Quem já curtiu o seriado mexicano O Chapolin
Colorado (El Chapulin Colorado), interpretado pelo mesmo ator do “Chavo”
(Chaves no Brasil), lembra com carinho de algumas de suas frases de efeito:
“não contavam com minha astúcia”, “sigam-me os bons” e muitas outras. A minha
preferida era “Não priemos cânico” ou algo parecido. Sempre que as pessoas
estavam em apuros, olhavam canastronamente para a câmera exclamando o bordão:
“Oh, quem poderá nos defender?”. Em seguida, aparecia o Chapolim dizendo
“Eu...” . O resto você pode se deliciar no Youtube.
Agora, falando sério: Quem poderá nos defender?
O STF aparelhado e em vias de tomada plena, o IBGE e o
IPEA não ofertam mais dados e números e sim panfletagens estatísticas
governistas, a Petrobrás, coitada, arrombada e vilipendiada como jamais se
poderia supor em tétricos pesadelos, bem como as agências reguladoras que não
regulam porcaria nenhuma, tudo em estado de miséria, emoldurada por um PIB
apodrecido, uma queda livre da produção industrial de fazer chorar uma cebola,
tudo ao molho de toneladas de corrupção doentia. Some-se a esse drama uma
imprensa amplamente cabresteada pelo PT, uma campanha eleitoral sórdida por
parte do mesmo partido e um sem-número de denúncias de fraudes eleitorais em
todo o país. Quer mais? Pois tem! Que tal os projetos de regulação da mídia e
um plebiscito para formação de uma constituinte exclusiva para uma reforma
política? Que tal as tentativas de destruir o trabalho e a reputação do Juiz
Sérgio Moro, responsável pela operação Lava-jato?
Sério: Quem poderá nos defender?
Eis que o povo vai para as ruas nas principais capitais
brasileiras no primeiro sábado de novembro, indignado, apartidarizado, pedindo
o impeachment da presidente Dilma, uma auditoria do processo eleitoral e outras
providências, dentre as quais uma intervenção militar no país. Apesar de ter
reunido dezenas de milhares de pessoas Brasil afora, nenhuma linha de apoio
sequer foi escrita nos grandes jornais ou faladas pelos microfones de rádio ou
na TV. Nada. O volume de críticas, entretanto, foi avassalador, a ponto de
grandes jornalistas ou articulistas promoverem verdadeiro terrorismo editorial
contra os manifestantes. Alguns veículos foram capazes de identificar em São
Paulo que havia apenas uma pessoa com uma tabuleta pedindo intervenção militar,
mas mesmo assim foram capazes de alegar que a manifestação inteira tinha este
intento.
O que é preciso dizer é que o povo brasileiro anseia, de
fato, é por alguma força de oposição que faça um contraponto às violências
protagonizadas pelo governo federal e pelo PT. O que o povo deste país quer é
que apareça alguém que o defenda. Não precisa ser um Super-Homem nem tampouco o
Exército Brasileiro. Estamos aceitando até mesmo um Chapolin, colorado ou
gremista, pouco importa. Há que se interpretar esta ânsia nacional por uma
libertação, pela “salvação da pátria”. Tem de haver a tradução deste desejo de
justiça e sua relação com as Forças Armadas sem que signifique “golpe” ou
desejo de retorno a uma ditadura de direita. Não é isto que as pessoas querem.
Elas querem ser salvas e as FFAA representam para elas, de alguma forma, esta
salvação derradeira.
Este seria um ótimo tema-de-casa para nossa inteligente
imprensa nacional. A inteligência humana, afinal, serve para isto: entender,
compreender, traduzir e esclarecer uma manifestação em seus aspectos lineares e
multidimensionais. O que se quer é salvação das garras presentes e futuras de
um projeto de poder que não é bom para o Brasil. O que as pessoas bradam nas
ruas é isto: Desejo de paz, prosperidade, liberdade, democracia, paz, paz, paz.
Por incrível que pareça, as Forças Armadas representam isto para os
manifestantes: Paz.