Nada seria mais danoso às carreiras ligadas ao Direito e
à Justiça do que a unanimidade das opiniões jurídicas. Vale o mesmo para a
imprensa. Nas sociedades livres, a divergência integra o ser social. Não existe
ponto sem contraponto. E é por aí que muitos trabalham. As sociedades
submetidas ao totalitarismo funcionam ao contrário: dissentir, pensar diferente
do rebanho ou de seus pastores, gera consequências que vão dos adjetivos
pejorativos às sentenças de morte. Por isso, a afirmação de que o impeachment
da presidente Dilma constitui demanda ridícula, golpista, sem fundamento
jurídico, não é uma sentença final, irrefutável. É apenas uma das posições
possíveis perante o assunto.
Com apenas 7% da opinião pública a seu favor, a
permanência de Dilma no poder nada tem a ver com democracia, mas com Estado de
Direito. É este que a sustenta contra aquela. Para resolver tais casos, a
Constituição disponibiliza o processo de impeachment. Que tem lei própria. Que
é um instituto de natureza eminentemente política, nem surdo nem mudo, com
motivações éticas e regras claras. Golpe, só não percebe quem não quer, foi
dado ao país antes, durante e depois da eleição. Antes, com governança
irresponsável, com franquias à corrupção, com esbanjamento dos recursos
públicos para fins eleitorais, com negligência no controle dos gastos, com a
ruína da aritmética. Durante, com repetição de despudoradas mistificações, com
ocultação da realidade nacional, com a estratégia serial killer de reputações e
a imputação aos adversários das maldades que o governo viria a cometer. Depois,
no agir como se o dia 27 de outubro nada tivesse a ver com o dia 26. E
transcorresse noutro país, sob outra realidade, perante outro povo. Mas o que é
isso, companheira?
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É a velha história do cachorro que comeu ovelha só matando, confirmada milhões de vezes por todos que lidam com os bixos. Tem também aquela do pau que nasce torto...e muitas outras.
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