Acabo de ver Alive Inside _ A story of music and memory,
filme de 2014 que mostra a tragédia de 1,6 milhão de pessoas confinadas em 16
mil “lares de idosos” nos Estados Unidos.
Poucas pessoas optam por viver nesses lares. O mais comum
são idosas/os que, incapazes de viver com seus recursos, rejeitados pelas
famílias, são coagidos a viver nesses lares.
Uma pessoa arrancada de seu mundo e confinada num mundo
estranho tem suas funções somáticas e psicológicas agravadas. Dessas, a mais
danificada é a memória, desligando a pessoa de seu passado, base de sua
personalidade. Umas retraem-se, caladas, olhos fechados, isolam-se. Outras
revoltam-se, buscam formas de escapar. Medicadas com drogas, se aquietam.
O filme mostra como a música ressuscita esses “mortos” e
pode ajudá-los a voltar a serem velhos normais.
Eu sugiro mais uma razão capaz de explicar o fato. Uma
das pessoas está no lar há oito anos sem visitas dos familiares, retraída. Ao
ser abordada para receber o iPod com suas músicas preferidas, tem a visita que
deve ter sonhado receber nesses oito anos. Além da atenção recebida, pode ouvir
músicas que a levam de volta a um passado feliz e esquecido.
Estou a três meses de completar 90 anos e vivo num sítio
isolado, entre Belém Novo e Lami, na beira do Guaíba, 27 hectares, a maioria
mata nativa. Moram comigo quatro cadelas pastoras alemãs e uma família de caseiros.
Não estou confinado, pois foi minha escolha e sempre que preciso pego o Subaru
e saio. Mas prefiro ficar com os bichos. Aos domingos filhas e netas vêm
almoçar, o que é muito bom.
A morte não me assusta, mas não facilito sua chegada.
Três práticas ajudam a envelhecer sem decrepitude. A alimentação é basicamente
de cereais, frutas e verduras. Diariamente sauna, exercícios físicos e natação
na piscina. E, graças ao celular e à internet, tenho os contatos verbais que as
cadelas não podem dar-me. O lazer é com leituras e filmes na Sky ou na Netflix.
“O segredo de uma boa velhice não é outra coisa que um
pacto honesto com a solidão.” Gabriel García Márquez: Cem Anos de Solidão.
NÃO VI ESTE FILME MAS LENDO ESTE TESTEMUNHO ME ENVERGONHEI, COM 60 ANOS AS VEZES CHEGO A CONCLUSÃO QUE MEU TEMPO JÁ EXPIROU E SINTO VONTADE DE ESTAR COM DEUS.
ResponderExcluirQuem tem grana para viver esse tipo de velhice? São poucos, a maioria vive(?) ou sobrevive mal e porcamente. Parabens voce é um previlegiado.
ResponderExcluirJoel
ResponderExcluirNão discordo sobre o que o Dr. Blaya Peres coloca. Somente acho que o problema de nossos velhinhos são muito mais básicos.
Marcelo Blaya Perez é um reconhecido psiquiatra brasileiro e certamente não tem as limitações financeiras dos 99% dos velhinhos brasileiro.
Se é verdade que dinheiro não compra felicidade, é certo que garante uma vida boa e confortável materialmente até o dia final.
As dificuldades dos nossos anciões são simpless: casa, comida, acompanhamento médico, medicamentos, e neste aspecto o Dr. Blaya Perez não explora pois nada lhe falta.
Também não acho que deva ser uma obrigação integral do estado. Sua obrigação é manter a democracia, a estabilidade e o crescimento econômica e oferecer saúde, educação e segurança de qualidade a todos os contribuintes para quando chegarmos lá tenhamos tudo o que o Dr. Blaya hoje usufrui.