Quem faz o errado, não pode nunca esperar resultados
certos. Quanto mais gastamos com segurança pública, mais aumentam os roubos. A
política criminal brasileira é uma das mais equivocadas de todo planeta.
Vejamos:
Os EUA, como vimos em artigo anterior (de 10/2/15),
reduziram pela metade, nos últimos vinte e cinco anos, os assassinatos e os
roubos (ver Erik Eckholm, The New York Times International Wekly -
Folha, 7/2/15). São Paulo, no ano 2000, gastou mais de R$ 5 milhões com
segurança pública e contabilizou 215 mil roubos (registrados - a realidade é
bem pior que isso). Em 2013, gastou mais de R$ 9 milhões e os roubos pularam
para mais de 257 mil. Em 2014, ainda não sabemos quanto foi gasto com segurança
pública: os roubos passaram de 300 mil. No Rio de Janeiro a realidade não é
distinta (veja a tabela acima). Aliás, esse é o retrato do Brasil todo (com uma
ou outra variação).
Por que os EUA alcançaram bons resultados e o Brasil
continua mergulhado no lamaçal da violência epidêmica, ancorada em roubos, estupros,
latrocínios e homicídios (que não param de crescer)?
A ciência política-criminal discorre sobre duas maneiras
de se enfrentar a criminalidade: (a) reativamente e (b) preventivamente. Não
são excludentes, ao contrário, complementares. Mas a prevenção vale muito mais
e custa menos. No cenário internacional, existem dois modelos eficazes de
prevenção: (a) sem prejuízo da repressão, os países escandinavos (Dinamarca,
Suécia, Noruega, Finlândia e Islândia) jogam mais energia na prevenção primária
(raízes socioeconômicas da criminalidade tradicional, fundamentalmente
patrimonial) e menos na prevenção secundária (obstáculos ao cometimento do
delito); (b) os EUA fazem exatamente o contrário (priorizam a prevenção
secundária e gastam bem menos na primária, sem descuidar da
repressão). Vejamos os resultados: aqui
Os 18 países acima selecionados conforme o número de
homicídios e de roubos apresentam a média de 1 assassinato para 100 mil pessoas
(média já atualizada para 2012; em 2011 era 1,1 para cada 100 mil) e 65 roubos
para cada 100 mil. Os EUA (um país extremamente desigual, embora rico) tem taxa
quase quatro vezes maior de assassinatos e o dobro de roubos. No Brasil, a
situação é epidêmica e de descalabro geral: 27,1 assassinatos para cada 100
habitantes (essa taxa pulou para 29, em 2012) e 547 roubos para cada 100 mil
(em 2014, com certeza, essa taxa é muito maior). De outro lado, esses são os
roubos registrados - a realidade total é muito pior. Quem faz o errado não pode
esperar que o resultado seja positivo.
Se investir em segurança isoladamente desse resultado,casa de classe média alta e rica não seriam assaltadas e nem caixas de banco,só dois exemplos.O buraco é mais em cima.
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