Artigo, Henrique Meirelles, Folha - Duro aprendizado

Os mercados, os investidores e o meio empresarial vivem hoje clima de inferno astral, no qual tudo de ruim acontece ou pode acontecer na área política, econômica e social. É uma preocupação que se estende por amplos segmentos da sociedade.
Mas, se as projeções econômicas para 2015 são péssimas e medidas urgentes e eficientes precisam ser tomadas para que os próximos anos sejam melhores, as más notícias embutem ao menos duas boas notícias.
Era inevitável que cedo ou tarde o Brasil sofresse esse experimento chamado "nova matriz econômica", aplicado no primeiro mandato da presidente. Correntes importantes do pensamento econômico, político e até empresarial o defenderam aguerridamente desde os anos 1990.
Mesmo quando o Brasil crescia a taxas elevadas, a inflação estava controlada, o desemprego caía e a classe média aumentava de forma impressionante, éramos atacados com o argumento de que cresceríamos muito mais se essa nova política fosse aplicada.
A primeira boa notícia é que o experimento foi tentado quando o Brasil estava forte. Não gosto nem de imaginar o que teria ocorrido se tivesse sido aplicado em 2003. O Brasil hoje está muito mais preparado para resistir a ele, com 120 milhões de pessoas na classe média e 30 milhões nas classes A e B, mercado financeiro forte, desemprego baixo, empresas sólidas, mais de US$ 370 bilhões em reservas e, apesar da deterioração recente, uma dívida pública ainda aceitável em termos internacionais já que ela caiu muito de 2003 a 2010.
A segunda boa notícia é que essa tentativa, inevitável, fracassou de forma brutal, rápida e acachapante e o remédio contra ela já era conhecido.
A sociedade brasileira está pagando hoje um custo enorme e lamentável, mas ao menos caminhamos na direção certa.
Há ainda grandes obstáculos e riscos, como o de o ajuste ser abandonado quando o país enfrentar as consequências do aperto fiscal e monetário numa economia em recessão ou o de o ajuste se perder dentro da crise política. Neste último caso, outro mal, a concentração de poder excessivo no Executivo, pode fazer um bem: a maior parte do ajuste só depende do próprio governo.
Portanto, as causas fundamentais dos problemas urgentes poderão ser resolvidas se o curso for mantido e conseguirmos passar por esse período dramático, como costumam ser ajustes dessa dimensão.
Podemos voltar a crescer no ano que vem, embora a uma taxa ainda muito baixa. Mas já com um ganho de aprendizado inestimável: o fracasso do experimento inevitável.

Esse aprendizado deve orientar a busca das soluções de longo prazo para a economia brasileira, discutindo não como o país vai sair da crise, mas como vai crescer a taxas mais elevadas e aumentar o padrão de vida da população. 

4 comentários:

  1. Esta fazendo uma leitura do mal que vem pro bem, salientando a parte vazia do copo, porem é uma analise da economia, deixa de fazer um analise do impacto de um governo corrupto e populista e seu efeito em nossas vidas.

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  2. MEIRELLES! És um traíra competente por duas vezes:

    Traíra por ter ficado ao lado dos PTRALHAS;

    Traíra por ter depois saído do governo sem criticar as ações tomadas.

    Agora, com todos sofrendo o Sr. não (vive as custas dos americanos) vem nos consolar, ajudando novamente os PTRALHAS, seu traíra!





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  3. Esse aí comprou as mentiras da dilmá. Vivemos, HOJE, desemprego baixo??? Não são estadistas os que servem a este descalabro de governo, são "bolsistas". Só agem em seu próprio benefício.

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  4. O problema é que os petralhas não apreendem.
    Outro problema é que os empresários brasileiros gostam muito de boquinhas, e o BNDES tá aí para oferecê-las, tão logo a coisa esfrie.

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