Artigo de Augusto Nunes - Site da Veja - 10 de outubro de 2014Na carta a FHC, Dilma saúda ‘o presidente que contribuiu decisivamente para a consolidação da estabilidade econômica’
Em junho de 2011, às vésperas do 80° aniversário de Fernando Henrique Cardoso, Dilma Rousseff enviou ao ex-presidente a mensagem abaixo reproduzida:
“Em seus 80 anos há muitas características do senhor Fernando Henrique Cardoso a homenagear. O acadêmico inovador, o político habilidoso, o ministro-arquiteto de um plano duradouro de saída da hiperinflação e o presidente que contribuiu decisivamente para a consolidação da estabilidade econômica. Mas quero aqui destacar também o democrata. O espírito do jovem que lutou pelos seus ideais, que perduram até os dias de hoje. Esse espírito, no homem público, traduziu-se na crença do diálogo como força motriz da política e foi essencial para a consolidação da democracia brasileira em seus oito anos de mandato. Fernando Henrique foi o primeiro presidente eleito desde Juscelino Kubitschek a dar posse a um sucessor oposicionista igualmente eleito. Não escondo que nos últimos anos tivemos e mantemos opiniões diferentes, mas, justamente por isso, maior é minha admiração por sua abertura ao confronto franco e respeitoso de ideias. Querido presidente, meus parabéns e um afetuoso abraço!”
Desesperada com as nuvens negras no horizonte do segundo turno, a candidata a mais um mandato agora enxerga um Grande Satã que quebrou o país três vezes onde há apenas três anos havia “o ministro-arquiteto de um plano duradouro de saída da hiperinflação e o presidente que contribuiu decisivamente para a consolidação da estabilidade econômica”. Também acusa de inimigo dos eleitores nordestinos “o homem público que foi essencial para a consolidação da democracia brasileira em seus oito anos de mandato”.
A Dilma da carta de 2011 traduziu o que pensam todos os brasileiros que veem as coisas como as coisas são. A Dilma da discurseira do segundo turno diz o que Lula ordena. É o abraço dos afogados.