a propaganda do governo, financiou casa, carro e moto. O operário trabalhou na montagem da P-55 e depois numa fornecedora de peças para a Engevix até ser contratado pela Ecovix para a construção da P-66. Hoje, percebeu que a vida estável que vinha levando era uma ilusão.
— Dizem por aí que vão abrir oportunidades, mas até agora só apareceram dez vagas aqui, outras ali. Antes, abriam 200, 300 num dia só. Vou esperar acabarem as parcelas do seguro-desemprego e, se não aparecer nada até junho, terei que correr trecho de novo. A família, agora, vai junto — disse.
O mineiro Milton, em Rio Grande desde 2013, completa:
— Não queria ir embora. Trouxe a mulher e os filhos, porque achei a cidade boa. Agora, os preços explodiram. Estou pagando R$ 900 de aluguel e até para fazer uns bicos ficou difícil. No fim de março, entrego tudo e vou embora.

FROTA DE VEÍCULOS MAIS QUE DOBROU EM OITO ANOS
O polo naval de Rio Grande, localizada no extremo Sul do estado, a 300 quilômetros de Porto Alegre, apareceu como uma miragem para uma região com a economia estagnada há pelo menos três décadas.
A euforia pode ser resumida em um número: a frota de veículos na cidade mais do que dobrou em oito anos, passando de 42 mil carros e motos em 2006 para 107 mil no ano passado. Mas o empreendimento começou a dar sinais de instabilidade quando as encomendas da Petrobras — o único cliente dos estaleiros da região — começaram a rarear, na esteira da crise provocada pela Operação Lava-Jato.
Logo que terminou a montagem da P-66, a presidente Dilma Rousseff e a então presidente da estatal, Graça Foster, foram a Rio Grande assinar os contratos de construção das plataformas P-75 e P-77 por meio de um consórcio entre Queiroz Galvão, Camargo Correa e Iesa (QGI). A previsão era para que as obras começassem no fim do ano passado, mas as investigações interromperam a transferência de recursos para as empresas e os projetos foram temporariamente suspensos. A Camargo Correa desistiu do negócio e a Inepar, controladora da Iesa, entrou em recuperação judicial. Restou a Queiroz Galvão, que ainda negocia modificações de preço no contrato.
— Mas na Petrobras falar em aditivo de contrato parece um palavrão. Fica impossível executar o projeto — disse uma fonte.
FROTA REDUZIDA
Segundo Benito Gonçalves, presidente do sindicato dos metalúrgicos de Rio Grande, um acordo entre QGI e governo deve sair até o fim de abril:
— Fazer uma nova licitação seria oneroso demais.

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6 comentários:

  1. Políbio,

    Aperta o cinto!!

    - Funcionalismo Público(todas as esferas) vão ter problema salarial e afetará gravemente o Comercio;

    - Dívida da Petrobras explodindo vai asfixiar pagamentos a fornecedores;

    - Pré-Sal indo para o "saco" com petróleo abaixo de US$ 50 afetará novos investimentos;

    - Queda na arrecadação já é realidade;

    - Falta chuva para a soja;

    - Dillma renunciando .....

    JulioK


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  2. Políbio,

    Complementando:

    - ZHora abre a capa listando o atraso nas "obras públicas" por falta de dinheiro.

    - Lembra de JUL2014 quando começou a "historinha" de Novo Aeroporto x Ampliação??

    Empresas demitindo a rodo pelo interior!!

    JulioK

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  3. Era tudo fake. Tudo montado como as cidades cenográficas da globo. Bem feito, para quem não raciocina e cai no conto do bilhete premiado (=eleitores do PTrevas).

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  4. estes desempregados são os denominados idiotas uteis ocidentais tão propagados por lenin.. plantaram agora estão colhendo...

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  5. ERA TUDO FALSO, SÓ QUE OS PETRALHAS NÃO IMAGINARAM QUE IRIA SER DESCOBERTO TÃO CEDO.

    D'AQUI A ALGUNS ANOS IMAGINARAM, MAS DAÍ JÁ SERÍAMOS COMO CUBA, E NÃO DARIA NADA.

    E VEM MAIS COISAS POR AI.

    TODAS AS PREFEITURAS ADMINISTRADAS PELO PT DEVERIAM SOFRER UMA DEVASSA CONTÁBIL. FUNDOS PENSÃO EM PRIMEIRO LUGAR.

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  6. Postei esta reportagem no face e uma amiga que trabalha no SENAI de Rio Grande disse que a reportagem é falsa. Procede o comentário? Eu sei que está em crise, mas divulgar que a matéria é falsa...

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