Na edição desta semana, VEJA revela um conteúdo que
compõe o núcleo atômico da denúncia. Paulo Roberto liga o esquema corrupto à
eleição de Dilma Rousseff em 2010.
. Costa, como se sabe, era diretor de Abastecimento da
Petrobras. Por sua diretoria, passavam negócios bilionários, como a construção
de refinarias, aluguel de navios e plataformas e manutenção de oleodutos. Ele
chegou ao posto em 2004 — e lá permaneceu até 2012, já no governo Dilma — pelas
mãos do PP, mas foi adotado depois pelo PMDB e pelo PT. As empreiteiras que
negociavam com ele pagavam 3% de comissão, e o dinheiro era distribuído,
depois, a políticos. Sim, Paulo Roberto pegava a sua parte. Só em uma de suas
contas no exterior, há US$ 23 milhões.
. Era íntimo do poder. Lula o tratava por “Paulinho” Paulo
Roberto revelou à Polícia Federal e ao Ministério Público que, em 2010, foi
procurado por Antonio Palocci, um dos coordenadores da campanha de Dilma
Rousseff à Presidência. O ex-ministro da Fazenda, que já tinha sido membro do
Conselho da Petrobras, precisava, com urgência, de R$ 2 milhões. Ele pediu,
segundo o engenheiro, que a quadrilha que traficava com o interesse público lhe
arrumasse a dinheirama. Nota à margem: em 2010, Palocci era um dos três homens
fortes da campanha de Dilma. Os outros dois eram José Eduardo Cardozo, hoje no
Ministério da Justiça, e José Eduardo Dutra, hoje numa diretoria da Petrobras.
Dilma os apelidou de seus “Três Porquinhos”. Palocci, um dos porquinhos, virou
ministro da Casa Civil, mas teve de deixar o cargo porque não conseguiu
explicar como ficou tão rico atuando como… consultor. Adiante.
. Dilma tem feito o diabo para sustentar que não sabia da
casa de horrores em que havia se transformado a Petrobras.
. O dinheiro, afinal, foi parar no caixa dois da campanha
de Dilma
. De acordo com a denúncia, Palocci foi pedir R$ 2 milhões
da cota do PP. Se mais pediu de outras cotas, eis uma possibilidade que tem de
ser investigada.
. Paulo Roberto Costa só poderá ser beneficiado pelo estatuto
da delação premiada se as informações que fornecer forem úteis à investigação.
Se está prestes a sair da cadeia, é sinal de que a apuração está avançando.
. Palocci e Dilma negam qualquer irregularidade e dizem não
saber de nada.